Volume 4

Capítulo 99: Barbola

(Marinheiro A): "Nós podemos ver |Barbola|!"

Nós finalmente chegamos em |Barbola| depois de três dias de nossa partida inicial. Puxa, nós passamos por muita coisa. A viagem foi repleta de altos e baixos, nós fomos atingidos por várias reviravoltas inesperadas a quase todo momento.

Surpreendentemente, hoje ainda era apenas 30 de março, o que significava que nós realmente conseguimos chegar a tempo para o Banquete Lunar.

A primeira coisa que nós fizemos depois de escapar da ira da Serpente de Midgard foi atacar a base dos piratas. Ou seja, nós casualmente navegamos até lá, espancamos eles, e "acabamos nos deparando" com todos os seus tesouros. Eu tenho que dizer, isso valeu a pena. O cofre deles estava cheio de dinheiro, equipamentos, especiarias exóticas e muitos itens que pareciam valiosos feitos de ouro e prata.

Quer saber, tecnicamente falando, o tesouro que "encontramos" não tinha o nome de ninguém escrito, e você sabe, achado não é roubado. Yup, nós realmente não roubamos nada. Nada mesmo. Além disso, não era como se fôssemos os únicos que iriam utilizar o ato de "tropeçar" no tesouro. Países iriam "tirar" itens dos piratas o tempo todo.

Aliás, a metodologia deles era muito mais descarada do que a nossa. Eles até chegariam a criar todo este fingimento em que eles falariam sobre recuperar os itens das pessoas, embora eles sempre acabassem apenas depositando todo o saque dos piratas em suas reservas nacionais.

O Capitão do navio, Rengil, por acaso era um Mercador, então nós fizemos ele analisar todas as coisas que "encontramos". Aparentemente, os itens totalizavam aproximadamente um milhão de Gorudo. Eu pessoalmente pensei que era uma soma absolutamente monumental. Na verdade, eu até tive problemas pensando em toda essa fortuna.

Mesmo assim, isso ainda não era muito em proporção ao que seria necessário para reparar todos os navios piratas. As ferramentas mágicas e itens usados na construção de um navio eram extremamente caros. Cada canhão e sistema de propulsão custariam uma fortuna por si só.

Em condições normais, nós não teríamos direito a nem mesmo a menor parcela da pilhagem, já que Aventureiros estavam tipicamente na mesma categoria que a tripulação do navio quando se tratava deste tipo de coisa. Se eles tivessem sorte, eles receberiam um pequeno bônus, mas isso seria tudo. Supostamente, todo o tesouro que encontramos pertenceria legitimamente para seus descobridores e nossos empregadores. Neste caso, esses dois grupos seriam o Conglomerado Luciel e o grupo do Príncipe, respectivamente.

Contudo, os feitos que nós executamos foram excepcionais. Nós salvamos o navio duas vezes, erradicamos um espião e até protegemos dois membros da Realeza de todas as possíveis ameaças que, de outra forma, iriam assolá-los. Dessa forma, eles decidiram nos dar uma bela parcela do tesouro.

Nós fomos permitidos a escolher pegar o que quiséssemos, assim, na mesma hora, nós reclamamos uma enorme porção das especiarias que os piratas tinham guardado. Muitas das já mencionadas especiarias eram extremamente raras e caras, havia até mesmo algumas que eu nunca tinha visto. Encarando intensamente, eu disse que pegamos o suficiente para fazermos cerca de dez mil porções de curry, o que significava que lucramos pelo menos cem mil Gorudo só com os temperos.

Eles disseram que podíamos ficar com uma parte das joias também, então nós alegremente aceitamos a oferta. Eu realmente não sabia o que era valioso e o que não era, então nós apenas decidimos pegar um par aleatório de baús de tesouro. O primeiro baú que escolhemos tinha um tamanho menor, mas, tanto faz.

O segundo era meio interessante no sentido de que tinha o brasão da Guilda dos Alquimistas gravado nele. Na realidade, nós não verificamos o que estava dentro de nenhum dos dois baús, mas, no mínimo, essa era a parte que mais me animava¹.

Depois de dividirem um pouco da pilhagem conosco, eles foram além e nos pagaram outra soma adicional juntamente com os itens. O grupo do Príncipe era realmente generoso, e, resumindo, nós acabamos com cerca de dois milhões de Gorudo em mãos. Puta merda, a quantidade de dinheiro que tínhamos duplicou por causa deste pequeno serviço.

Ter uma abundância de dinheiro significava que Fran poderia ostentar com qualquer coisa que ela quisesse durante nossa estadia em |Barbola|.

(Flut): "Muitíssimo obrigado por tudo que você fez Fran"

(Satia): "Nós realmente estivemos aos seus cuidados"

Levou dois dias inteiros, mas os gêmeos conseguiram se acalmar. Suas expressões ainda estavam um pouco apreensivas, então eles não se recuperaram por completo, porém, eles ao menos recuperaram seus sorrisos.

(Serid): "Eu ofereço a você minha mais sincera gratidão. Nós certamente teríamos perecido durante nossas viagens se não fosse por sua chegada"

Serid fez o mesmo que os gêmeos e abaixou sua cabeça em uma reverência profunda. Ele surpreendentemente ficou animado conosco depois daquele incidente da [Espada da Verdade]. Aparentemente, ele só nos tratou daquela forma porque ele pensou que nós fôssemos cúmplices de Salrut.

(Serid): "Nós vamos ficar em |Barbola| por aproximadamente uma semana. Nosso local de residência será a mansão do Lorde. Nos faça uma visita se você passar por perto, eu tenho certeza absoluta que ambas Suas Altezas ficarão extremamente contentes em ver você"

(Fran): "Nn. Entendido"

(Serid): "Nós vamos nos certificar de informar o Lorde antes, assim ele saberá das circunstâncias de sua visita"

Eles vão ficar na casa do Lorde local? Bom, eu tenho que admitir. Essa é a Realeza para você.

(Rengil): "Eu também quero te agradecer. A viagem foi realmente dura, eu tenho total certeza que você foi a única responsável por nós não afundarmos"

O Capitão também nos ofereceu seus agradecimentos.

(Fran): "Nn"

(Rengil): "Suas habilidades tornaram esta viagem muito mais lucrativa do que deveria ter sido, então eu estou com uma grande dívida com você. Tenha certeza de visitar o Conglomerado Luciel se você acabar em algum tipo de problema. Nós faremos tudo que pudermos por você"

(Fran): "Não cont..."

(Rengil): "Yeah, eu sei. Meus lábios estão selados, e eu vou me certificar que meus homens sigam o exemplo"

(Serid): "Nosso grupo pensa o mesmo. Eu vou ordenar aos soldados que fiquem em silêncio para evitar que rumores indesejáveis se espalhem"

Toda aquela história da [Espada da Verdade] provavelmente causaria uma comoção se as pessoas acabassem descobrindo sobre isso. Parecia que ela foi considerada realmente valiosa, tanto Serid quanto o Capitão pediram para comprá-la. O primeiro até chegou a oferecer trinta milhões de Gorudo.

Nós acabaríamos com uma grande dor de cabeça se rumores sobre a [Espada da Verdade] se espalhassem, então nós até usamos um pouco de intimidação junto do nosso pedido por sigilo. Felizmente, ambos Serid e o Capitão Rengil foram capazes de manter seus subordinados na linha. Ah, bem, não havia outra escolha além de confiar neles por ora.

Fran trocou um último aperto de mãos com os gêmeos antes de se despedir deles.

Muito bem! Eu já me decidi. Nós vamos nos certificar de aparecer pelo menos uma vez, pelo bem de Fran. Bom, assumindo que eles não vão fechar a porta na nossa cara, é claro.

(Serid): "Não se preocupe com a documentação. Eu vou pessoalmente entregar tudo ao Lorde de |Barbola|"

(Fran): "Obrigado"

A documentação a qual Serid estava se referindo se tratava de nós encontrando um esconderijo de Mercadores de Escravos ilegais. Nós entregamos tudo a ele porque, bem, meio que fazia sentido para ele ficar com isso. Ele não gostava de raidosianos, e tinha poder suficiente para influenciar a maioria dos superiores de |Kranzell|. Literalmente, não poderia haver pessoa melhor para se confiar esta tarefa.

(Fran): "Vou partir agora"

(Flut): "Obrigado, e cuide-se"

(Satia): "Eu espero que nos encontremos de novo no futuro"

(Fran): "Tchau, tchau"


30 minutos se passaram desde que Fran se despediu e saiu do navio.

(Mestre): "Aquele é o lugar que Rengil recomendou"

(Fran): "Parece caro"

(Urushi): "Woof"

(Mestre): "Yeah, supostamente, é um lugar de classe bem alta"

|Barbola| estava realmente movimentada com o iminente festival e suas preparações, então nós estávamos preocupados sobre quanto problema enfrentaríamos para encontrar um local para ficar. Felizmente, o Capitão Rengil tinha mais do que algumas conexões, e assim, ele nos indicou uma estalagem que pertencia a um de seus amigos.

Era um pouco cara, mas, aparentemente, mencionar o nome do Capitão iria nos conceder um desconto. Além disso, nós tínhamos muito dinheiro em mãos, então nós poderíamos nos permitir esbanjar um pouco. A melhor parte na estalagem que nos foi recomendada era o fato de ela permitir familiares, portanto, o pobre Urushi não teria que passar todo o seu tempo se escondendo na sombra de Fran.

(Fran): "Olá"

(Recepcionista): "Bem-vinda"

A estalagem realmente passava o ar de um lugar de alta classe. Ao invés de sermos recebidos pela usual senhora balconista "com belo corpo", nós fomos recebidos por um homem com aparência de almofadinha.

(Fran): "Quarto para uma"

(Recepcionista): "Eu sinto muito, mas nós não temos nenhum quarto disponível no momento"

(Fran): "Nn. Aqui"

Fran mostrou ao homem a moeda com o emblema do Conglomerado Luciel.

(Recepcionista): "Muito bem... posso perguntar o nome da pessoa que te apresentou nosso estabelecimento?"

(Fran): "Capitão Rengil"

(Recepcionista): "Entendo. Por favor, me conceda apenas um momento"

Mostrar a moeda ao homem fez sua atitude mudar subitamente. Aparentemente, eles na verdade ainda tinham um quarto, mas era um que eles recusaram ceder para o público em geral. Eles tipicamente reservavam esses quartos só por precaução, caso seus clientes regulares aparecessem. Afortunadamente, a recomendação do Capitão nos concedeu o direito de usar esse quarto também.

O preço pós-desconto foi de 4.000 Gorudo por noite, e isso incluía ambos o café da manhã e o jantar, mas nada de almoço. Uma noite aqui era literalmente o mesmo preço de dez noites em |Aressa|, mas, tanto faz. Por enquanto, nós decidimos ficar por cinco noites.

(Mestre): "Muito bem, parece que conseguimos um lugar para ficarmos. Nós estamos basicamente livres agora, então, você está com alguma vontade em particular?"

(Fran): "Comida"

(Urushi): "Woof!"

(Mestre): "Claro. Ah, sim, você quer abrir os baús de tesouro que conseguimos como recompensa primeiro? Eu estou um pouco curioso com o que está em seu interior"

(Fran): "Nn. Estava ansiosa com isso"

(Urushi): "Woof!"


Nota

[1] Os japoneses (especialmente os homens) são viciados em apostas por influência dos gachapons de 500 ienes, comuns em jogos online. A maioria dos prêmios desses acabam sendo porcarias. Os termos gashapon, ou gachapon, se referem a um tipo de máquina de venda automática muito popular no Japão que oferecem, em troca de uma ficha, bonecos feitos de plástico PVC, bastante detalhados e, às vezes, montáveis. O nome surgiu de duas onomatopeias em japonês: gacha (giro da alavanca); e pon (o som do brinquedo ao cair). Os bonecos vêm dentro de pequenas cápsulas, muitas vezes também detalhadas e coloridas. Cada máquina é tematizada com personagens (ou monstros) de animes, mangás ou jogos de videogame. O modelo gashapon foi adaptado digitalmente em inúmeros videogames, assim como jogos para celular e MMOs.



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