Volume 7

Capítulo 355: Na estrada com Alistair

A mansão de Alistair ficava a leste da dungeon. Sua carruagem de golem avançou ao longo das montanhas da fronteira.

— Bem, devemos conversar um pouco ao longo do caminho?

— Isso, está tudo bem?

O que preocupava Fran era o assento do motorista. Eram apenas os golems movidos a energia agora. Mesmo que eles se lembrassem do caminho, e se feras demoníacas atacassem?

— Está tudo bem. Existe uma barreira poderosa contra os monstros. E não há ladrão louco o suficiente para atacar minha carruagem. Não, é mais como se eles já tivessem fugido. Kukuku.

Parecia que todo tipo de coisa já havia acontecido antes. Bem, se uma ferreira de nível divino disse que estava tudo bem, então devia estar tudo bem. Além disso, havia Urushi correndo ao nosso lado. Se fosse preciso, ele acabaria com eles.

— Então, antes de mais nada, você gostaria de falar sobre o seu Mestre?

— … hmm.

Fran assentiu e então olhou para Asura. Ela estava se perguntando se ele iria ouvi-las. Então, Alistair pegou uma ferramenta misteriosa de sua bolsa de itens.

Parecia um cabo com cerca de 1 metro de comprimento.

— É um dispositivo de comunicação telepática. Bem, é um produto inacabado que exige que você toque no barbante e que se você estiver a mais de um metro, perderá a comunicação. É uma boa ferramenta para termos uma conversa privada, não concorda?

Fran e Alistair, sentadas lado a lado no assento perto da parede da carruagem, cada uma agarrou a ponta da corda. Eu estava nos braços de Fran e ela enrolou a corda no meu punho. Portanto, o fio mal tinha comprimento suficiente. Entendi, aqueles que usavam esse item precisavam estar muito próximos uns dos outros para que funcionasse.

"E então? Você pode me ouvir?"

"Nn."

"Eu posso te ouvir."

Não havia mais dor da telepatia graças à consideração cuidadosa do efeito do item. Sendo esse o caso, eu poderia ter uma conversa normal. Quer dizer, funcionou bem para mim, uma espada.

"Então, deixe-me perguntar mais uma vez. Eu gostaria de perguntar sobre o próprio Mestre, seu criador e o período de produção."

Decidimos ser honestos ao responder às perguntas feitas. Nós iríamos precisar da ajuda dela para me consertar, e estávamos lidando com uma ferreira divina. Se mentíssemos, acabaríamos sendo descobertos. Além disso, ela poderia descobrir sobre minhas raízes, então decidimos que era melhor não mentir.

Mesmo assim, eu não sabia nada sobre meu criador. Não havia muito que se pudesse dizer sobre isso. Quando eu respondi com honestidade, Alistair disse algo surpreendente:

"Entendo... então o mestre era um humano antes, não era?"

"Vo-você sabia?"

Para minha surpresa, ela já havia descoberto antes que eu pudesse me explicar. Por quê? Será que uma avaliação feita por uma ferreira de nível divino poderia até mostrar que o item era originalmente humano?

"É porque nem mesmo eu poderia criar um espírito espiritual artificial que pudesse atingir o nível de resposta do Mestre. E quando olhei para a forma da alma, não parecia que era algo artificial."

Ao que parecia, ela tinha a habilidade de ver almas, como a habilidade única do Olho da Alma que Jean, o necromante, possuía. Não sabia muito sobre isso, mas imaginei que havia muitas formas de almas.

"Sua alma se parece com uma pessoa e poderia dar respostas como as de um humano. É muito parecida com uma pessoa. Mas tudo faz sentido se você considerar que ela originalmente pertenceu a um humano. Bem, isso me deixa com algumas dúvidas."

"Como o quê?"

"Não sei como colocar a alma de uma pessoa em uma espada. Eu sou uma ferreira divina. Mas não tenho ideia de que tipo de método foi usado."

Era essa a questão mais importante, não era? Quem me colocou na espada? Foi o criador da espada ou foi outra pessoa?

"Espero que, assim que fizermos a análise em minha casa, ela nos forneça mais informações sobre isso. Vamos deixar isso para depois. Sim, estou ansiosa por isso. Kukuku."

Alistair parecia uma pessoa muito sensata, mas o jeito que ela olhou para mim foi um pouco assustador. Era semelhante aos olhos de uma criança ao receber um brinquedo novo.

"Em seguida, quero ouvir sobre o seu encontro com Fran, tudo bem?"

"Ah, sim. Não se preocupe. Vou tentar o meu melhor para me lembrar de tudo."

No entanto, Fran já estava dormindo. Não era de se admirar que eu achasse o local estranhamente quieto. Ela devia estar cansada devido a tudo o que aconteceu.

"Acho que teremos que esperar para ouvir de Fran mais tarde."

"Me desculpe. Vou responder o máximo que puder."

"Bem, é trabalho das crianças dormir. Não há o que fazermos sobre isso. Então vamos começar com o encontro?"

Falei de tudo sem omitir nenhum detalhe. Contei a ela a história de como conheci Fran, e até Alistair ficou surpresa ao ouvir mais da história de como nos conhecemos.

Até mesmo eu achei que era um absurdo, então não a culpei.

Depois disso, continuamos nossas aventuras juntos e viajamos e crescemos depois de visitar vários lugares. Às vezes, nos aventuramos em calabouços, cruzamos os mares e enfim chegamos a esta terra no final de nossa jornada anterior.

Porém, na maior parte do tempo, Alistair mostrou pouco interesse em nossa jornada. Parecia que ela estava mais interessada em saber como eu amadureci e cresci do que nas histórias de aventura. Ela tinha muita curiosidade, mas parecia que se limitava apenas às áreas de seu interesse.

Minha explicação então chegou a parte em que entramos neste continente e lutamos contra as Valquírias. Durante esse intervalo, um incidente sério aconteceu, algo que poderia ter relação com minha mutação.

"Por alguma razão, comecei a sentir dor de vez em quando ao usar minhas habilidades e consumir mana."

"Mesmo sendo uma espada, você pode sentir dor? Isso é interessante. Dói cada vez que você usa uma habilidade?"

"Não, geralmente só sinto dor quando ativo várias técnicas ao mesmo tempo ou quando usei muitas transformações de forma."

Eu não deveria ter nenhuma sensação de dor, mas de alguma forma eu podia sentir isso. Não, não sentia dor e tinha dúvidas se isso realmente me machucou. No entanto, a sensação de dor era o mais próximo que eu poderia relacionar a isso.

"É difícil dizer sem usar algum equipamento para examinar. E eu nunca vi uma espada com dor antes. Contudo, isso pode ter algum efeito sério no Mestre. No futuro, evite fazer qualquer coisa que possa causar dor."

"Entendido."

Havia essa ferramenta para comunicação telepática, então tinha certeza de que poderia lidar com isso por enquanto. Então, expliquei o processo de erradicação do exército de seres malignos e de encontrar Alistair. Não me lembrava onde adquiri todas as habilidades, mas, conforme fui perguntado, consegui responder a tudo e não acho que cometi nenhum erro.

Depois disso, o tempo continuou a passar enquanto discutíamos a sensação de absorver uma pedra mágica, o desejo de se tornar humano e as diferenças entre humanos e espadas ao usar uma habilidade.

Ela estava particularmente interessada na habilidade de absorver pedras mágicas. Ela me perguntou em detalhes quais bestas demoníacas tinham altos valores de pedras mágicas e quais tinham valores baixos.

Essas eram mesmo as perguntas que precisava responder para ela me consertar? Ela não estava apenas colocando sua curiosidade como prioridade?

Mas, basicamente, o valor de pedra mágica de feras demoníacas mais fortes era mais alto, e o valor da pedra mágica de seres malignos era baixo, etc. Eu disse a ela.

E então havia aquela outra coisa, com relação às habilidades de aumento de nível. O sistema de pontos era um sistema do qual Alistair nunca ouviu falar.

"Quanto mais ouço sobre isso, mais intrigada fico."

"Estou honrado por ter uma ferreira divina dizendo isso para mim."

"Quando se trata de poder de combate, temos armas melhores do que o Mestre. Como as espadas divinas. Mas não existem muitas espadas tão misteriosas. Você me surpreendeu, uma ferreira divina. Você deve estar orgulhoso."

Duas horas depois.

Quando acabei de responder a maioria das perguntas de Alistair, a carruagem parou.

— Ó, parece que já chegamos. Bem, o tempo voou tão rápido! Foi um bom passeio! Ei, Fran, acorde.

— … nyu.

— Vamos, seu demônio estúpido, acorde!

Alistair chutou Asura na cabeça ao lado de uma Fran sonolenta que estava esfregando seus olhos. Ei, ei, está tudo bem fazer isso? Mesmo que o dano não parecesse muito, ele devia estar exausto com a demonização da loucura, não devia?

No entanto, os chutes de Alistair não pararam. Só depois que ele foi chutado cinco vezes assim...

— Ah? Onde estou…?

— Você enfim acordou, hein? Seu demônio estúpido.

— Geh! Alistair!

Asura olhou para Alistair e soltou um grito patético.

— O qu-que você está fazendo!?

— Eu pude sentir a magia da espada divina. Para ser mais precisa, havia duas. Então fui ver a situação. Se fosse uma batalha entre duas espadas divinas, seria algo grande demais.

Uma ferreira divina ainda tinha a habilidade de sentir o poder mágico de uma espada divina? E do jeito que ela acabou de falar, essa mulher estava pensando em parar uma batalha entre espadas divinas?

— Se ela quebrasse depois de uma luta, teria a chance de consertá-la!

Ao que tudo indicava, ela era uma pessoa fiel aos seus desejos.



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