Volume 7

Capítulo 354: Ferreira Divina

Enquanto Fran e Alistair conversavam, Mare entrou na conversa:

— Aquela conversa de antes... isso significa que Alistair se encarregará da restauração da espada?

— Sim. Quer dizer, se a garota permitir, vou trabalhar nisso.

— Você deveria permitir que Alistair a consertasse, Fran. Quer dizer, com que frequência você tem esse tipo de sorte?

Mare e Alistair olharam para Fran.

"Mestre? Está tudo bem?"

"... sim, vou deixar isso para você."

Em primeiro lugar, essa mulher me curou e tornou tremendamente fácil para eu usar a habilidade telepática sem sentir nenhuma dor. Eu senti que podia confiar em suas habilidades. Acima de tudo, Mare deu um sinal óbvio de que confiava em Alistair por sua expressão fervorosa que parecia vir do fundo de seu coração.

— Nn, então, por favor.

— Sim, vou cuidar bem dela. Então, o que vocês vão fazer depois disso?

— É... sobre isso...

Mare se virou para olhar para Kiara. Kiara, que conduziu todos até este ponto, estava morta e Mianoa incapacitada. Kuina era apenas uma camareira e Guendalfa ainda era inexperiente. Asura acabou de perder a consciência e Fran também não estava preparada para ser uma líder.

Mare era a única pessoa que poderia manter este grupo unido. Ela deve ter percebido isso quando olhou em volta. Ela se virou devagar, esfregou os olhos vermelhos e ergueu a cabeça.

— Em primeiro lugar, temos que nos certificar de que o mestre deste calabouço está morto. Depois disso, vamos destruir o núcleo.

— Você tem certeza? Não seria um desperdício destruir esta dungeon grande e valiosa?

Kuina perguntou a Mare, que respondeu à pergunta de Alistair. Mas a princesa acenou com a cabeça em afirmação.

— Será apenas mais uma fonte potencial de desastre futuro, especialmente um calabouço que se estendeu entre dois países como este. Se ignorarmos esta dungeon, haveria um conflito entre as nações pela propriedade, já que um calabouço é uma grande fonte de renda.

Bem, mesmo se algum país ganhasse a propriedade desta dungeon, os outros países continuariam desconfiados e ficariam em guarda contra eles. O fato de ter sido usado para a guerra faria com que essa imagem sempre estivesse anexada a ele.

No entanto, os benefícios de ter poder sobre o calabouço eram grandes demais para qualquer uma das partes envolvidas desistir de lutar por sua propriedade. A menos que todos os lados criassem um mecanismo bem definido para a cogovernança, isso sem dúvidas levaria a um conflito em algum ponto.

No entanto, não havia como a Nação dos Homens-Fera e o Reino de Bashar, que já não se davam bem, dessem as mãos e compartilhassem uma generosidade tão extraordinária. O relacionamento deles só pioraria com o passar do tempo. Portanto, destruir a dungeon eliminaria quaisquer problemas futuros pela raiz. Ao que parecia, Mare também pensava assim.

— Como parte da família real, podemos ter que considerar o uso...

— Não, eu concordo com você.

Além disso, considerando a personalidade do Rei das Feras, sentia que ele seria a favor de destruir o calabouço. Eu o imaginava dizendo: — Se vai dar muito trabalho, vamos apenas destruí-lo. — De qualquer forma, Mare parece ter decidido destruí-lo sozinha. Não havia hesitação em seus olhos.

— Eu e a Kuina iremos para as profundezas. Lady Alistair, por favor, leve Fran e os outros e saia primeiro.

— Bem, já que você me mostrou sua espada. Tudo bem. Vou cuidar deles até sairmos daqui. Posso ir direto para minha casa?

— Se não conseguirmos alcançá-los, agradeceríamos se você pudesse.

— O que você vai fazer depois disso?

— Vou levar Kuina e os outros de volta a Greengoat. Tenho muitas coisas que quero descobrir e pesquisar. Mas quero confiar Fran e sua espada a Alistair. Tudo bem para você?

— Sem problemas, e eu gostaria de dar uma olhada mais cuidadosa nessa espada, claro, se estiver tudo bem para você.

— Tudo bem com você, Fran?

— … nn.

Fran assentiu com a cabeça de forma relutante.

"Eu sinto muito."

"Não, Mestre é a coisa mais importante agora."

Achei que ela queria muito ir com Mare. Mas engoli minhas palavras, entendendo que minha restauração era a principal prioridade neste momento.

— E aquele demônio estúpido ali? Se você quiser, eu o levo conosco.

Podia-se dizer que ela também conhecia Asura. Não era uma simples sensação de familiaridade, era mais uma sensação de conforto. Depois de pensar um pouco, Mare fez uma reverência para Alistair.

— Posso te incomodar com isso?

— Aprovado.

Alistair se aproximou de Asura, que estava deitado em cima da capa de Guendalfa. Ela o carregou com facilidade. Ao contrário de seu corpo esguio, ela era poderosa demais!

— De qualquer forma, precisamos sair daqui. Acho que devemos dar a Kiara um enterro adequado também, não acham?

— Isso mesmo…

— Você poderia cuidar de Lady Kiara, Lady Fran?

— Entendido.

Fran acenou com a cabeça para as palavras de Mianoa e colocou o corpo de Kiara em seu armazenamento dimensional. Senti que armazenar corpos de pessoas que conhecia no armazenamento dimensional era tratá-los como objetos e, por um momento, me perguntei se estava tudo bem, mas o resto do grupo não sentiu nenhum sentimento particular sobre isso, exceto eu.

Este era um mundo em que a morte era muito mais familiar, e em que a forma como pensávamos sobre os cadáveres também era diferente e mais séria. Se ignorados, eles poderiam se tornar mortos-vivos.

A ideia parecia ser que, devido ao conceito de alma, depois que você morreu, não estava mais lá.

Depois de nos prepararmos para sair, fomos direto para a saída da dungeon, com Fran e Urushi na liderança.

Demorou mais do que eu pensava porque todos ainda estavam exaustos, mas não era tão perigoso devido à falta de monstros.

Eu tentei iluminar o caminho, mas o compartilhamento de habilidades com Fran já estava começando a funcionar bem. Essa foi a única bênção que recebi em todo este pacote de miséria. No entanto, como meu poder mágico estava vazio, eu tinha que me contentar apenas com o poder mágico de Fran por enquanto. Teríamos que ter muito cuidado com isso.

Enquanto caminhávamos pelo labirinto da dungeon, o local começou a tremer muito. Era provável que Mare tenha conseguido destruir o núcleo do calabouço.

Então, pouco antes de escaparmos da dungeon, Mare e Kuina nos alcançaram. Em seguida, elas relataram que o núcleo foi destruído e o calabouço estava a caminho do colapso. Assim, a partir de agora, este local nada mais seria do que uma estrutura subterrânea comum.

— Bem, acho que isso é um adeus.

— Nn…

— Muitas coisas aconteceram, mas vamos nos encontrar de novo no futuro.

— … boa sorte.

— Obrigada. Também oraremos pela recuperação do Mestre e esperamos que ele seja capaz de se curar depressa. Além disso, posso deixar Mestra Kiara com você um pouco mais? Assim que nos instalarmos, iremos providenciar um funeral para ela, afinal, queremos ter certeza de que o serviço funerário será realizado sem contratempos.

— Deixa comigo.

Depois de escaparmos da dungeon, Mare e Fran trocaram um aperto de mão firme e se encorajaram a continuar.

Ainda devíamos estar em guerra com o Reino de Bashar. Não sabia o que aconteceria no futuro, mas tinha certeza que eles não perderiam agora que a ameaça do norte desapareceu. Eles deveriam ser capazes de repelir o Reino de Bashar.

Não, eles tinham que conseguir... do contrário, não valeria a pena Kiara ter sacrificado sua vida. E tinha certeza de que Mare também entendia isso. Com um último aceno enfático, Mare saiu com Kuina, Guendalfa e Mianoa.

Como aprendiz de Kiara e princesa, tinha certeza de que ela tinha muitas responsabilidades, especialmente agora que Kiara não estava mais presente, a garota com certeza teria mais responsabilidades. Embora pensando no quanto aquelas pequenas costas dela teriam que suportar de agora em diante, não podia deixar de torcer por ela.

Fran olhou para as costas de Mare e dos outros enquanto subiam na carruagem.

 — Nos veremos em breve.

— Nn.

Depois que a carruagem do golem em que Mare e seu grupo estavam partiu, Alistair falou com uma Fran de aparência solitária.

— ... devemos ir também? Mas primeiro, você pode ter uma ideia de quem eu sou agora, mas vou me apresentar de qualquer maneira.

— Nn.

— Meu nome é Alistair. Minha ocupação é ferreira divina. É um prazer conhecê-la, Princesa do Raio Negro e... Sr. Arma Inteligente?

Eu sabia. Ela me descobriu. Porém, uma ferreira divina? Achei que fosse possível que ela estivesse encarregada de cuidar da espada divina, mas não achei que essa fosse a verdade…

Havia tanta coisa acontecendo que não tinha mais energia para ficar surpreso. Fran parecia estar na mesma. Ela abriu os olhos um pouco e se apresentou normalmente.

— Aventureira rank C. Fran, Tigresa-Negra-Celestial.

"… eu sou o Mestre."

Auu!

— E este é Urushi.

— A propósito, foi Fran quem lhe deu o nome de mestre?

— Nn…

— Então, ela não tem nome... como é possível não ser nomeada com este nível?

O sistema de nomes não era uma forma de os deuses nomearem seus equipamentos mais poderosos? Eu ficaria honrado em ser comparado a um item dessa classe, mas, o que isso queria dizer? Estava ciente de que era uma boa espada, mas não estava confiante o suficiente para dizer: — Sou uma espada reconhecida por Deus! Agora curve-se diante de mim, seu tolo!

— Por enquanto, vamos para minha casa. Assim que chegarmos lá, devo ser capaz de analisar e consertar seu Mestre.

"Não vejo a hora de trabalharmos juntos."

— Obrigada.

— Disponha, essa é a oportunidade de tocar uma grande espada, graças a você. Tudo bem, agora entre aqui.

O que Alistair tirou da bolsa de itens foi uma carruagem de golem que parecia a mesma que Kuina tinha em sua posse.

Fran subiu na carruagem conforme solicitado. Alistair jogou Asura dentro da carruagem.

— Está tudo bem?

— Bem feito para ele! Como esse demônio idiota poderia ficar fora de controle dessa forma? Aposto que ele vai acordar com um olhar estúpido no rosto.

Essa era uma situação cruel para Asura. O que aconteceu entre eles no passado? Bem, poderíamos lhe perguntar sobre isso quando ele acordasse.

— Muito bem, vamos embora!

Assim, entramos na carruagem do golem e partimos para a casa da ferreira divina.



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