Volume 6

Capítulo 333: Limpando o mal

Murellia oficialmente escapou da batalha. Tudo o que restava para fazer era lidar com os Cavaleiros de Bashar e os infelizes aventureiros que foram possuídos pelo Deus Maligno.

"Kuina, proteja Mia e Kiara!"

Logo após enviar o aviso, cobri toda a área com magia do relâmpago. Bem, com os oponentes deste nível, algo assim era fácil demais. Os aventureiros que se tornaram malignos provavelmente teriam fugido se as coisas parecessem ruins para eles, mas, usando a magia do relâmpago, fomos capazes de paralisá-los e impedir isso.

— Guuuuuuu!

— Uugghhh!

— Calado.

Terminamos de amarrar todos os aventureiros, mas assim que a paralisia passou, eles começaram a gritar e gemer, tentando se libertar de suas amarras.

— ...

Por outro lado, os cavaleiros permaneceram em completo silêncio o tempo todo. Que grupo problemático eram esses dois.

— Quero devolver nossos aventureiros à sanidade, mas acho que há algo errado.

— Não parece que seja algo que será dissipado com facilidade.

Mare, que se recuperou de sua exaustão, e Guendalfa estavam observando os aventureiros contidos, com os braços cruzados e olhares preocupados. Na verdade, eu já tinha tentado lançar magia de purificação neles, mas parecia que não adiantou nada, ou meu nível de habilidade estava muito baixo.

Na realidade, talvez eu estivesse fazendo isso da maneira errada.

"Mestre, matá-los?"

"Hmm... eu gostaria de fazer disso nosso último recurso, mas tenho algo em mente."

"Nn."

"Você pode tocar minha lâmina em um deles por um segundo?"

"Entendido."

Isso poderia funcionar melhor do que magia de purificação. Pensando nisso, pedi a Fran que me colocasse em contato direto com um dos aventureiros possuídos, tomando cuidado para não os machucar. Não é preciso dizer que eu não esperava que fosse tão eficaz.

— GYAAAAAAAAA!

— Uoah!

O aventureiro gritou e começou a se contorcer em suas amarras. Eu observei com atenção, e lentamente, uma estranha energia negra borbulhou na superfície de sua pele e se transformou em nada. O Flagelo do Mal podia ser muito mais útil do que eu previ.

Quer dizer, claro, o aventureiro enlouqueceu pra caramba. Mas fora isso, parecia que a energia maligna desapareceu. Fiquei um pouco preocupado com o grito, mas verifiquei o status dele e sua saúde não diminuiu, então era seguro chamar esse experimento de um sucesso?

— Ei, ei, o que você fez com esse cara?

— Purifiquei o mal.

Guendalfa, que não entendia a situação, faz uma careta para Fran. Da perspectiva dele, provavelmente parecia que Fran acabou de acertar o cara no ombro com a minha lâmina e o fez gritar de dor. Isso sem dúvidas seria motivo para preocupação.

Guendalfa foi até o aventureiro e deu um tapinha em sua bochecha.

— Ei, você está bem?

— Ugh… onde…

Hum, parece que ele recuperou a sanidade. Ele estava respondendo bem o suficiente, e parecia que suas memórias foram cortadas no ponto em que ele foi atingido pelas balas negras de Murellia. Felizmente, isso significava que era seguro fazer isso nos outros aventureiros. Porém, os gritos eram um pouco... perturbadores.

— Higyaa!

— Raaaaugh!

— Mas que diabos…

Guendalfa, o único que não entendia o que estava acontecendo, ficou perplexo com a visão do que estava acontecendo diante de seus olhos. Mas, desta vez, ele entendeu que Fran não representava nenhum mal, então não tentou nos impedir.

Cerca de cinco minutos depois, todos os aventureiros que sofreram lavagem cerebral estavam acordando, suas sanidades recém-restauradas. Tudo o que eu precisava fazer era tocá-los para expulsar a energia maligna, tarefa bem simples. Mesmo assim, era Fran quem estava me tocando neles, então estava trabalhando ainda menos que ela!

Mas, de qualquer maneira, o Flagelo do Mal era incrível! E pensar que era tão simples quanto me tocar para salvar pessoas possuídas pelo estupor maligno. Não achei que uma força como a influência do Deus Maligno poderia ser banida com apenas um toque. Essa com certeza será uma habilidade muito útil para lidar com Entidades Malignas no futuro.

Confiei os aventureiros a um Guendalfa muito confuso. Fran e eu seguimos para o grupo de cavaleiros para ver se conseguiríamos obter informações úteis deles.

— Tudo bem, pessoal, podemos fazer isso da maneira mais fácil ou mais difícil.

Os cavaleiros olharam para Mare sem nem um pingo de medo ou intimidação em seus olhos, na verdade, era quase como se estivessem olhando para ela com desprezo. Em seus olhos, podíamos ver de forma clara o brilho da determinação, deixando evidente seu ódio contra os homens-fera.

— Olha, eu sei que vocês são do Reino de Bashar. Qual é a sua relação com o ser maligno chamado Murellia?

— ...

— O que vocês estavam tentando realizar aqui?

— ...

Puxa, que público difícil. Se eles estavam tão teimosos em abrir mão de informações básicas, esses caras seriam um pé no saco para obtermos qualquer coisa.

— Não há o que fazer. Eu realmente não queria fazer as coisas dessa maneira, mas... Kuina.

— Entendido.

Os interrogatórios reais começaram. Começou com perguntas simples, depois ameaçam antes de passarmos a realmente machucá-los e depois aumentar o nível de dor. Até isso não foi suficiente. Não havia sequer indício de uma de suas bocas se mexendo.

Elas tentaram um monte de coisas. Elas tentaram dizer que estavam apenas tentando ajudar a reduzir as baixas. Elas alegaram que não queriam machucar os cavaleiros. Elas os ameaçaram. Os torturaram. Nada funcionou, a luz nos olhos do cavaleiro brilhava tão intensamente quanto no começo. Era difícil não ficar impressionado.

— Esta é a última vez que vou perguntar. Qual é o seu relacionamento com Murellia?

Mesmo que eles apontassem um cavaleiro e fizessem perguntas enquanto lentamente dobravam todos os dedos para trás, um por um, eles apenas gritavam enquanto cerravam os dentes.

— Hah... esses caras são duros, duvido que possamos tirar alguma coisa deles.

— Infelizmente, esse parece ser o caso.

Kuina concordou com a afirmação de Mare, tirando as mãos dos dedos do homem.

— Acho que não temos outra opção. Kuina, por favor.

— Eu entendo.

— O que você está fazendo?

— Kuina vai questionar aquele cara.

Enquanto eu observava, Kuina caminhou até um cavaleiro que foi escolhido dentre os demais. A identidade do cavaleiro era Johan Magnolia, o líder do grupo. Ele foi gravemente ferido pelo ataque de Fran e eu quando ele usou seu corpo como escudo para um ataque destinado a Murellia, mas desde então ele se recuperou com uma poção que Murellia lhe deu junto com a magia de cura de Fran.

Ainda assim, ele não estava recuperado e estava deitado no chão, mas esse era o objetivo de Kuina.

— Isso será mais fácil se o alvo não estiver com força total.

Kuina disse, e começou a ativar sua Habilidade Inerente, Matriz do Fantasma dos Sonhos. Além de ter efeitos de ilusão, isso também parecia ter um efeito hipnótico. Como o principal efeito eram as ilusões, o efeito hipnótico era fraco. Parece que Kuina teria que usar todo o MP que pudesse para colocá-lo com sucesso em um estado hipnótico.

— Agora. Olhe em meus olhos.

— Geh!

Johan afastou seu corpo dolorido e desviou o olhar de Kuina.

— Fufu. Eu menti. Não preciso do seu olhar para aplicar essa técnica.

Parecia que o objetivo disso foi desviar a atenção de Johan do fato de ele estar sendo hipnotizado por um breve momento, fazendo-o se concentrar em outra coisa. Johan, concentrado em desviar o olhar, mostrou uma pequena abertura.

Uma quantidade considerável de energia mágica irrompeu e Kuina e a disparou em direção a Johan.

— Hmm, vamos ver se deu certo. Qual o seu nome?

— Johan Magnolia.

— Sucesso.



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