Volume 6

Capítulo 288: Fran, a chefe da aldeia

Muitos dos gatos-negros de Schwarzekatze sentaram-se ao lado de uma fogueira ou começaram a se abanar no momento em que a palestra de Fran terminou. Ela não apenas ensinou a eles sobre os dois elementos necessários para a magia do relâmpago, mas também sobre a magia da água e a da terra. Parecia que os tópicos despertaram bastante interesse, pois alguns gatos-negros começaram a praticar os métodos que ela mencionara para os dois elementos em particular. O vigor com o qual os aldeões treinaram me convenceu de que pelo menos um ou dois magos acabariam surgindo no devido tempo. Ou assim eu pensei, até chegar a uma conclusão:

"Espere, eles não precisam de manipulação de magia para lançar feitiços?

Amanda havia nos dito que a habilidade de manipulação de magia era a chave para o aprendizado da feitiçaria, e eu duvidava muito que qualquer um dos aldeões de Schwarzekatze já tivesse essa habilidade. Apenas interagir com a energia mágica abundante nos ambientes naturais ao seu redor não era suficiente para ensiná-los a manipular mana.

— Chefe.

— Sim, o que foi?

— Nn. Fique parado.

— Claro.

O chefe da aldeia obedientemente atendeu as ordens de Fran e ficou em pé na frente dela enquanto a garota levantava a palma da mão e começava a se concentrar.

— Eu-eu estou sentindo algum tipo de sensação estranha. O que está acontecendo?

— Nn. Usando magia.

Ela tentou assumir o controle da mana do chefe através do uso de sua habilidade de manipulação de magia. Para sua surpresa, funcionou surpreendentemente bem. Ela não foi capaz de assumir o controle total, mas pelo menos conseguiu ganhar a capacidade de mexer com ela e agitá-la.

— Sente?

— Eu… posso! Não sei dizer o que é, mas sinto algo!

— Nn. Energia mágica.

— Entendo!

Hum, era uma ideia bastante interessante.

— Nn. Reúna todos. Forme fila.

— Agora mesmo!

O chefe correu pela praça da cidade e reuniu todos os moradores diante de Fran. Eles levaram apenas um instante para formar um par de filas organizadas com perfeição.

E assim, Fran e eu começamos a trabalhar. Começamos a manipular a mana dentro de cada gato-negro, a fim de acostumá-los ao fluxo da mana. Nenhum de nós sabia bem o quão eficaz a ação seria, mas estávamos convencidos de que era no mínimo melhor do que deixar os aldeões de Schwarzekatze completamente inconscientes do que deveria ser a manipulação da energia mágica.

Demorou um bom tempo para atendermos todos os gatos-negros, mas nenhum de nós se importou. Não tínhamos mais nada para fazer.

— Muitíssimo obrigado. —, disse o chefe.

— Nada demais.

— Para nós é! Você não apenas nos ensinou que era possível evoluir, como também nos orientou em magia. Somos tão gratos por suas ações que não temos como expressar!

Alguns outros gatos-negros entraram na conversa e mencionaram que o que tínhamos acabado de ensinar a eles seria normalmente considerado uma informação secreta, enquanto concordavam com o que o chefe disse.

Magia não era a única coisa em que os aldeões estavam focados. Alguns também fizeram perguntas a Fran sobre esgrima. Havia um grande número deles, então ela acabou organizando uma segunda palestra não muito tempo depois que ela terminou a primeira, uma focada nos aspectos mais físicos do combate.

Ela os ensinou a segurar suas lâminas, como girá-las e o que precisavam fazer para melhorar. A experiência que ela adquiriu ao treinar seus três aprendizes mostrou resultados. A garota conseguiu dar explicações efetivas e significativas, apesar de ainda falar da maneira taciturna de sempre.

A combinação das aulas de magia e de espada levou a popularidade de Fran a disparar e atingir alturas ainda maiores. Parecia que toda Schwarzekatze a adorava. Eu tinha certeza de que o chefe estaria disposto a entregar sua posição a ela, caso ela pedisse.

Falando nisso, o chefe acabou se aproximando de Fran pouco tempo depois que ela terminou de responder à maioria das perguntas de seus alunos recém-descobertos.

— Para ser sincero, eu adoraria que você assumisse o cargo de chefe, para que pudesse liderar nossos aldeões e ensinar-lhes seus caminhos.

Puta merda, acabei de falar isso!

— Partindo em poucos dias.

— Entendo…

Infelizmente para os moradores, Fran recusou. Expressões decepcionadas apareceram em todos os seus rostos no mesmo instante.

— Mas farei o melhor enquanto ainda estiver aqui.

— Isso soa maravilhoso e inspirador. Obrigado!

O chefe se animou e começou a elogiar Fran no momento em que ela expressou que estaria disposta a ajudar.

Pelo amor de Deus, eu tenho que dar o braço a torcer para Fran. Ela tinha que ser uma tremenda figurona para permanecer completamente inalterada pelo fato de que todos a estarem adorando.

Assim que ela terminou de falar com o chefe, a garota começou outra sessão de treinamento centrada em magia. Mas, diferente das outras duas, a terceira sessão de treinamento não chegou à conclusão.

— Che-chefe!

— O que foi?

O guarda cão-vermelho que nos acompanhou na caça aos goblins correu para a praça da cidade. Ele estava sem fôlego e ofegando de forma muito excessiva. Um único olhar foi suficiente para dizer que havia mais algum tipo de emergência.

— Encontramos outro grupo de goblins!

— Quê!? Quantos deles há?

— São apenas dez, mas não é normal eles aparecerem com tanta frequência.

— Hmmm... você tem razão. Isso é muito estranho.

Espere, o quê? Os goblins não deveriam estar em todo lugar? Tipo, eu juro que eles são férteis como baratas, então vê-los não deveria ser uma surpresa, deveria?

Fran compartilhava de minha opinião, então ela perguntou ao chefe, apenas para descobrir que, para começo de conversa, nunca houve muitos seres malignos nas proximidades de Schwarzekatze.

A maioria dos jovens que nos acompanhou no dia anterior nunca tinha visto um goblin antes. Eles nasceram e cresceram em Schwarzekatze, que era, na maior parte do tempo, pacífica e desprovida de criaturas hostis à tribo dos gatos-negros. Ser atacado por dois dias seguidos era tão fora do comum que significava que provavelmente havia algo errado.

— Deve haver um ninho por perto.

— Hmmm... espero que não haja uma debandada... Schwarzekatze estará em apuros se os goblins derem à luz a um rei.

— Sim... vamos precisar encontrar o ninho o mais rápido possível. — O cão-vermelho fez uma careta.

Se vinte goblins já eram mais do que suficientes para mergulhar a vila em desespero, então um ninho inteiro com toda certeza levaria ao seu completo colapso. Ou pelo menos teria, em circunstâncias normais. Fran estava atualmente na cidade e era improvável que algum mal chegasse à vila enquanto ela estivesse por perto. Os aldeões de Schwarzekatze tiveram muita sorte. Eles teriam se ferrado se o ninho aparecesse mais cedo ou mais tarde.

— Chefe. Irei verificar a área ao redor.

— Vo-você vai fazer isso por nós?

— Nn. Mas não posso levar todos juntos.

— Eu entendo. Só serviríamos para ser peso morto.

O chefe parecia pensar que Fran teria dificuldade em proteger todos os outros gatos-negros no meio do combate, mas isso não era verdade. Há muito tempo nos tornamos fortes o suficiente para matar cem goblins em menos de dez minutos, mesmo mantendo todos que vieram conosco seguros.

A razão pela qual não queríamos levar todos os gatos-negros juntos era porque precisávamos nos locomover o mais rápido possível se quiséssemos encontrar o ninho dos monstros. Além disso, íamos nos teletransportar. E já que precisávamos esmagar o ninho de goblins o mais rápido possível, julgamos que seria muito mais eficaz irmos sozinhos.

— Novos goblins, onde?

— Eles estão ao redor do mesmo lugar que os encontramos da última vez.

— Entendido. Não deixe ninguém sair da aldeia. Chame as pessoas olhando de volta.

— Sim senhora, vou fazer isso agora mesmo!

Uou. A influência de Fran veio a calhar.

A obediência do guarda nos permitiu focar no assunto em questão.

— Vou sair agora.

— Boa sorte em sua caçada.

— Nn.

Eu entendi que ele disse boa sorte, mas por algum motivo estranho, eu poderia jurar que soou como "Boa sorte, gob". Quer dizer, estávamos caçando goblins, então achei que se encaixava com a situação.

"Muito bem, espero encontrarmos esse ninho de goblins o quanto antes.



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