Volume 6

Capítulo 282: Aldeões encontrados

Vimos um grupo de três gatos-negros a caminho de Schwarzekatze caminhando pelo mesmo caminho que nós. Ao contrário de Fran, os três eram adultos. Eles pareciam estar voltando da coleta de lenha, pois podiam ser vistos maços de gravetos presos às mochilas em suas costas. Nós nos aproximamos deles por trás e os chamamos.

— Ei. —, disse Fran.

— Qu- aaaaaaaah! — Um dos homens se virou e depois deu um pulo de susto ao ver Urushi.

— Um-um monstro! Um lobo gigante.

— Fujam!

Os três homens largaram as mochilas que estavam carregando e fugiram para longe.

— Fizemos besteira.

"Sim. Provavelmente foi uma má ideia abordá-los com Urushi em sua forma de lobo gigante. Eles são membros da tribo mais fraca, então ver um monstro tão intimidador quanto Urushi deve ter os devastado."

— O que fazer?

"Hmm. Deveríamos persegui-los e explicar a situação. As coisas vão ficar complicadas se começarem a relatar que há um lobo gigante à espreita."

— Nn.

"Além disso, Urushi, precisamos que você espere um pouco."

Au.

Fran pulou das costas de Urushi e o fez derreter na sombra dela. Decidimos fazer um favor aos três homens que tínhamos acabado de amedrontar ao guardar os galhos que eles deixaram para trás em nosso armazenamento dimensional. Corremos pelo caminho seguindo as pegadas deles até vermos os rastros divididos em três direções. Decidimos então começar capturando o mais próximo de nós.

"Fran, vá com tudo."

— Nn.

Fran se revestiu de magia do vento e usou-a para se impulsionar em direção ao gato-negro que fugia. Ela caiu bem na frente dele, cortando-o.

— Oi de novo.

— Uau!

Ele tropeçou e caiu no chão. Seu rosto relaxou quando ele viu que Fran era uma gata-negra como ele. Mas então, depois de olhá-la por mais alguns segundos, seus olhos se arregalaram e ele começou a tremer.

— A-a-a-a-….!

— Nn?

— E-e-e-e-e-evo-…!

— Você está bem?

— UMA GATA-NEGRA EVOLUÍDA!?

Ele correu para Fran usando suas mãos e joelhos e agarrou a mão dela com força.

— O-o-o-o-o-o…

— Fale direito.

— Vo-vo-vo-vo-vo-vo-vo-…!

— Por favor.

— Por acaso você é a própria Princesa do Raio Negro!?

— Nn.

O homem caiu no chão e ficou em prantos.

— Até que enfim aconteceu! — ele lamuriou. — Um de nós enfim evoluiu! Por tanto tempo sofremos! Era quase como se fôssemos amaldiçoados pelo próprio infortúnio, mas por fim temos alguém da nossa tribo que tem um futuro promissor. Uaaaaaaaa!

Sua reação foi a mais extrema de todas entre os homens-fera que conhecemos. Devia ser porque ele próprio sofreu sob a maldição que os deuses puseram nos gatos-negros. Ele provavelmente podia dizer que ela era uma Tigresa-Negra-Celestial porque era da mesma tribo.

— Sinto muito por todos os problemas que lhe causei. —, disse ele, depois de se acalmar.

— Nn, sem problemas.

— Além disso, se você pudesse ir buscar os outros dois que ainda estão fugindo. Eles devem estar muito longe para eu alcança-los.

— Entendido.

Fran usou a magia do vento para se aproximar dos outros dois gatos-negros e pegá-los. Ambos mostraram reações semelhantes ao primeiro.

— Você é nossa salvadora! Eu vou segui-la para sempre! — um falou.

— Eu-eu nunca esquecerei esse momento pelo resto da minha vida! — declarou o outro.

Eles pareciam gatinhos admirando o mandachuva local.

Depois de reunir os três gatos-negros, perguntamos se eles poderiam nos levar a Schwarzekatze.

— Seria uma honra guiá-la até a vila. —, disse um dos gatos-negros. — Deixe-me voltar primeiro e informá-los que você está vindo. — Ele parecia querer sair na mesma hora, mas Fran o deteve.

— Aqui. — disse Fran, pegando a lenha caída de seu armazenamento dimensional e entregando-a aos dois gatos-negros restantes.

— Óóó! Muitíssimo obrigado!

— Você é tão generosa! Agora não precisamos voltar para aquela floresta!

— Isso foi magia de espaço-tempo? Eu pensei que isso era algo das lendas. Como esperado da Princesa do Raio Negro!

Depois de recuperarem sua lenha, o homem que se ofereceu para agir como mensageiro disparou e começou a correr de volta para a vila.

Se estivéssemos de volta ao Japão, eles a teriam pedido para autografar a lenha.

— Ó. Trouxe companheiro. —, disse Fran.

— Hã? Eu não o vejo.

— Nn. Posso chamar ele?

— É claro! O companheiro da Princesa do Raio Negro sem dúvidas deve ser uma pessoa digna de nosso respeito.

— Urushi.

Au!

— Gyaaaaah! É um lobo.

— Fujam!

Os dois gatos-negros caíram quando viram Urushi em sua forma pequena. Apesar de não ser mais um lobo gigante, eles ainda estavam assustados com ele. Fran logo conseguiu acalmá-los e pudemos retomar nossa jornada.

— Por que tão assustados? — perguntou Fran.

— Lobos normais são um perigo para nós. —, disse um dos homens. — E é realmente óbvio vendo o pelo dele que seu companheiro não é um lobo normal, mas sim um monstro. Claro que teríamos medo!

— Desculpe. —, disse Fran. — Lobo grande de antes, também Urushi.

— Sério? Devemos dizer aos aldeões que o lobo gigante que foi visto não é uma ameaça. Vou correr na frente e avisá-los! — Um segundo gato-negro saiu correndo, deixando o último para nos escoltar.

Enquanto caminhávamos, o gato-negro restante começou a falar sobre Schwarzekatze. Ele explicou que atualmente a população da vila era de cerca de 300 pessoas. Cerca de 90% deles eram gatos-negros, a maioria civis. Os outros 10% eram guardas, aventureiros e suas famílias.

O Senhor das Feras havia providenciado pessoalmente que a vila fosse construída. Ele ordenou a construção de uma sólida parede de madeira, o que em geral era incomum para uma aldeia tão remota.

Ele parecia estar tratando a tribo dos gatos-negros muito bem. No entanto, uma parte de mim sentia como se ele estivesse fazendo isso para deixar Kiara feliz.

Começamos a ver as paredes de madeira emergirem além do horizonte, depois de caminharmos pela estrada por cerca de dez minutos. De pé em frente ao portão de madeira, havia três pessoas. Dois deles eram os gatos-negros que correram à nossa frente. O último era um idoso com as costas curvadas. O homem idoso se aproximou de Fran, ignorando Urushi por completo.

— Ó… óóóóóóóóó! É verdade! Ela evoluiu de verdade! — ele disse com os olhos arregalados.

— Viu? Eu te disse, chefe. — disse um dos gatos-negros.

— E você acha que eu poderia acreditar que um membro da nossa tribo havia evoluído?

— Mas Sua Majestade, o Lorde das Feras, já nos enviou um mensageiro dizendo exatamente isso, não enviou?

— E você está me dizendo que acreditou naquilo? Que cada fibra do seu ser acreditou nessas palavras e não abrigou a menor das dúvidas?

— Bom…

Parecia que nem todos os gatos-negros acreditaram nas notícias de que um dos membros de sua tribo havia evoluído. O pensamento de que "era impossível para um gato-negro evoluir" estava tão enraizado em suas mentes que eles nem podiam acreditar nas palavras do próprio Senhor das Feras.

Fran deu um passo à frente.

— É verdade. —, ela disse. — Evoluí.

Ouvindo essas palavras e vendo sua aparência, o chefe da aldeia começou a tremer. Ele enfim conseguiu acreditar na realidade à sua frente.

— Isso significa que os requisitos para a evolução que eles nos disseram são verdadeiros? — perguntou o chefe. — Tudo o que você precisa fazer é derrotar mil seres malignos?

— Nn.

— Viva! Eu pensei que era bom demais para ser verdade! Mas agora mais de nós podem evoluir.

Demorou um pouco para acalmar o animado chefe da vila.

"Bem, parece que eles estão felizes por você ter vindo, o que é bom, eu acho."

— Nn.

Au.



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