Volume 6

Capítulo 280: Greengoat

Raymond abriu um mapa grande e entregou a Fran.

— Schwarzekatze está localizada perto do sopé dessas montanhas que servem como nossa fronteira. —, disse ele. — É uma jornada de três a quatro dias em carruagem com chifres, mas suspeito que você tenha meios de percorrer essa distância mais rapidamente. Nesse caso, sugiro que você faça uma parada em Greengoat. Esse é um dos maiores centros comerciais do país. Muitas estradas principais convergem para lá.

— Nn. Obrigada.

— E aqui está a carta de recomendação que o Lorde das Feras me instruiu a escrever para você. — Ele entregou a Fran uma carta adornada com um selo de cera chique.

— Acredito que esteja tudo na agenda. Se você não tiver mais preocupações, vou pedir suja licença. Que sua jornada seja segura e próspera.

Raymond saiu da sala. Ele se foi e tínhamos tudo o que procurávamos, então era hora de irmos também.

— Irei sair também. —, disse Fran.

— Ahh, já? — perguntou Kiara.

— Nn. Tchau Kiara, Guen.

— Tchau Fran. —, disse Guendalfa. — E, uhh... sobre aquela coisa... quando nos conhecemos...

— Nn. Sem problemas. Te perdoo.

— Hmm? O que foi isso? — disse Kiara. — Por que ela está perdoando você, pirralho? O que você fez a ela?

— Na-nada! Eu não fiz nad-...

— Guen começou uma briga.

— Gahhhhh! — Guendalfa cobriu a cabeça com as mãos e se encolheu no chão.

Fran explicou em detalhes nosso primeiro encontro com Guendalfa, começando por ele ser um filho da puta arrogante e terminando com Fran dando um soco nele. Depois de ouvir a nossa história, Kiara dirigiu um olhar furioso para o homem-rinoceronte.

— Eu não posso acreditar em você!? — ela gritou, perfurando seu punho no topo do crânio dele. — Por que você ainda está tão obcecado por seu tio?

— Eu não sou obcecado! — ele gaguejou. — Eu não poderia me importar menos com aquele traidor. Ele...

— É isso mesmo que faz de você um maldito pirralho birrento! Você tem mais de 20 anos e ainda está fazendo birra pela partida de Gold. É uma honra servir ao Senhor das Feras, e você não deve pensar nisso de outra maneira.

— Mas...

— Nada de mas! Pare de ser tão imaturo. Eu sei que você está bravo por ele ter deixado a tribo sem contar primeiro. Supere logo isso.

— Urk…

Guendalfa não conseguiu encontrar uma maneira de responder, então ele apenas se sentou com raiva no chão com uma careta no rosto. Kiara virou-se para a empregada, Mia.

— Mia. Tire esse pirralho birrento do meu quarto.

— Entendido, Lady Kiara.

Mia pegou Guendalfa pelo colarinho e o arrastou para fora do quarto. Kiara voltou-se para Fran e deu-lhe um abraço.

— Volte para me fazer uma visita. —, disse ela.

— Nn. Kiara, não se esforce demais.

— Hahaha! Não posso te prometer isso. Afinal, estou tentando evoluir.

— Nn. Então se esforce apenas o suficiente para evitar a morte.

Parecia que Kiara e Fran eram o tipo de pessoa que constantemente se esforçava ao máximo para atingir seus objetivos. Poderia proteger Fran ao longo do caminho, mas o mesmo não podia ser dito para Kiara. Torci para que ela permanecesse segura, pelo bem de Fran.

— Eu não vou morrer. —, disse Kiara. — Não me sinto tão viva há anos!

Ela se virou para a porta aberta.

— Na verdade, eu me sinto tão bem que não vejo porque não começar a caçar os seres malignos. Acho que vou acompanhá-la e...

— Não tão rápido, Lady Kiara. — Mia apareceu de repente atrás de Kiara e a agarrou pelo ombro.

— Puta merda Mia! Me solte! Como foi que você voltou aqui tão rápido? Pensei ter lhe dito para se livrar daquele pirralho birrento.

— Eu tinha a sensação de que você tentaria fugir enquanto eu estava fora, então eu o joguei no corredor ao virar a esquina.

— Nrrrgh!

Após uma breve luta, Kiara desistiu de tentar escapar da criada.

— Parece que eu não posso ir, então você não ficaria mais um pouco comigo? — ela disse.

— Não posso. Preciso partir.

— Entendo. — Kiara sorriu gentilmente. — Nesse caso, me visite mais uma vez!

— Visitarei!

Com isso, saímos do quarto de Kiara. Viramos a esquina e encontramos Guendalfa ainda sentado no chão e de mau humor, então Fran pediu que ele nos acompanhasse para fora. O homem-rinoceronte pareceu se animar de novo e ele nos acompanhou com alegria para fora do castelo e ficou conosco o tempo todo até chegarmos aos portões da frente da cidade.

— Muito bem. Cuide-se, Princesa do Raio Negro.

— Nn. Você também. Pare de brigar.

— Haha, é. Eu aprendi minha lição do jeito difícil.

Assim que saiu, Fran invocou Urushi em sua forma maior e montou nele.

— Vá Urushi! Vá!

Au!

Urushi disparou pelo céu. Deixamos a capital por volta do meio-dia. Somente depois de viajar por cerca de oito horas, enfim conseguimos ver algumas luzes da cidade surgindo além do horizonte.

“Está bem tarde, Fran. Eu acho que aquela é Greengoat ao longe. Vamos descer e encontrar uma pousada onde possamos fazer uma refeição e descansar um pouco. Podemos continuar viajando pela manhã.”

— Nn. Urushi, desça.


Duas horas mais tarde, Fran estava satisfeita na cama, depois de terminar o jantar.

Que diabos estava acontecendo? Nós passamos por essa cidade com muita tranquilidade! Ninguém nos deu atenção quando chegamos ao portão da cidade e o guarda nos deixou passar sem problemas. Ninguém nos incomodou na guilda quando vendemos nossos materiais de monstros também. Também não fomos perturbados durante o processo de check-in. Juro por Deus que estava tão acostumado a Fran ser assediada que vê-la ser deixada em paz me incomodou muito mais. Ó, merda, eu acabei de nos agourar? Algo terrível iria acontecer em Greengoat agora?

— Mestre, qual o problema? — perguntou Fran, meio-adormecida.

"Nada demais. Acho estranho que ninguém em Greengoat tenha mexido conosco ainda."

— É algo ruim?

"Não é. Vou deixar isso para lá."

Decidi deixar o assunto de lado e deixar Fran descansar um pouco. De forma surpreendente, a manhã seguinte foi igualmente tranquila. Conseguimos deixar Greengoat sem problemas.

Então, nada aconteceu enquanto estávamos em Greengoat? Caramba, acho que existe uma primeira vez para tudo.

Assim que pensei nisso, Fran e eu avistamos dois aventureiros em pé em ambos os lados da estrada, a cerca de vinte metros de onde estávamos. Eles não estavam fazendo nada além de ficarem vagando e vasculhando o ambiente de forma suspeita. No momento, estávamos montando Urushi, então diminuímos a velocidade e mantivemos a guarda porque eles olharam para nós, mas, de novo, nada aconteceu.

Quando passamos por eles, vimos que os dois aventureiros não eram homens-fera, mas humanos. Eu pensei que estávamos bem depois de passarmos por eles, mas mais três aventureiros a cavalo apareceram do lado da estrada e pararam na nossa frente, bloqueando o caminho. Mais dois apareceram e pararam atrás de nós. Estávamos cercados.

— Ufa. Conseguimos chegar aqui a tempo! — disse um.

— É! O que diabos é esse lobo? Ele é rápido pra caramba!

— Os caras no chão deveriam ter nos sinalizado mais cedo.

Um dos homens desmontou.

— Ei, você! Você é Fran, a Princesa do Raio Negro? — perguntou um dos aventureiros.

— Nn.

Ele mostrou um sorriso feio. Os outros quatro aventureiros desmontaram e se moveram para perto, apertando o círculo ao redor de Fran.

Esses caras estavam mesmo nos atacando quando Urushi estava em um campo aberto? Ele estava até em sua forma maior. Eles eram corajosos? Ou apenas estúpidos?

— Muito bem. Pode ser um pouco repentino, mas você perderá sua vida aqui!

— Se você quer amaldiçoar algo, amaldiçoe o dia em que nasceu uma mulher-fera!

Os cinco aventureiros enfiaram as mãos nas bolsas e sacaram uma grande bola roxa. Eu as avaliei.

"Fran! Essas bolas criam uma névoa venenosa que enfraquecem tudo dentro delas. Provavelmente é muito fraco para afetá-la, mas acho que vou te teleportar para longe só por precaução. Urushi. Você tem a habilidade Anulação de Veneno. Acabe com eles."

Au.

Os homens jogaram as bolas diretamente contra Fran, mas eu a teletransportei para o céu antes que elas a alcançassem. As estatísticas dos aventureiros eram tão baixas que eu senti como se estivesse assistindo-os em câmera lenta. Depois de errar o alvo, as bolas explodiram, cobrindo a área abaixo de nós com uma espessa névoa roxa.

— Nós a pegamos? — disse um dos homens.

No momento seguinte, uma enorme sombra negra emergiu do nevoeiro e pegou o homem em suas mandíbulas. Depois de balançar violentamente a cabeça de um lado para o outro algumas vezes, a sombra afrouxou seu aperto e fez o cadáver mastigado do homem voar.

— Riiii!

Os outros quatro deram meia-volta e correram, mas Urushi era muito rápido para eles. Dois dos homens tiveram suas cabeças arrancadas e os outros dois foram esmagados por suas enormes patas. Os dois primeiros homens que estavam monitorando a estrada foram perfurados por lanças da Magia da Escuridão.

Eu verifiquei nossos arredores enquanto descíamos para ver se havia mais agressores, mas eram apenas esses sete.

— Bom garoto! — disse Fran.

Auuuuu!

Cinco dos sete estavam mortos. Os dois últimos iriam sangrar até morrer em alguns minutos. Eu logo os curei, mas os deixei sob as patas de Urushi. Fran os chutou até acordarem. Eles resistiram um pouco, mas nosso processo comprovado e verdadeiro de Fran espancando-os até a morte e depois os curando várias vezes os fez ficarem com as línguas frouxas.

— Eu realmente não sei quem nos contratou! Eu nunca vi o rosto dele!

— O cara acabou de nos deixar o dinheiro e essas bolas venenosas.

— Ele nos disse que isso poderia subjugar até o mais poderoso dos homens-fera.

— O maldito mentiu pra nós!

— Por favor, não me mate! Eu fui enganado!

"Mestre. O que fazer?"

"Acho que devemos levá-los aos guardas. Eles não são mais uma ameaça e parecem não ter mais companheiros, portanto, é seguro entregá-los aos responsáveis. Eles devem ser peões descartáveis ou algo do tipo. Não sei ao certo por que eles estavam atrás de nós, mas se eu tivesse que adivinhar, diria que foram enviados para assediá-la. Não há como alguém com metade do cérebro esperar que capangas nesse nível sejam páreo para nós."

— Nn, tá.

Voltamos à cidade com os dois capangas pendurados na boca de Urushi.

— Mestre, algo errado? — Fran inclinou a cabeça quando nos aproximamos dos portões da cidade.

"Não-não, não é nada. Não se preocupe com isso."

— Nn. Tá?

Puta merda, eu não posso acreditar que ela quase notou. Não podia dizer a ela que ser atacado por esses caras me fez ficar aliviado...



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