Volume 6

Capítulo 278: As circunstâncias de Kiara

Fran falou depois que Kiara terminou de contar sobre sua jornada e sua compreensão da evolução dos gatos-negros.

— Entendido. —, disse Fran. — Kiara não está errada, porém, mais de uma maneira.

— Quê! Havia mais de uma maneira?

— Mhmm. O jeito de Kiara redimiria tribo inteira. Deve matar um ser maligno rank S com um único gato-negro. Mas existem duas maneiras mais fáceis de evoluir. Primeira, matar mil seres malignos. Segunda, matar sozinha um ser maligno rank A.

— É isso?

— Nn.

Os ombros de Kiara começaram a tremer. Eu pensei que ela estava prestes a chorar ou algo assim, então suas próximas ações me pegaram de surpresa.

— Kukukuku… ahahahahahahaha!

Kiara sorriu, jogou a cabeça para trás e rugiu de tanto rir. Seus olhos lacrimejaram quando ela empurrou as laterais da poltrona e pulou para ficar de pé.

— Mia! Traga-me minha espada!

Fran piscou algumas vezes de surpresa. Os olhos de Guendalfa se arregalaram. A empregada, no entanto, não ficou perturbada.

— O que você está planejando, Lady Kiara?

— Não é óbvio? — Kiara mostrou um sorriso feroz. — Eu vou espancar mil goblins.

— Você deve estar brincando comigo. —, disse a serva. — Ontem mesmo você ainda estava em coma.

— Você acha que alguns goblins vão exigir o melhor de mim só porque eu não descansei um pouco? Sem chances! Eu posso chutar a bunda deles o dia todo quando quiser!

Guendalfa tentou levar Kiara de volta ao seu assento, mas ela passou por ele e seguiu em direção ao armário. Seus pertences retiniram enquanto ela vasculhava seu conteúdo.

— Deve ter sido o destino que trouxe Fran aqui para me ver no dia em que abro meus olhos. —, disse Kiara. — Não vou deixar essa chance escapar. Durante todos esses anos, fiquei me perguntando por que aquele detestável senhor das feras não me matou, apesar de saber dos segredos da evolução dos gatos-negros. Agora eu entendo: ele não precisava me matar. O que eu sabia era a maneira mais difícil de evoluir como uma gata-negra. Nada teria mudado, mesmo que eu tivesse divulgado as notícias. Ninguém poderia ter realizado esse feito. Saber apenas traria desespero ao meu povo. Mas agora as coisas são diferentes. Eu posso fazer isso. Eu posso enfim evoluir. Tudo o que tenho que fazer é arrebentar alguns goblins, e tudo feito.

— Mas você não é tão capaz como era antes. —, disse Guendalfa. — Você até perdeu sua benção!

— Bênção? — perguntou Fran.

— Certo, você não saberia. —, disse Kiara. Ela se virou para nós enquanto ainda segurava um cinto velho. — Durante muito tempo, possuí a Bênção do Deus Guerreiro.

— Óóó! Incrível! — Fran aplaudiu.

— Não é? Já a passei adiante, mas ainda sou uma excelente lutadora sem ela.

Eu não fazia ideia do que era essa coisa de bênção.

"O que é essa tal de Bênção do Deus Guerreiro?"

"Nn. Habilidade muito famosa."

A explicação de Fran me deixou em choque. A Bênção do Deus Guerreiro era uma habilidade extra de renome mundial. O básico era que ela dava ao usuário um aumento fixo em todos os atributos numéricos. Ela também dobrava os valores estatísticos obtidos a cada aumento de nível. Mas a parte mais famosa da habilidade era a condição necessária para mantê-la.

Uma vez por mês, o portador da habilidade tinha que colocar sua vida em risco em combate. A definição exata de "vida em risco" não era conhecida, mas algo no nível de espancar um monte de valentões não seria suficiente. Se essa condição não fosse atendida uma única vez, a habilidade deixaria seu usuário e passaria para outro.

— Eu a adquiri quando tinha sete anos. —, continuou Kiara. — Eu tive que continuar lutando e lutando para não a perder. Eu fiquei muito forte por causa disso. Consegui segurá-la por cinco décadas. Infelizmente, a perdi cerca de dez anos atrás.

— Perdeu, por quê? — perguntou Fran.

— Houve um momento em que fiquei seis meses acamada devido a uma doença. Como eu estava confinada e não podia lutar, a habilidade me deixou.

— Mas como manter a habilidade enquanto escrava?

— Ó, isso? Quando eu ainda estava trabalhando no castelo, uma vez por mês eles me deixavam caçar monstros perto da capital. Dessa forma, eu manteria minha bênção. Escravos com habilidades extras eram muito valiosos naquela época.

Kiara sorriu.

— Então, sim, perdi minha bênção, mas não dou a mínima. Treino há décadas para este momento. Não vou deixar ninguém me parar!



Comentários