Volume 6

Capítulo 269: A princesa

— Da próxima vez com certeza vencerei! Espere e verá!

— Kyuuiii!

Com essas palavras de despedida, nos separamos de Mare e Kuina e seguimos em direção à cidade de Roseraccoon. Pedimos que elas viessem conosco, mas as duas recusaram. Por alguma razão, elas queriam evitar a cidade. Talvez elas estivessem envolvidas em algum tipo de incidente? Independentemente disso, decidimos deixar as coisas acontecerem e seguir em direção à cidade.

"Elas sem dúvidas são uma dupla animada."

— Nn. Vou vencer na próxima vez.

Au!

— Nn. Ambos vamos.

Nosso encontro foi frutífero. Eu vi uma camareira maravilhosamente linda e Fran conheceu Mare, a primeira pessoa em sua faixa etária capaz de lutar bem. Nós vencemos o sparring, e Mare não parecia o tipo de lutadora que se seguraria, mas não tinha certeza de que teríamos vencido uma luta até a morte. De forma evidente, ela estava guardando um trunfo final. Essa luta com certeza incentivará o crescimento de Fran como uma guerreira no futuro. Minha única preocupação era que ela se tornasse uma viciada por batalhas.

Depois de caminhar por uma distância, vimos paredes subindo no horizonte.

— Mestre, cidade encontrada.

"Sim, e é uma bem grande. As paredes são impressionantes. Esta deve ser Roseraccoon."

— Nn.

Ao nos aproximarmos da cidade, notamos uma comoção fora dos muros. Embora não fosse estranho para uma cidade tão grande como esta ser barulhenta, era esquisito ver tantas pessoas circulando do lado de fora dos muros. Ao nos aproximarmos, vimos que todos eram aventureiros. Havia cerca de trinta, todos tentando embarcar na mesma carruagem com chifres. Fran chamou um dos aventureiros.

— Aconteceu algo?

— Hã? Que diabos você quer sab-... UOA, PUTA MERDA!

O homem olhou para Fran e se interrompeu. Ele congelou, um pé na carruagem com chifres, o outro ainda no chão, seus olhos esbugalhados nas órbitas.

— Então?

— Foi ma-... — ele tossiu. — Minhas desculpas.

Ele claramente mudou sua forma de agir no momento em que viu Fran. Ele deve ter percebido que ela evoluiu.

— Tudo bem? — perguntou Fran.

— Sim. —, ele disse. — No momento, temos a tarefa de escoltar um nobre. Nosso destino é uma cidade no sul.

— Aventureiros de guarda? Soldados não?

— Sim. Todos os cavaleiros e soldados estão indo para a fronteira. Não há nenhum sobrando.

— Entendido.

Parecia que havia algumas circunstâncias atenuantes neste caso. Em geral, um nobre seria escoltado por cavaleiros e soldados, a menos que desejasse viajar incógnito. Nesse caso, eles contratariam aventureiros como acompanhantes, mas ter uma comitiva completa de trinta pessoas era estupidez quando se tratava de ficar fora do radar. Pedi a Fran que continuasse questionando.

— Tantas pessoas, não causa problemas? — perguntou Fran.

— Bem, essa quantidade é esperada, já que estamos escoltando a própria princesa. —, disse ele.

— Princesa, aqui?

— Sim. O mestre da guilda decidiu exagerar na comissão desta escolta.

Parecia que o mestre da guilda estava tentando agradar a família real, enviando à princesa um grande grupo de guardas.

— Na verdade, você pode vê-la bem ali. —, disse o aventureiro.

Nós olhamos na direção que ele indicou. Havia uma garota em um vestido muito ostensivo e que não combinava com o local.

Talvez devêssemos ir falar com ela... afinal, estávamos muito gratos ao Senhor das Feras.

Mesmo assim, sua comitiva estava dando bastante atenção aos arredores.

“O que fazer?” perguntou Fran, telepaticamente.

"É melhor chegarmos mais perto e checarmos as coisas." eu disse.

— Nn.

Fran agradeceu ao aventureiro e fomos em direção à princesa. Quando nos aproximamos, de repente sentimos algo terrivelmente errado. Um calafrio percorreu nossas espinhas. Era parecido com quando fomos sujeitos à Camaradagem Forçada em Ulmut[1]. Mas talvez não fosse bem isso. Fomos avaliados pelos guardas da princesa? Provavelmente não, porque a sensação foi muito breve.

“Fran, se afaste um pouco.”

— Nn.

Recuamos cerca de vinte metros e a sensação de desconforto desapareceu. Eu então usei a percepção mágica e encontrei algum tipo de habilidade ativa cobrindo todos os arredores da princesa. Eu decidi tentar avaliar a situação. Eu tinha que ter muito cuidado, caso um dos guardas tivesse detecção de avaliação, não queria que Fran fosse acusada de uma violação grave de privacidade. Era melhor ficarmos longe de problemas.

Primeiro fiz uma cópia de mim mesmo enquanto ainda me escondia atrás de Fran. Troquei de lugar com essa cópia, para que parecesse que eu ainda estava nas costas da garota-gato. Então encolhi-me até o tamanho de uma bola de pingue-pongue. Por fim, me teletransportei para o alto da princesa. Me deixar menor era mais difícil do que me tornar maior, então não conseguiria manter essa forma por muito tempo. Lembrei-me do que Kuina fez e criei uma ilusão para me misturar com o céu atrás de mim. Consegui uma avaliação, mas o que vi foi muito estranho.

 

Nome:

Nemea Narasimha

Idade:

16 anos

Raça:

Mulher-fera (Gata-Vermelha | Gata-Dourada)

Classe:

Espadachim

Level:

45/99

HP:

198

MP:

129

Força Física:

181

Vitalidade:

188

Agilidade:

202

Inteligência:

147

Mágica:

189

Destreza:

110

HABILIDADES

(Atuação Lv7) ⋯ Canto Lv5 ⋯ Etiqueta da Corte Lv6 ⋯ Detecção de Presença Lv5 ⋯ Técnicas com Espada Lv5 ⋯ Esgrima Lv5 ⋯ Técnicas com Escudo Lv2 ⋯ Habilidades com Escudo Lv4 ⋯ Percepção de Veneno Lv4 ⋯ Magia do Fogo Lv5 ⋯ Dança Lv5

HABILIDADES ÚNICAS

Despertar

TÍTULOS

Princesa (Guarda Real)

EQUIPAMENTOS

Vestido de Seda Divina Anel de Disfarce de Avaliação Bracelete de Substituição

 

Por que diabos havia algumas coisas entre parênteses? Havia um monte de coisas notáveis como atuação, guarda real e até um anel de disfarce de avaliação. As coisas entre parênteses estavam disfarçadas e minha avaliação no nível máximo e o Olho do Empíreo conseguiam vê-las?

Não tinha certeza, pois podia haver coisas escondidas por trás de uma camada ainda mais forte de camuflagem. Outra parte confusa era a "Princesa (Guarda Real)". Não sabia dizer se isso significava uma guarda de sangue real ou uma guarda que atendia especificamente a uma pessoa da realeza. Eu queria investigar mais, mas o disfarce da avaliação ocultou mais detalhes.

De qualquer maneira, a princesa parecia muito fraca, considerando que ela era filha "daquele" Lorde das Feras. No entanto, imaginei que era um pouco injusto compará-la com alguém que chegou ao rank S. Além disso, ela era mesmo muito linda para uma garota de dezesseis anos. O único problema real que vi foi que seus níveis de habilidade eram baixos em comparação com seu nível de status. Talvez ela sempre teve alguém por perto para enfraquecer os monstros por ela? Eu duvidava muito que o Lorde das Feras trapacearia para aumentar o nível de sua filha, mas essa era a única maneira de explicar a discrepância.

Espere! Ela não deveria ter quinze anos? O aniversário dela acabou de passar?

Concluí que a fonte do meu mal-estar era o anel de disfarce da avaliação. Ela não devia ser suspeita, já que o mestre da guilda a estava escoltando. Avaliando algumas pessoas ao seu redor, descobri que elas eram damas e atendentes da corte, assim, as coisas pareciam ainda mais legítimas. Não devia haver perigo em se aproximar dela.

Voltei lentamente para Fran.

“Parece que está tudo bem. Podemos cumprimentá-la ”

“Nn. Entendido.” ela respondeu.

Como havia apenas uma gata-negra evoluída e se sabia que ela era uma garotinha, eles deveriam perceber quem era Fran. O apelido Princesa do Raio Negro era uma boa identificação e nos proporcionava uma posição social decente por essas partes.

Nós nos aproximamos da princesa e desta vez chegamos perto o suficiente para ela nos notar.

— Ó. Por acaso você é a Princesa do Raio Negro? — ela perguntou.

— Nn.

— Ei, cuidado com a boca! — um guarda gritou. — Você deve falar com Sua Alteza com respeito!

Pelo visto, ele não gostou da resposta curta e franca de Fran. Mas a princesa censurou seu guarda.

— Controle-se! — ela disse. — Você não se lembra que meu pai nos ordenou especificamente que a recebêssemos com cortesia?

Ao que parecia, o Lorde das Feras providenciou as coisas com antecedência. Caramba, obrigado cara.


Nota

¹ Eventos do capítulo 152.



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