Volume 6

Capítulo 236: O pedido para um combate simulado

"Parece que está na hora de fazer o que Gamud nos pediu. Por que não seguimos em frente?"

— Nn.

"Então vamos ter que lutar contra alguns jovens aventureiros...?"

— Pronta para fazer o melhor.

"Uh... tenho certeza de que não era isso que ele queria que você fizesse."

— Nn?

No mínimo, deveríamos estar mais focados em nos segurar. Havia uma boa chance de Fran destruir as esperanças e os sonhos dos aventureiros se ela os espancasse demais. Eu sabia que Gamud pensava bem desse grupo, mas duvidava que eles fossem páreo para ela, em especial devido a natureza do pedido do mestre da guilda que parecia ser derrotá-los. Ainda assim, eu duvidava que eles fossem tão fracos. Não haveria nenhuma razão para Gamud pedir a Fran em particular que duelasse com eles se o grupo não fosse pelo menos capaz de lutar.

Portanto, mais uma vez, esse poderia não ser o caso. Gamud nunca se provou do tipo de educador que jogava uma garota de um penhasco e dizia para ela voar, apenas para ajudá-la a desenvolver uma sensação de altura. De qualquer maneira, não havia muito sentido em ficar sentado remoendo o assunto. Descobriríamos isso quando os víssemos.

Com isso em mente, saímos da sala que Regus havia reservado e voltamos para o andar de baixo. Achei que não haveria nenhum problema em seguir direto para a sala do mestre da guilda, mas senti que isso violaria o código de conduta da Guilda dos Aventureiros. Para esse fim, fiz Fran procurar uma das muitas recepcionistas da guilda.

— Gamud aqui?

No entanto, ela meio que pulou toda a parte do relato, uma vez que apenas perguntou sobre Gamud.

— Bom dia Fran. Aguardávamos sua chegada. Por favor, siga-me.

A mulher que respondeu à pergunta de Fran nos levou não ao escritório de Gamud, mas a uma sala diferente nos fundos. A sala em questão parecia um arsenal, pois estava abarrotada com todo tipo de equipamento.

À nossa espera, naquela sala, estava o chefe da guilda, todo preparado e pronto para a ação.

— Estou feliz que você tenha vindo!

— Nn. Por que equipado? Participará do sparring¹?

A voz de Fran estava cheia de antecipação. Infelizmente para ela, ele acabou negando a pergunta ao balançar a cabeça em rejeição.

— Nah. Eu só vou agir como o juiz. A armadura que estou vestindo é uma contingência, sabe, para o caso de eu ser atingido. Eu não vou participar de nada.

— Ó.

No começo, Fran reagiu com desapontamento, mas logo lembrou que enfrentaria um grupo de aventureiros e acabou acenando com a cabeça, motivada.

— Mmph.

"Não bata neles com muita força, tá legal?"

— Nn. Vou dar meu melhor.

Uhh... não foi isso que eu quis dizer...

Fran apertou as duas mãos para expressar como estava motivada. Ficou claro que eu não podia fazer mais nada pelos aventureiros com quem ela estava prestes a lutar, mas rezei para que eles tivessem mais sorte em suas próximas vidas.

— Você está pronta?

— Quando quiser.

— Então vamos. Tenho certeza de que os pirralhos estão usando nossas instalações para treinarem.

Gamud nos levou a um campo de treinamento interno com um diâmetro de cerca de 30 metros. Suas paredes pareciam bastante grossas. Você provavelmente não seria capaz de danificar nada fora da sala, a menos que se esforçasse bastante.

— Reúnam-se, pirralhos!

— O que que há?

— Bom dia!

— E aí.

— Ei!

Eu estava esperando por apenas duas ou três pessoas, mas na verdade eram nove. Suas personalidades variavam bastante. Os participantes incluíam todos os tipos, desde valentões de aparência preguiçosa ao tipo supertenso que estava com as costas retas com entusiasmo.

A avaliação deles me permitiu descobrir que eles eram muito mais fortes do que eu esperava de início. Os dois mais fortes eram dignos do rank D. Um deles era um Espadachim Fantasma nível 27, e o outro um Mago das Chamas nível 26. O restante ficou em média em torno do nível 22. Até o mais fraco, um Batedor, conseguiu chegar ao nível 20.

— O treinamento de hoje será um sparring.

Os jovens aventureiros começaram a conversar entre si assim que Gamud os contou o que estava acontecendo. Parecia que a razão para isso era mais porque eles eram um grupo que gostava de conversar.

— De novo?

— Não podemos lutar com Forrund? Eu preferiria mais isso.

— Ééé, não é verdade? O Sr. Gamud é muito ruim em se conter.

— Ó, maldição! Calem as bocas!

Os gritos de Gamud na mesma hora trouxeram o silêncio de volta ao campo de treinamento.

— Tudo bem. Por que você não se apresenta?

— Nn. Fran.

Todos os olhares dos aventureiros dispararam para Fran quando ela se apresentou antes de passar para um dos escudeiros do grupo.

Eu não entendi por que eles se incomodaram em fazer isso até que o avaliei.

Só então soube que ele, Red, tinha acesso à Avaliação nível 7. Em outras palavras, eles olhavam para ele porque não eram capazes de medir a força de Fran. Eles tiveram que confiar no rapaz para dar todos os detalhes porque ainda eram muito inexperientes para adivinhar o nível de habilidade dela com apenas um olhar.

Infelizmente para eles, isso foi em vão. As estatísticas reais de Fran foram encobertas e escondidas. Ele não seria capaz de captar nada além das besteiras aleatórias que decidimos usar para preencher seu cartão de estatísticas.

Red acabou encolhendo os ombros e mostrou uma expressão que quase fez parecer que ele estava tirando sarro da garota-gato. O gesto parecia ser uma expressão do fato de que a briga em que eles logo se envolveriam não era digna de nota.

Sua mensagem levou seus colegas a relaxarem. Se eu tivesse que adivinhar, diria que eles presumiram que tinham que lutar com Fran porque ela iria se juntar a eles.

— Ela vai enfrentar todos vocês hoje.

— … você tem certeza?

Um dos membros do grupo respondeu a Gamud em tom interrogativo.

— Eu tenho. Não há necessidade de se conterem. Sejam tão duros quanto quiserem. Você está pronta Fran?

— Nn.

As palavras de Gamud levaram todos no grupo, exceto o que tinha uma aparência séria, a começarem a sorrir. Eles pareciam ter assumido que as instruções de Gamud haviam sido dirigidas a eles e não a Fran. Era provável que eles estivessem pensando que o mestre da guilda quisesse que eles espancassem a garota um pouco para mostrar que ela ainda tinha um longo caminho a percorrer.

— Vamos nessa.

Eu tinha que dizer, Gamud era um babaca. Ele propositadamente fez suas palavras fáceis de serem mal interpretadas, para que fosse mais fácil para Fran quebrar o orgulho deles.

Mesmo assim, tive que admitir que a maioria dos aventureiros que ele havia reunido era bastante talentosa. Eles eram tão metidos quanto mereciam ser. Ainda assim, fazer Fran humilhá-los um pouco seria benéfico.

— O primeiro será Dewfo.

— Você quer mesmo que eu vá primeiro?

— O que foi, você não quer ir?

— Bem, eu não diria isso...

A primeira pessoa que Gamud havia ordenado a lutar era a com nível mais alto, o Espadachim Fantasma.

Fran olhou para o mestre da guilda para checar suas intenções, às quais ele respondeu com um sorriso e uma piscadela. Vê-lo piscar me encheu com uma sensação de repulsa, mas eu ainda consegui entender a mensagem. Ele queria que deixássemos o grupo em choque o quanto antes.

"Não seja muito dura com ele, você ouviu?"

"Nn. Não será impossível de corrigir com a Cura Superior."

"Ó, pelo amor de Deus! Não foi isso o que eu quis dizer."

Pessoalmente, preferia confiar um pouco mais na Cura Intermediária. Mas, de forma lamentável para Dewfo, Fran já havia me sacado e começou a caminhar em direção ao centro do campo de batalha com alegria.


Nota

[1] Sparring é um termo amplamente usado nas lutas marciais porque se refere a uma forma de treinamento comum na preparação para lutas oficiais.



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