Volume 6

Capítulo 235: O paradeiro de Gallus

Nos preparamos para abrir a carta de Gallus depois que nos acomodamos.

"Muito bem, vamos dar uma olhada nisso."

— Nn.

"Espere, não seja tão grosseira. Tente abri-la com um pouco mais de cuidado."

Fran rasgou a carta e abriu o selo para revelar o pedaço de papel em seu interior.

De forma clara, ela tinha a assinatura de Gallus, mas a escrita parecia meio bagunçada. Era quase como se ele estivesse com pressa para terminar de escrever a carta.

A carta começou descrevendo sua situação difícil. Ela dizia que um nobre importante havia ordenado que ele completasse um pedido com o máximo de sigilo, por isso não conseguiu entrar em contato conosco por outros meios. Em seguida, ela continuou da seguinte forma:

"Não posso te dizer exatamente para onde fui. Tudo o que posso dizer é que provavelmente estarei em algum lugar da capital quando você ler esta carta. Por enquanto, não serei capaz de vê-la, mas gostaria que nos encontrássemos assim que o leilão real começar. Eles vendem todos os tipos de equipamentos por lá. Tenho certeza de que eles terão algo que chame sua atenção, por isso te encorajo a vir. Ah, e eu estou planejando fazer uma bainha nova, espero que seja do seu agrado. Estarei esperando por você na capital. Gallus."

Então ele está na capital? Isso com certeza parecia bastante conveniente, vendo como já estávamos planejando seguir para lá.

"Bom, lá se foi a ideia de encontrá-lo em Barbola."

— Nn. Mais motivos para ir para a capital agora.

"Pois é. Isso é verdade."


Fomos para a Guilda dos Aventureiros no dia seguinte. Nosso objetivo era trocar notas com Regus. Nós já tínhamos uma compreensão aproximada de onde Gallus estava no momento, mas ainda esperávamos que ele pudesse fornecer um pouco mais de informação.

— Ficou esperando?

— Nah, eu também acabei de chegar aqui. Eu tenho algumas informações boas para você.

Muito bem. Esperava que não fosse algo redundante.

— Eu reservei uma sala no andar de cima. Deveríamos seguira para lá antes que eu conte mais.

— Entendido.

A proposta de Regus era promissora, pois implicava que a informação que ele tinha não poderia ser dita ao alcance do público. Para esse fim, subimos as escadas e nos sentamos em frente a ele.

— Silêncio.

— Você realmente faz jus à sua reputação, Princesa do Raio Negro. Sua magia do vento parece ser de primeira.

Fran usou Silêncio para impedir que qualquer som escapasse de nossos arredores, assim poderíamos falar sem ter que nos preocuparmos em ser ouvidos.

— Vou ser sincero, não consegui identificar com precisão a localização de Gallus.

— Nn. Não há o que fazer.

Ele então descreveu o que já sabíamos. Ou seja, ele nos disse que Gallus havia aceitado um pedido de alguém associado ao governo e que havia deixado Barbola em segredo.

— Com base na sua reação, eu diria que você já sabia de tudo isso. Eu acho que isso significa que terei que continuar com algo que você não deve saber.

— Nn.

— A pessoa que entrou em contato com Gallus estava, ao que tudo indica, trabalhando para o marquês Ashtonah. Não posso dizer com certeza se Ashtonah emitiu o pedido através do país ou se ele decidiu apenas emitir ele mesmo, mas estou mais inclinado a dizer que foi a primeira opção.

— Ashtonah? Ouvi em algum lugar.

"Essa é a família de Celldio."

"Nobre que quer Lâmina Divina?"

"Esse mesmo."

O funcionário da casa de Ashtonah tentou agir em absoluto sigilo, mas não conseguiu passar despercebido pela rede de informações de Regus. Sua identidade foi evidenciada pelo pequeno acessório que ele usava com o brasão da família gravado e pelo uso de uma das moradias da família Ashtonah.

Claro, a pessoa que entrou em contato com Gallus não foi a única que Regus havia notado. Muitos dos vassalos do marquês entraram na cidade logo após o incidente com Rynford. Eles tentaram se esgueirar, mas acabaram se destacando.

— Ah, sim, ouça essa próxima parte com desconfiança. A fonte onde obtive a informação não é muito confiável, mas, ao que parece, uma carruagem partiu da vila de Ashtonah no mesmo dia em que havia boatos de que Gallus havia deixado a cidade.

— Subiu na carruagem?

— Muito provavelmente, sim.

Eu não pude deixar de ter uma impressão bastante ruim de Ashtonah. Primeiro, ele ordenou que seu filho procurasse Lâminas Divinas, e agora ele até pegou Gallus.

— Gallus ileso?

— Ele deve estar bem pelo que eu ouvi. Eles estão atrás das habilidades dele, então estão mais inclinados a tratá-lo bem do que o contrário.

Regus tinha um argumento bastante sólido. Eles não podiam machucá-lo ou deixá-lo de mau humor, a menos que não se importassem em diminuir a eficiência de seu trabalho. Da mesma forma, eles não podiam fazer uma lavagem cerebral no anão, porque havia uma chance de ele esquecer muitas das coisas que o tornavam tão habilidoso quanto era.

Eles também não podiam ameaçá-lo, porque isso não o faria ouvi-los. Ashtonah precisava fornecer condições ideais se quisesse que o ferreiro fizesse o que se consideraria um trabalho perfeito.

— Acima de tudo, Gallus é considerado o Ferreiro Honorário do Reino de Kranzell. Esse é um título que apenas o rei pode conceder, o que significa que ele foi reconhecido pela família real. Qualquer um que o force a algo provavelmente será julgado por traição.

— Silenciá-lo, é possível?

— Eu divido disso. Gallus é importante, tão importante que o Estado iniciaria uma investigação completa se ele desaparecesse por muito tempo. Você nunca pode ter certeza que ocultou uma ação que não tem mais volta, mesmo que pense que encobriu todos os seus rastros. Esse não é um risco que vale o tempo do Marquês, sobretudo porque ele perderia tudo no momento em que alguém descobrisse o que foi feito.

Eu entendi o argumento de Regus, mas, aos meus olhos, os nobres tinham a tendência de ser estúpidos o suficiente para correr esse tipo de risco.

— Você não precisa se preocupar. Diz-se que Gallus é o mais próximo que você encontrará de um ferreiro de nível divino. Seus serviços valem uma quantia ridícula. Eles não farão nada que os faça correr o risco de perdê-lo.

Mais uma vez, Regus tinha razão. Parecia que estávamos com a ideia errada e que não havia razão para pensarmos que ele fora arrastado à força. Pensando nisso, embora a carta de Gallus fizesse parecer que ele fora forçado a algo que não queria, ela não fazia parecer que ele fora submetido a qualquer tipo de violência.

O anão nos dizendo para encontrá-lo no leilão poderia ter sido interpretado como ele não sabendo onde estaria até então. Ele estava nos dizendo que poderíamos entrar em contato com ele lá. Isso era tudo.

— É tudo o que sei sobre Gallus, mas tenho um pouco mais de informação para você. Sendo mais específico, é sobre o Marquês Ashtonah e sua família.

— Explique.

— Pelo visto, um de seus subordinados causou algum tipo de incidente. Como resultado, sua residência secundária, que fica aqui em Barbola, em breve estará sujeita a uma inspeção do governo.

Parecia que o incidente com Celldio tinha feito com que o país começasse a suspeitar do Marquês. Isso significava que o pedido que eles emitiram a Gallus estava de alguma forma ligado ao incidente?

Não havia como discernir se esse era mesmo o caso, porque nos faltavam informações para chegar a alguma conclusão.

— Ele também despachou um grupo de cavaleiros para as Planícies Maokami, mas eles não foram capazes de chegar até lá. Apenas alguns voltaram, a maioria foi dizimada na Floresta da Exaustão.

— Planícies Maokami? Floresta da Exaustão? Por quê?

— Desculpe, mas não consegui cavar tão fundo. No entanto, sei que ele contratou um grupo de aventureiros para tentar investigar a mesma área depois que seus cavaleiros falharam.

Parecia que o Marquês estava muito obcecado com a ideia de ter as Planícies Maokami vasculhadas. As planícies abrigavam feras demoníacas rank B, então tive dificuldade em acreditar que ele encontrou alguém capaz de fazer o trabalho.

— Os aventureiros que aceitaram seu pedido tinham ranks baixos, então não foram capazes de trazer os resultados que ele esperava.

Aparentemente, o Marquês não queria que tudo desse errado, então ele não causou uma grande comoção nem fez um pedido designado.

— E acho que isso foi tudo o que consegui descobrir. Desculpe, não consegui grandes revelações.

— Informação valiosa.

Ele não só verificou que Gallus estava seguro, como também nos contou um pouco sobre os assuntos da família Ashtonah. Nós com certeza obtivemos um bom valor por seus serviços.

Pagamos a Regus os 30 mil Gorudo que lhe devíamos e nos despedimos.

"Bem, que dor de cabeça para localizarmos o Velho Gallus."

— Nn...

"Embora, ele tenha dito que entraria em contato se fôssemos ao leilão, acho que podemos esperar até que isso aconteça."

— Entendido.

Tudo bem. Estava na hora de realizar o pedido de Gamud.



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