Volume 6

Capítulo 234: A Guilda dos Ferreiros

Chegamos à Guilda dos Ferreiros cerca de 20 minutos depois de deixarmos A Mesa do Dragão

Gamud apenas nos contou sua localização geral, mas, para ser honesto, era tudo o que precisávamos para localizá-la, porque o prédio se destacava de todos os outros edifícios nas proximidades. Parecia uma enorme oficina. A fumaça subia ativamente pela chaminé. O terreno onde o prédio ficava era enorme e todas as pessoas que entravam e saíam eram homens de aparência severa.

Embora não houvesse nenhuma maneira de não ser a Guilda dos Ferreiros, uma parte de mim esperava que estivéssemos no lugar errado. Eu queria muito saber o que mais isso poderia ser.

Tentei imaginar todas as possibilidades, mas minha linha de pensamento foi interrompida quando nos aproximamos. Acontece que vi um brasão com martelos cruzados desenhado na placa da porta do prédio, o que sem dúvidas indicava que o local era de fato a Guilda dos Ferreiros que estávamos procurando.

Uma onda de pressão me atingiu no momento em que entramos no prédio. O teto do saguão era baixíssimo. Era quase como se o local tivesse sido construído para intimidar as pessoas que entravam. Senti como se tivesse entrado em um local de trabalho destinado exclusivamente a homens duros.

— Hmm? Você tem negócios aqui?

O recepcionista da Guilda dos Ferreiros não era nada do tipo que víamos na Guilda dos Aventureiros. O anão musculoso que trabalhava na mesa não se incomodou em sorrir. Em vez disso, ele falou em voz baixa e lançou um olhar penetrante a Fran, quase como se quisesse ameaçá-la.

— Procurando por pessoa.

— Então você veio ao lugar errado. Vá falar com a Guilda dos Aventureiros.

Sua resposta fria quase o fez parecer um barman que acabara de rejeitar alguém pedindo leite.

— Procurando ferreiro. Gallus.

— Não sei de quem você está falando. Você já está satisfeito, garotinha?

— Não. Preciso de uma pessoa mais informada. Aqui, presente.

— Ó?

O tom do recepcionista mudou no momento em que ele colocou as mãos na bebida que havíamos trazido. Pois é, isso é um anão para você.

— Esse é um poderoso... tsk.

Ele esticou a mão para a garrafa de vinho que Fran colocara em cima do balcão, mas ela a levou embora antes do anão a alcançar. O ato fez com que o homem a olhasse de maneira relutante, mas a garota não se importou com ele e apenas guardou a garrafa de volta em seu Armazenamento Dimensional.

— Encontre pessoa. Próxima de Gallus ou saiba sua localização.

— ... espere um pouco aqui.

O recepcionista anão deixou sua mesa e se dirigiu para dentro do edifício. Levou cerca de dez minutos para enfim ele voltar para sua mesa.

— Siga-me.

— Nn.

Parecia que ele havia encontrado a pessoa, pois ele começou a nos guiar pela guilda. Acabamos entrando no subsolo e passando por uma série de portas grandes, apenas para nos encontrarmos no interior de uma sala bastante pequena. Apesar de seu tamanho, ela conseguiu se transformar em um escritório de luxo que parecia pertencer a alguém importante, dada a aparência chamativa dos móveis. Contudo, estava tudo escuro. Nenhuma luz direta conseguia alcançar qualquer um dos quatro cantos da sala. O dono da sala só era capaz de operar nela porque era um anão.

— Eu a trouxe chefe.

— Bom trabalho.

Ao que parecia, fomos levados direto para o chefe da guilda, apesar de não termos dito ao recepcionista quem éramos. Não consegui identificar o motivo pelo qual ele fez isso, mas achei que era porque mencionamos Gallus, mostramos a bebida que trouxemos conosco ou uma combinação de ambos os fatores.

Independentemente disso, acabamos dando a ele uma garrafa de vinho quando ele saiu.

— Tem certeza?

— Ainda tenho mais.

— Magnífico. Ficarei feliz em tirá-la de suas mãos então.

De forma surpreendente, o recepcionista acabou nos mostrando um grande sorriso. Eu sabia que ele era um anão, mas, caramba!

— É vinho o que estou vendo?

— Nn. Presente.

— Acho que isso significa que terei que levar isso a sério, não que não teria feito isso. Afinal, prefiro não correr o risco de provocar a ira da Princesa do Raio Negro.

Acontece que o chefe da Guilda dos Ferreiros já tinha ouvido falar de Fran. Na verdade, ele nunca se encontrou com ela e só sabia que a Princesa do Raio Negro era uma Gata-Negra, mas ele ainda conseguiu identificar o fato de que ela era a pessoa que todo mundo estava falando. Eu não estava muito surpreso. Não era tão difícil deduzir a identidade de Fran.

Havia duas razões principais para descobrir quem ela era havia se tornado uma tarefa tão simples. A primeira e mais importante foi porque ela havia se tornado um assunto muito debatido nos últimos tempos. O povo de Barbola já estava ciente de que ela estava na cidade, então eles começaram a falar sobre ela. A segunda era que Fran era forte. Não havia muitos Gatos-Negros fortes, e um único olhar atento nela era mais do que suficiente para qualquer indivíduo habilidoso descobrir que ela estava um nível acima do resto. Colocar dois e dois juntos permitiu concluir que Fran era, de fato, a Princesa do Raio Negro dos rumores.

Pedimos ao chefe da Guilda dos Ferreiros a localização de Gallus, ao qual ele respondeu fazendo uma expressão um pouco obscura. Sua reação não pareceu muito positiva, mas pelo menos serviu para evidenciar que ele sabia quem era o velhote.

— Seu nome é Fran?

— Não sabia?

— Não. A única coisa que sabíamos era seu apelido.

— Nn. Chamada Fran.

— Então, estou certo ao supor que você costumava ser chamada de Garota da Espada Mágica?

— Nn.

Fiquei um pouco confuso sobre o motivo pelo qual ele se preocupou em confirmar o antigo apelido e o nome de Fran.

— Entendo... para ser sincero, nem mesmo eu sei exatamente para onde Gallus foi.

“Mestre?”

"Ele está dizendo a verdade."

Nem mesmo o chefe da Guilda dos Ferreiros sabia onde poderíamos encontrar Gallus.

— Eu tenho pelo menos um pouco de informação. Não me importo de contar, mas só se você jurar não contar a ninguém. Isso é altamente confidencial.

— Nn. Não contarei.

— Bom. A última vez que ouvi, Gallus havia recebido um pedido extremamente secreto de um nobre.

— Pedido ultrassecreto?

— Nem eu sei o que isso implica. Tudo o que sei é que era algo que um nobre influente lhe pediu em pessoa e que ele era contra. Isso é tudo.

Parecia que nem mesmo Gallus era capaz de recusar pedidos de nobres importantes. Se o fizesse, o nobre em questão poderia acabar causando problemas para ele e para a Guilda dos Ferreiros como um todo.

— Então significa que foi abduzido?

— Ele como certeza estava sendo forçado a fazer algo contra sua vontade, mas não é tão ruim quanto você está imaginando. Eles pelo menos fizeram um pedido oficial.

— Ó.

O chefe da Guilda dos Ferreiros não estava mentindo, o que significava que não conseguimos encontrar Gallus porque ele foi forçado a fazer algo que não podia contar a ninguém.

— A verdade é que ele deixou uma carta para você, ele me disse para entregá-la a Fran, a Garota da Espada Mágica. Na verdade, eu tinha feito alguns arranjos para que você fosse levada direto para mim se aparecesse, porém...

O novo apelido de Fran, a Princesa do Raio Negro, tornou-se muito mais difundido do que o anterior. O próprio Gallus nunca suspeitaria que de repente ela ganhasse um novo apelido e, de forma natural, não sabia o que esse novo apelido poderia ter sido, então sua carta ainda estava endereçada à Garota da Espada Mágica. O nome antigo tinha acabado de aparecer; foi tão rápido que eu quase senti falta dele; ouvi-lo de novo me encheu com uma sensação de nostalgia.

— Aqui está. Eu mesmo não a olhei, então não faço ideia do que ele escreveu.

— Nn.

Parecia que ele estava mais uma vez dizendo a verdade.

— Ah, sim, me faça um favor e não leia aqui. Eu ficaria em uma situação complicada se isso mencionar o pedido que ele recebeu do Estado. Prefiro não me envolver mais do que já estou.

Ao que tudo indicava, apenas carregar a carta já era algo que o chefe da Guilda dos Ferreiros considerava bastante arriscado.

— Tá.

E assim, pegamos a carta, entregamos a bebida que trouxemos e seguimos nosso caminho.

Como não tínhamos como saber o conteúdo da carta, acabamos decidindo que seria melhor encontrar um lugar sem ninguém por perto antes de abri-la.

"Nós vamos passar a noite na cidade, então é melhor alugar um quarto em algum lugar e lê-la lá."

— Nn. Entendido.

Fran e eu acabamos decidindo sobre um lugar na Guilda dos Aventureiros, considerando como já teríamos que ir para lá no dia seguinte.

— Nn. Belo quarto.

"Mostra que você recebeu pelo que pagou."

O quarto custava 15 mil por noite, principalmente porque tínhamos escolhido o melhor quarto com banheiro que conseguimos encontrar.

Embora a própria Fran tivesse dito que ficaria bem com um quarto barato, eu insisti no contrário, de forma evidente, sobretudo por vaidade. Fran tinha conseguido um apelido muito incrível. Eu queria muito deixá-la agir de uma maneira que fosse adequada a ele.



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