Volume 6

Capítulo 229: A Princesa do Raio Negro dos rumores

— Ainda bem?

— …

— …

Entramos em contato com os comerciantes depois de eliminar os wyverns inferiores que os perseguiam, mas eles não foram capazes de nos fornecer nenhum tipo de resposta imediata. Em vez disso, eles apenas tremiam no local enquanto olhavam para longe.

Eles não pareciam capazes de desviar o olhar da destruição que acabamos de causar. Para ser honesto, eu não podia culpá-los. Eu tinha ido um pouco longe demais.

— Uh… então…

— Parece que... nós conseguimos...

— Assim sendo, a respeito daquela recompensa…

Os rostos dos comerciantes empalideceram. Eu não podia culpá-los. O que eles testemunharam foi algo propenso a deixar uma pessoa comum em estado de choque, e o preço que declaramos claramente não ajudou. Havia uma boa chance de eles terem interpretado nossa oferta como uma espécie de ameaça.

— Nós três temos cerca de 50 mil Gorudo conosco no total.

No começo, pensei que eles tinham um pouco de dinheiro disponível, mas depois percebi que essa era a norma, já que eles eram mercadores. Além disso, seus tons pareciam sugerir que eles não achavam que essa quantia era suficiente pagar pelos serviços de Fran.

— Bom o bastante.

— Hum? Sério? Você tem certeza?

— Nn. Porque foram pegos no ataque.

Acabamos usando o fato de que eles acabaram dentro da onda de ventos que acompanharam Kanna Kamui como uma desculpa para diminuir o custo, apesar do fato de termos os curado depois.

— Mu-muito obrigado!

— Vo-você realmente nos salvou.

— Teríamos morrido sem a sua ajuda.

Eles ficaram gratos, apesar de termos acabado recebendo todo o dinheiro que tinham em mãos, o que parecia implicar que o preço de mercado por nossos serviços era muito mais alto do que apenas isso.

Nós nos separamos dos comerciantes e seguimos nosso caminho. Sabíamos que eles estavam indo na mesma direção que nós, então acabamos matando todas as feras demoníacas que encontramos ao longo da estrada e abrimos caminho para o trio. Porém, fizemos isso apenas porque sentimos vontade, ao contrário de escolher fazer isso com o espírito de serviço.

Não demorou muito tempo para experimentarmos uma segunda interrupção após lidar com a primeira, pois encontramos um grupo de pessoas grandes o suficiente para serem consideradas um obstáculo. O grupo parecia ter vindo da direção de Barbola e estava indo na direção de Ulmut. Tive dificuldade para identificá-los, pois eram um pouco organizados demais para aventureiros e pouco equipados para cavaleiros.

A maioria deles parecia estar no limite, e alguns até tinham suas armas sacadas.

Embora eu os tenha chamado de obstáculo, eles não estavam no nosso caminho. Poderíamos passar por eles com facilidade, desde que fosse isso o que queríamos fazer. Eu estava bastante inclinado a escolher essa opção porque não queria nos envolver em algo muito problemático.

— Pegar desvio?

"Nah, não faremos isso. Eles podem acabar entendendo mal nossas intenções se fizermos isso."

A razão pela qual eu disse isso foi porque eles pareciam poder nos ver. Havia uma chance de eles assumirem que escolhemos fugir se déssemos uma meia-volta repentina. Mesmo assim, eu não sabia o propósito do grupo, e havia uma boa chance de eles não terem boas intenções.

"Certifique-se de estar pronta para lutar a qualquer momento, caso seja necessário."

— Nn.

Au.

Urushi pisou no freio e diminuiu a velocidade ao se aproximar do grupo. Ao vê-lo se aproximar, o grupo preparou suas armas na mesma hora.

Algumas das armas que foram sacadas eram arcos, mas, felizmente, não sofremos nenhum ataque. Até onde eu sabia, suas ações foram motivadas por duas razões distintas. A primeira foi que eles conseguiram sentir que não estávamos emitindo nenhuma sede de sangue. A segunda foi que eles conseguiram manter a compostura apesar de serem bastante fracos como indivíduos. A maioria deles era tão forte quanto um rank E mediano. O homem que liderava o grupo parecia um pouco mais forte que o resto de seus membros. Parecia que ele era um rank D, mas estava nesse nível por muito pouco.

A maioria dos membros do grupo estava focada em Urushi; muitos nem tinham notado Fran. Mas, me repetindo, eu não podia culpá-los. Afinal, uma fera enorme e maciça basicamente tinha acabado de correr direto para eles.

Nem Fran nem eu pensávamos em Urushi como algo além de um animal de estimação fofo, mas isso não valia para alguém que não o conhecia.

"Ei Fran, seria melhor você sair de Urushi e andar um pouco."

— Nn. Entendido.

"Quanto a você, Urushi, provavelmente seria melhor mergulhar na sombra dela."

Au.

O ato de Urushi se encolher e entrar na sombra de Fran fez com que alguns membros do grupo soltassem alguns gritos de surpresa. Fran não prestou muita atenção à reação deles, pois continuava se movendo na direção deles.

Eu me preparei para nos teletransportar a qualquer momento. Meu plano era nos mover para o céu, para que pudéssemos destruí-los com magia se eles se mostrassem hostis.

Fran começou a caminhar a cerca de 50 metros e se aproximou em um ritmo bastante acelerado. O grupo não foi capaz de reagir até que ela alcançou a marca de cinco metros. Só então o homem que estava na frente do grupo por fim a chamou.

— Qu-quem diabos é você!?

— Nn?

— O que diabos houve com aquele lobo de antes? E por que diabos você não nos cumprimentou!?

— Oi. Tchau.

— Espere, espere! Espere aí garota!

Eu meio que esperava ser capaz de ignorar o grupo e seguir em frente, mas não tinha muita certeza se esse era o melhor curso de ação, uma vez que não fazíamos ideia de quem eles eram.

— Que tal consertar essa sua atitude? Você não sabe que somos os Mercenários de Dimuyr?

Ó, pelo amor de Deus. Todos os mercenários são assim? Por que eles pensaram que nós os conheceríamos?

O homem imediatamente começou a fazer perguntas a Fran sem pausa. Ele perguntou quem ela era, para onde Urushi foi e se algo havia acontecido um pouco mais adiante na estrada.

Ele parecia ficar cada vez mais irritado com o tempo porque não gostava da atitude de Fran. Sua voz aos poucos foi ficando cada vez mais alta como resultado.

"Mestre, ideias?"

"Hmmm... talvez seja melhor sairmos depois de ignorá-lo um pouco mais."

Ou assim pensei. Na verdade, não conseguimos colocar meu plano em ação porque um segundo grupo, a retaguarda, alcançou o primeiro logo quando começamos a nos mover. De forma evidente, eles pertenciam à mesma organização e para nosso aborrecimento, acabaram entrando no caminho.

Comecei a acumular minha energia mágica enquanto observava a situação se desenrolar.

— O que diabos você está fazendo?

— Nada de especial papá, er, Líder da Divisão. Só estou interrogando alguém que parece suspeito.

— Interrogando? Por que diabos você faria isso? Estamos sendo pagos para acabar com um grupo de wyverns inferiores, e não para interrogar alguém. Você encontrou um batedor de um grupo de ladrões ou algo parecido?

Parecia que a pessoa que liderava a retaguarda tinha uma posição mais alta do que o cara que primeiro nos abordou. Ele também parecia ser o pai do primeiro cara, visto como ele o chamou de papá.

— Bem, não, mas…

— Então por que diabos você está a incomodando!? Pare de brincar e perder tempo!

— Ó-ó, por favor! Só me dê um segundo! Eu estava prestes a começar a intimidá-la para fazê-la abrir o bico, então vou fazer isso bem rápido!

Ora, ora, ora, o que temos aqui? Ele queria intimidar Fran? Ouvi isso direito? Acho que isso significa que deveríamos derrotar o cara que nos parou antes de usar o resto de seu grupo de mercenários para praticar tiro ao alvo.

O líder da divisão pareceu perceber na mesma hora que Fran e eu estávamos ansiosos por uma briga.

Ele empurrou seu filho e subordinados para o lado para que pudesse vê-la melhor. Seu rosto empalideceu no momento em que fez isso. Ele reagiu imediatamente, virando-se para o filho e dando-lhe um tapa na cara.

— Gaahh! O qu-que diabos foi isso papá!?

— Pelo amor de Deus! Você é um idiota! Eu não posso acreditar que você é tão estúpido!

— Rghghh! Arghghh!

O chefe bateu no filho várias vezes até que o mercenário mais novo perdesse a consciência. Nenhum dos outros mercenários pareceu entender a causa da explosão repentina de seu líder e, como resultado, acabaram olhando surpresos.

Da mesma forma, também acabamos o encarando, porque não conseguimos entender o que estava acontecendo. Meu único palpite era que ele de alguma forma confundiu Fran com algum tipo de nobre influente.

— Eu sin-sinto muitíssimo! Meu subordinado estava agindo sem a permissão do grupo, juro que não tínhamos intenção de fazer de você um inimigo. Por favor, nos perdoe.

Parecia que o líder da divisão realmente nos confundiu com outra pessoa, pois acabou se ajoelhado e implorando para que o poupássemos.

— O que diabos vocês estão fazendo!? Abaixem suas cabeças e ajoelhem-se neste instante! Vou demitir qualquer um que desobedecer a essa ordem!

A ordem era um tanto ridícula, mas continha uma sensação de autoridade que obrigava os mercenários a obedecerem.

— Mais uma vez, sinto muito pelas atitudes dos meus subordinados. Por favor, Princesa do Raio Negro, perdoe a grosseria deles.

Acontece que ele não nos confundiu com alguém. Ele sabia quem era Fran e que mexer com ela resultaria em seu fim.

— Es-espere, essa é a Princesa do Raio Negro dos rumores?

— Ouvi dizer que ela não mostra nenhuma piedade a ninguém que mostra hostilidade…

— Sim, e ela até apaga todas as pessoas que a desobedecem...

Os mercenários começaram a fofocar enquanto capturavam a identidade de Fran, mas um único olhar de seu comandante acabou silenciando-os.

— Nn. Posso ir agora?

— É claro!

— Então partindo.

— Tenha uma viagem segura!

De forma surpreendente, o comandante mercenário acabou nos dando suas bênçãos ao se despedir de nós. Eles não haviam nos causado nenhum dano, então não vi nenhum motivo para retaliarmos. Mesmo assim, fiquei muito curioso para saber por que eles tinham tanto medo de nós. Eu queria aprender mais sobre os rumores que as pessoas estavam espalhando sobre nós.

O resto de nossa viagem foi tranquila, chegamos a Barbola sem sofrer mais interrupções.

"Bem, estamos aqui. Acho que deveríamos visitar todos os nossos conhecidos e dar uma olhada no Velho Gallus."

— Nn.



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