Se der Ruim, Viro Ferreiro Japonesa

Tradução: Rudeus Greyrat

Revisão: Ma-chan


Volume 6

Capítulo 100

Agora que o Feitiço Supremo de Helan estava completo, eu precisava utilizá-lo o rápido possível. Isso porque, aparentemente, quanto mais cedo à maldição fosse quebrada, menores seriam as cicatrizes deixadas no território.

Embora minha mente já estivesse pronta, o velho Moran e os outros queriam esperar mais um pouco. Entendo muito bem a razão pela qual eles queriam mais tempo, ou melhor dizendo, só havia um motivo para estarem tão hesitantes.

Assim, foi decidido que executaríamos o plano daqui a uma semana.

Quando penso no povo de Helan tendo uma vida miserável depois de abandonar suas próprias terras, sinto vontade de usar o feitiço imediatamente. Também estou preocupado com meus pais na capital.

Ainda bem que mandei o Lahsa de volta para a capital. Também estou preocupado se o Príncipe Arc anda incomodando a Iris… enquanto o Rail fica observando de longe, se divertindo com a situação toda…

E quanto ao Toto? Continua cultivando suas preciosas ervas na escola? Bem, se é ele, provavelmente estaria fazendo uma cara feia mesmo se as coisas estivesse correndo bem.

A essa altura, o Vaine já deve ter completado sua missão. Eu quase posso imaginá-lo desajeitadamente protegendo as pessoas próximas a ele. E também a Crossy tentando reconstruir o país enquanto protegida por ele.

Os amigos que fiz na academia me vieram à cabeça. Foi por um curto período, mas tive o prazer de criar algumas boas lembranças. Não acho que terei mais a chance de voltar para lá.

Não só a minha terra foi arruinada, como também mão tenho sequer um fragmento da honra que tive antes.  Não seria um exagero dizer que estou em situação pior que a de um nobre caído. Não há como alguém com esse status social seguir descuidadamente a busca de estudos superiores. Primeiro, devo fazer o que tenho que fazer.

Eu vou reconstruir esta terra, torná-la ainda melhor do que o território Helan que prosperou por causa das fontes termais. No entanto, me pergunto em que tipo de lugar posso transformar Helan …

“A Terra dos Trabalhos” – não parece ruim. Eu vou espalhar minhas habilidades como ferreiro e, não só isso, vou treinar pessoas com diferentes trabalhos aqui. Quero transformar este lugar em uma terra que irá transbordar com os melhores trabalhadores do país no futuro.

O que começou como um leve plano para o futuro, me fez pensar em mais e mais ideias enquanto me deitava na cama. Ainda posso contribuir muito para o território Helan… ou assim que deveria ser.

Mas estou bem ciente de que isso agora é um sonho que não poderá ser realizado. Meu coração já está em paz com isso.

Assim como Helan, que usou o Feitiço Supremo para interromper a maldição, eu provavelmente seguirei o mesmo destino.

Isso mesmo, eu vou morrer.

Para quebrar uma maldição que tão grande é natural que o preço a se pagar também seja grande. Não, na verdade, uma vida pode ser até um preço pequeno a se pagar para reviver esta terra. Sim, é um preço pequeno, muito pequeno.

Isso mesmo, meu trabalho não é reconstruir o território, mas sim, trazê-lo de volta a vida. Minha missão é reviver a terra onde flores bonitas crescem ao redor. Tudo além disso… será o dever de uma outra pessoa.

Seria ótimo se o Lotson-san, quem mais me ajudou a transformar este lugar, tomasse a iniciativa, mas… não seria bom colocar esse fardo em seus ombros. Ele é uma pessoa extremamente talentosa e esse talento certamente seria aceito de braços abertos em uma terra abençoada. Não quero fazê-lo desviar de seu caminho para cuidar de Helan a partir do zero.

Sendo assim, a quem devo confiar a terra? Não há dúvida de que será um trabalho duro, com muitos obstáculos a serem superados. Quem faria isso de bom grado? Pode não ser algo que eu precise me preocupar, mas, se estou indo embora, preciso deixar tudo pronto antes de partir.

Enquanto pensava, o tempo passou muito rápido. Fiquei impressionado em quão rápido as horas corriam à medida em que o dia predestinado se aproximava.  Depois de mais três dias, fui chamado por Moran-ji e Petel-san. Eles tinham uma expressão sombria, então eu meio que entendi o que eles iam dizer.

— Jovem Mestre, eu realmente sinto muito. — Essas forma as palavras do velho Moran.

— Sobre o que? Eu não sinto nada além de gratidão à vocês. Não há nada que precise se desculpar, Moran-ji.

— Não, embora tenha demorado, nós finalmente percebemos a nossa tolice.

— Tolice? Não conheço ninguém que seja mais sábio do que você!

O velho Moran balançou a cabeça enquanto olhava para baixo.

— Nós somos idiotas, grandes tolos. Nosso sonho, nosso sonho de salvar esta terra, no final, deixamos para os outros. Eu nunca deveria ter falado sobre o feitiço supremo par ao senhor.

— Por quê!? É algo que só eu posso fazer. E não só isso, eu mesmo que decidi que faria isso!

— NÃO! Se não tivéssemos lhe ensinado, o Jovem Mestre nunca a teria aprendido!

— Se você tivesse feito isso, a magia suprema teria sido perdida para sempre… O território Helan teria sido amaldiçoado pela eternidade e as pessoas que lutaram por esta terra antes nunca seriam recompensadas!

— Mesmo assim… mesmo assim. Teria sido ótimo se pudéssemos fazer isso… No entanto, não podíamos fazer isso. Desse modo, não tivemos outra escolha a não ser deixar o jovem mestre Kururi fazer isso. Ou pelo menos era o que eu pensava. Mas agora, já não sei se é a coisa certa a fazer.

…Por que dizer isso agora? Por que eles decidiram parar e refletir suas decisões? Eu não conseguia ver a razão por trás disso.

— Eu vou morrer, não é? Mas não tenho medo disso. Se pudermos superar essa maldição, se isso é algo que só eu posso fazer, terei prazer em fazê-lo, ficarei feliz em dar a minha vida. Esses são meus verdadeiros sentimentos.

— Eu sei que o Jovem Mestre é muito inteligente. Que você provavelmente já sabia disso há muito tempo. Que se o senhor estivesse determinado, nós seríamos atraídos por sua força e o seguiríamos…

O velho Moran e Petal-san olharam um para o outro, parecendo desanimados.

— As lágrimas de uma menina são muito dolorosas, você sabe, nari…

Lágrimas de uma menina …

— Exatamente. Nós pensamos que o senhor era o único na posição mais difícil e dolorosa. Por isso, quando vimos que seu coração estava disposto a se tornar o sacrifício para proteger tudo, decidimos assistí-lo até o fim em silêncio.

O velho Moran deu um grande suspiro e continuou.

— Não havíamos contado à jovem Eliza-sama que iria morrer. Mas ela também é uma garota esperta, então pensei que poderia ter percebido de alguma forma, foi então que decidi sobre os planos futuros. Sobre o que acontecerá com o território Helan, o que acontecerá com o senhor… e ela… suas lágrimas não pararam.

Ele abaixou a cabeça, pedindo desculpas a mim. Então eu o fiz dizer algo que a obrigação era minha, não é?

— A jovem Eliza te ama, nari. Eu estava feliz que as lágrimas de Harp foram às últimas lágrimas de uma mulher que eu havia visto, nari. Ver uma mulher chorar não é algo que eu gostaria de presenciar muitas vezes… Aquelas lágrimas pareciam exatamente com as que Harp derramou no final, nari.

Petal-san lembrou-se do passado e apertou a mão contra o peito. A tristeza que eles estavam sentindo era muito profunda.

Mas…

— Ainda assim, eu farei isso!

— … Se você não fizer isso, as terras de Helan permanecerão amaldiçoadas. O povo de Helan será forçado a ter uma vida difícil em outros territórios e provavelmente irão acusa-los de serem responsáveis pelo que aconteceu aqui. Mas, mesmo assim, o jovem mestre Kururi poderá continuar vivendo, poderá ficar ao lado da jovem Eliza e acredito que a sua vida seja algo necessário para este mundo.

— Não penso assim. Para deixar de lado algo que só eu posso fazer… tenho certeza de que me faria apodrecer por dentro. Se eu fugir daqui, provavelmente vou ser tratado como um idiota incompetente. Vou passar o resto da minha vida ouvindo as pessoas falando pelas minhas costas! Eu não quero nada disso!

 

— Mas o que você vai fazer quanto a Eliza-sama? Você vai deixá-la!?

…Deixar Eliza sozinha, hein? Sua família está em uma condição péssima agora. Ela se separou da mãe e do pai, agora está em um lugar como este. Se até eu desaparecesse, quem a protegeria? Sei que ela não é uma mulher fraca para sempre ser protegida, mas isso não significa que devo negligenciá-la…

Mas eu acredito nela. Acredito que ela irá se recuperar e florescer em uma maravilhosa dama.

— Eu vou conversar com ela… Sobre meus sentimentos, sobre o futuro, sobre ela mesma. Moran-ji, Petal-san, por favor, não tornem isso público. Vocês dois gastaram suas vidas por isso. Não só vocês, Harp-san e até mesmo o primeiro Helan, todos os seus sentimentos foram colocados aqui. Eu não irei desperdiçá-los, mas também não irei deixar ninguém se arrepender. O futuro é certamente brilhante e para que isso aconteça, eu estou aqui.

 

◇◇◇

 

Eliza não estava na casa de Petel.

Eu segui o caminho que levava até floresta e a encontrei no lago. Ela estava sentada, olhando para as águas e já não chorava mais. Mesmo depois que me viu, não houve reação. Eu cheguei perto e me sentei ao lado dela. O chão estava um pouco molhado, então acho que arruinei o clima para uma conversa.

— Esse lugar onde você sentou está molhado.

— Nem me fale, a minha bunda está toda encharcada agora.

Nós dois começamos a rir. Apesar de minhas calças estarem ensopadas nós rimos muito, tanto quanto podíamos. Esta pode ser a última vez que fazemos isso, certo?

— Não podemos ter o herói que estará salvando o território Helan sendo desajeitado assim, podemos?

— Sim, você está certa. Eu sinto muito.

— Ouça bem, a pessoa que vai ser o senhorio deve sempre agir de modelo para seu povo. Ele não deve deixar ninguém perceber quando suas calças estiverem molhadas. E mesmo que percebam, deve ser ousado e agir como se estar com a bunda molhada fosse estiloso!

— Claro, entendo perfeitamente.

— Que bom que você entende. Kururi-sam seria perfeito se fosse um pouco mais orgulhoso.

Um pouco mais orgulhoso, hein…? Vou manter isso em mente.

— Kururi-sama…

— Hmm?

— Até agora, eu nunca lhe contei isso diretamente, mas… eu… eu te amo muito, sabia?

— ….Sim. Um pouco.

— E… o que você pensa de mim…?

“Ca-cara, como isso é embaraçoso! Ser perguntado assim de frente!” 

— Eu… eu também te amo! Para mim você é uma pessoa muito, muito preciosa!

— Muito! Muito, mesmo!?

— O ser mais precioso!

— Uuuug… Estou tão feliz!

Foi então que ela abraçou a minha cabeça e começou a me afagar. Isso me fez sentir um pouco de cócegas, mas era uma sensação muito boa.

— Desde quando… você começou a pensar em mim, Eliza…?

“Eu me pergunto quando… Provavelmente depois do nosso primeiro incidente na academia.”

— …Talvez naquele dia em que te dei uma flor de presente?

— Mm, mmm. Não, acho foi mesmo antes.

— Mesmo antes?

“Quando foi isso? Hmm… não sei. Sempre achei que aquela flor tivesse tido o maior efeito, mas…”

— A resposta é desde a primeira vez que te vi. Seu brilhante cabelo vermelho, sua atitude amigável ao contrário dos outros nobres, a atmosfera amável em torno de você. Você roubou meu coração desde a primeira vez em que te vi!

“SE-SÉRIO!? ISSO TAL COISA É POSSÍVEL!?”

— Eu também! Desde a primeira vez que te vi, duvidei dos meus olhos, pensando em como uma garota tão bonita poderia existe. Lembro-me disso claramente. Você estava tão deslumbrante, forte… e um pouco assustadora.

— Eh? O que você disse na última parte?

— N-não, nada…

Depois disso, falamos sobre os primeiros dias. Como o fato de que ela realmente não odiava Iris e até que gostava dela. Que ela sabia sobre a combinação de Crossy e Vain, e como ela também estava curiosa sobre as estranhas ervas do Toto. Sobre tudo que ela gostava da vida da academia.

Eu tinha que aprender sobre tudo isso e apenas a escutei, falar sobre como as coisas forma em seu ponto de vista. Meu maior desejo era ficar para sempre ouvindo sua voz ao lado dela.

— Eliza, posso ter um minuto?

— Eh? O que foi? Eu estava prestes a falar sobre o método de cultivo de batatas fantasmas também.

— É uma conversa importante, então eu queria que você ouvisse atentamente.

Parece que ela percebeu onde eu queria chegar. Sua expressão contente de um tempo atrás desapareceu completamente.

— Eu provavelmente morrerei três dias depois de executar a mágica suprema. Não, minha morte é certa, eu acho. Sinto muito por isso, não tive coragem de te contar isso mais cedo.

— […]

Eliza não uma palavra, mas ainda continuei.

— Mesmo depois que eu morrer, quero que você seja feliz. Mas há uma última coisa que gostaria de te pedir. Você vai ouvir?

— […]

Ela ainda não disse nada.

— Quando o território Helan for libertado da maldição, quero deixar a restauração das terra para você. Com seus conhecimentos e habilidades, isso definitivamente funcionará. Eu acredito em você, mas é provável que será uma tarefa difícil. Ainda assim, posso te pedir isso porque é você. Não, é algo que não posso pedir a mais ninguém além de você.

Algo que só posso pedir a Eliza. Por favor, cuide desta terra depois que eu me for.

— …Um mundo sem o Kururi-sama é como um ensopado sem batatas… não faz o menor sentido.

Ela se levantou e deixou o lago.

Não entendi muito bem a comparação, mas parece que fui rejeitado. Eu queria deixar isso nas mãos Eliza.  Eu teria sido capaz de ir tranquilamente assim. Mas também sinto que não vai ser tão ruim.

Lahsa, Iris, Toto, Príncipe, Rail e talvez até Vain protegerão esta terra. Se for eles, eu posso partir em paz. Não há nada que eu possa fazer quanto a Eliza… mas vou rezar para que ela encontre a felicidade à sua maneira. Sim, certamente ela irá… e rezo para que ela viva repleta de alegria.


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