Setes Japonesa

Tradução: Batata Yacon

Revisão: Delongas


Volume 9

Capítulo 9: Determinação


Não havia muito até Beim, e estávamos realizando nossa pausa final.

A razão de termos descansado um pouco afastados da estrada principal era para que viajantes e mascates, e outros aventureiros não fossem capazes de reconhecer que éramos um grupo protegendo outro.

Não acho que haja muitos por aí capazes de diferenciar à vista, mas não havia absolutos, então descansamos um pouco afastados.

(Apesar de isso não ser tudo.)

Mantendo cautela dos nossos arredores, virei meus olhos para as carruagens que estávamos escoltando. Com o último ataque, o exterior delas fora deixado em um estado e tanto, mas com um pouco de cuidados, funcionariam muito bem.

Por perto, os cavalos dos atacantes descansavam, carregados com os pertences dos atacantes.

De dentro da Joia, o Quarto falou:

『Nós teremos que deixar os cavalos com alguém, então os gastos crescerão. E se não formos hábeis em vender o equipamento, a informação vai fluir por aí. Talvez você deva mantê-los por um tempo.』

Eu era da mesma opinião. Se acabasse comigo pensando demais sobre isso, então tudo bem, mas se nosso oponente fosse persistente o bastante para procurar por nós em Beim, não havia espaço para negligência.

O Sexto soltou sua voz.

『É claro, se eles quiserem descobrir, há um número de meios de o fazerem. Nunca pense que não há como eles te rastrearem. Agora, antes de entrar em Beim, que tal você...』

— KYAAAAAH!!

Antes que o Sexto pudesse falar, eu ouvi um berro.

Era a voz de uma mulher. Eu e Eva, que também estava de vigia, corremos até o local, e lá estava o homem ferido que havíamos auxiliado. Ele esteve desmaiado até agora.

Ele resmungava para si mesmo, enquanto levantava uma faca.

—- … Aura… Aura…

Talvez ela estivesse no meio do tratamento dele, mas a virgem consagrada próxima havia caído de costas em medo. Atrás dela, Aura-san mantinha-se imóvel.

— P-por que você está…

 

Ela tinha uma expressão como se não pudesse acreditar em algo, e parece que sua mente não havia entendido a situação atual.

(A fadiga dela devido às viagens estranhas também deve estar em seu pico. Ah, por enquanto, eu deveria...)

Nós não fomos os únicos a vir correndo.

Thelma-san e Gastone-san também vieram, e berraram para Aura-san correr.

— O que é que você está fazendo!? Rápido e fuja!

Thelma-san agarrou o braço da Aura-san, e a sacudiu de volta à realidade. A indivídua se recuperou com sucesso de sua confusão, mas...

— Aurraaaaaaa!!

O homem saltou para Aura, e a virgem se colocou na frente. Ela foi empurrada de lado com força bruta, então Gastone-san se colocou na frente da Thelma.

— Guh!

Parecia que a faca havia perfurado seu estômago.

Eu saltei à frente, agarrei o braço do homem, joguei a faca em substância sanguínea de lado, e o pressionei contra o chão.

O homem berrava, como se estivesse sob um feitiço.

— Auuraaaa!! Auraaaaa!!

Ele berrou algumas vezes. Uma Skill que interferia, e controlava a mente de alguém. Se era do mesmo tipo que a do Terceiro, ou apenas uma similar... qualquer que fosse o caso, o homem estava controlado por essa Skill.

— Fique no chão!

Eu continha o homem se debatendo, enquanto a Eva corria para o Gastone-san. Clara também viera para oferecer uma mão para a virgem consagrada no chão.

Aria e May ficaram de vigia.

Thelma-san foi até o lado do Gastone-san, e apertou sua mão.

— Gastone!

— T-Thelma-sama... então você está segura.

Sua respiração estava rouca, e enquanto a Thelma-san respondia com um “todos os outros estão ilesos”, ele parecia deleitado.

Aura-san lentamente caminhou até ele.

Gastone-san parecia estar se forçando a sorrir.

— P-por que você me protegeu? Eu... não sou mais uma candidata a Donzela Sagrada ou nada parecido.

Nisso, o Gastone-san...

— Peço desculpas por te envolver nisso. Mas fico feliz por estar segura...

Enquanto a Thelma-san agarrava o peito do Gastone-san, a substância sanguínea fluía em um ritmo constante.

Suas roupas estavam tingidas em um vermelho profundo.

Thelma-san deitou o Gastone-san, e segurou seu braço. Outros começaram a se reunir, e quando derramaram suas lágrimas, as pernas da Aura-san se renderam sob si.

Eu amarrei o homem descontrolado, e o pus inconsciente, antes de falar:

— ... Nós teremos uma pausa estendida. Nosso grupo também auxiliará nos serviços fúnebres.

A Thelma-san...

— Obrigada.

E a Aura-san, ainda caída onde estava, berrou:

— O que é isso... isso é tudo por causa da sua falha! Porque você não nos protegeu! Foi por isso que o Sumo Sacerdote Gastone teve que jogar sua vida fora, não foi!? Se você aceitou o pedido, deveria estar arriscando sua vida para nos proteger! O que foi isso? O que é tudo isso...

Vendo as lágrimas da jovem Aura-san, meu coração começou a doer.

... Thelma estava com Aura em sua carruagem.

Ela sentava-se no lado direito, virada para a frente. Aura sentava-se na ponta esquerda.

O grupo do Lyle estava preparando uma tumba para Gastone, e Thelma havia abordado a carruagem a fim de acalmar a Aura.

— Aura, não se culpe.

Quando Thelma disse isso, as lágrimas da Aura começaram a descer em largas gotículas.

— Mas... mas...

Do ponto de vista da Aura, não havia dúvidas de que Gastone era apenas um Sumo Sacerdote usando ela. Mas também era verdade o quanto ele se importava com ela.

Até a Thelma não havia sido nada além de uma filha de mercador no começo.

Aura havia nascido em uma pobre casa de Cavaleiros, sendo deixada na custódia do templo quando não tinha mais parentes para cuidar dela.

Para as duas, a Donzela Sagrada não era nada além da marionete para os Sumo Sacerdotes. E no meio de tudo isso, Gastone havia servido elas com todo seu coração.

Não, talvez isso tudo tenha sido para proteger Zayin, mas nem a Thelma nem a Aura podiam se levar a odiar o homem.

— Por conseguir te proteger, o Gastone ficou satisfeito. Ele estava rindo, sabe?

Aura falou:

— Se aquele bando tivesse feito o trabalho deles direito..! Então o Gastone...!

No dia em que ela se tornou uma candidata à posição de Donzela Sagrada.

Gastone havia lhe dito para abandonar todos os honoríficos quando se dirigisse a ele. A fim de deixar clara suas posições como mestre e servo.

E Gastone havia lhe servido durante todo o tempo com esse nível de sinceridade.

— Aura, não é como se o grupo do Lyle-dono tivesse sido negligente. O Lyle-dono... sentiu a possibilidade de que algo assim aconteceria. Ele até insistiu que ficássemos tão longe daquele homem quanto possível. Mas fui eu quem insistiu nisso.

Isso, o Lyle havia pedido que seu grupo fosse o responsável por cuidar do ferido. Relembrando, ele provavelmente havia previsto a possibilidade desde o começo.

— Então ele deveria ter simplesmente falado! Foi porque ele...

— Aura!

Quando Thelma berrou, o corpo da Aura sacudiu em resposta, e ela fechou sua boca.

— Me desculpa. Mas eu sabia que isso ia acontecer.

— Eh?

Thelma fechou seus olhos, e indiferentemente prosseguiu. Dentro da carruagem, com seus trajes ainda parcialmente manchados de vermelho, ela havia cruzado seus braços sobre seu colo.

— Nossas vidas eventualmente seriam almejadas. Foi precisamente por isso que fugimos. Pensei que a possibilidade seria menor para você. Mas você foi a primeira que eles tentaram visar. Originalmente, deveria ter acabado apenas conosco.

Aura olhou para Thelma com uma expressão em branco.

— ... Então quando vocês me deixassem fugir, você, e todo mundo iria...

Thelma abaixou sua cabeça.

— Provavelmente não haveria nada que nós fôssemos capazes de fazer sozinhos. Tanto quanto fugíssemos, eles viriam nos matar. Mas nunca pensei que você seria a maior prioridade deles.

Thelma falou do coração.

A pessoa visada com a maior prioridade fora a Aura.

Os Cavaleiros Divinos... não, aquela que Zayin queria morta era Aura.

Aura falou:

— Então, é culpa minha que o Gastone...

Thelma prosseguiu:

— Isso teria acontecido eventualmente. Era só uma questão de ser cedo ou tarde.

Aura segurou ambas as mãos contra sua cabeça, e agarrou seus cabelos. Ela parecia estar prestes a arrancá-los, então Thelma pegou suas mãos, e fitou seu rosto com uma expressão séria.

— Aura, quando você chegar em Beim, você vai viver uma vida quieta, não é?

— Thelma-sama?

— Eu tentarei resistir com aqueles que restarem. Por sorte, o Lyle-dono têm algumas conexões. Não tenho ideia do quão longe ele será capaz de ir, mas eu garantirei de dirigir os olhos de Zayin na minha direção.

Suas palavras preenchidas de determinação não eram nenhuma falsificação.

Aura sacudiu sua cabeça para o lado.

— Vamos fugir juntas! Eu não posso deixar você morrer também. Se chegar a isso, então eu terei outra dívida que não poderei pagar...

Em sua visão caótica cheia de lágrimas, seus olhos captaram um vislumbre das manchas vermelhas nos trajes de Thelma.

Talvez ela houvesse imaginado a morte da Thelma, já que sua expressão estava empalidecendo.

(Mesmo que falasse mal, você atendeu nossas expectativas, e se tornou uma candidata a Donzela Sagrada. Você é realmente uma garota bondosa.)

Ela se pôs a competir contra a atual Donzela Sagrada Remis. Se ela tivesse tempo, poderia até ter ganho.

Mas Thelma sabia que a garota só havia se tornado uma candidata devido a obrigação para com ela.

— Aura, daqui em diante, você deveria decidir sua própria vida.

— E-eu?

— Isso mesmo. Você precisa fazer a decisão. Se for viver quietamente em Beim, então quando entrarmos na cidade, não seremos nada além de completas estranhas. Eu deixarei com o Lyle para garantir que você tenha os arranjos para sobreviver. Mas não se envolva conosco de novo. Isso será pelo seu próprio bem.

— Não quero. Eu não quero uma coisa dessas!

Aura colocou suas duas mãos em volta da Thelma, e Thelma a abraçou em resposta.

— Está tudo bem fugir. Se você escolher lutar, o que te esperará certamente será uma estrada mais cruel... tanto eu quanto o Gastone apenas desejamos sua felicidade.

Aura levantou seu rosto para olhar para Thelma. Seus olhos se avermelharam, e sua boca se calou. Parece que ela estava contendo suas lágrimas.

— Eu... não quero mais ser separada. Eu não... quero mais perder familiares. Mãe...

Thelma bondosamente afagou sua cabeça.

— Mesmo eu te falando para não me chamar mais assim... desde pequena, você sempre foi tão mimada.

Ela deu um sorriso amargo. Pensando em sua diferença de idade, elas realmente podiam ser mãe e filha.

Na realidade, a diferença de idade era apenas um pouco menor que a do Lyle e sua própria mãe.

Separando-se gentilmente da Aura, Thelma falou com um sorriso.

— Nós chegaremos a Beim no final do dia. Aura, você tem que escolher. É sua vida, sabe.

Aura abaixou seu olhar, antes de esfregar suas lágrimas, e levantar seu rosto.

— Eu vou lutar. Como uma candidata a Donzela Sagrada, como alguém envolvida, eu vou lutar. Então, por favor, não me deixe para trás.

O rosto da Thelma ficou sério.

— Você está bem com isso? Não vai se arrepender? Uma vida quieta tem sua própria felicidade a alcançar.

O rosto da Aura estava tão sério quanto.

Ela já havia se resolvido.

Thelma assentiu, fez sinal para Aura desembarcar da carruagem, e falou:

— ... Tenho certeza que eles já terminaram seus trabalhos. Aura, desça e lave seu rosto. Você não pode mostrar um olhar desses para o Gastone, pode? E você deve dizer a todos sua decisão.

Aura assentiu, abriu a porta da carruagem, e saltou para fora.

Thelma observou suas costas com um sorriso. Era realmente um sorriso maternal.

Mas...

— … Eh?

Quando Aura alcançou o exterior, seu rosto se apertou, e congelou...

Havia duas portas na carruagem.

Na frente da porta esquerda, nós aplaudíamos a Aura-san enquanto ela desembarcava.

Aria e eu, assim como a Clara, Eva, May, e todos envolvidos.

Junto a nós, as virgens consagradas que vieram sozinhas, e outros envolvidos.

O homem que se debatia antes também estava batendo palmas com um sorriso.

Gastone-san parecia bastante contente.

— Aura-sama, então você finalmente se decidiu?

Vendo ele começar a chorar, mais alguns também começaram a chorar.

Mas a garota em questão... Aura-san havia congelado como se houvesse visto algo que não podia acreditar.

Quando a Thelma-san saltou ao lado dela, Aura-san a agarrou.

— Vocês me enganaram?

— Que rude. Eu não fiz uma coisa dessas! Na verdade, aquele homem estava ferido, e inconsciente, e é verdade que a mente dele recebeu interferência. O Lyle-dono se livrou disso com antecedência. Mas a pessoa que ele tentou fazer de alvo primeiro foi realmente você... Aura. E a possibilidade de eu ou o Gastone morrermos ainda é tão alta quanto sempre. Te carregar por aí como você estava sem se resolver estava me deixando inquieta. E se não fôssemos tão longe, você encontraria uma desculpa, e nunca teria falado seus verdadeiros sentimentos. Por quantos anos você acha que nos conhecemos?

Thelma-san olhou para o homem que esteve se debatendo, e ele coçou sua cabeça em embaraço.

A voz da Joia que eu ignorava vinha do Terceiro:

『Minha Skill não é incrível? Se ela pode fazer lavagem cerebral em alguém, então é claro que é possível dissipar lavagens cerebrais.』

Com a Skill do Terceiro, nós fomos capazes de desarmar o homem que havia se tornado uma armadilha humana.

Então fizemos ele atuar, e pegamos algumas substâncias sanguíneas da bolsa de truques da Mônica preparada para passar um pouco de tempo.

(Mas contar a ele que seus companheiros tinham morrido... e então fazer ele atuar um papel. Isso daí foi bem doloroso.)

De acordo com minha consulta com o Terceiro, esses foram os meios que selecionamos, mas...

O Quinto riu:

『Até sua personalidade terrível está se mostrando na sua Skill. Apesar de ter funcionado bem dessa vez.』

O Terceiro e o Quinto riram, como se para ameaçarem um ao outro.

O Sétimo me falou:

『E agora, Lyle... é hora de revelar o truque.』

Eu dei um passo adiante, e falei com a Aura-san:

— A fim de te deixar séria, eu dirigi uma peça. Por falar nisso, se você tivesse recusado, teria sido orientada a ir para a porta do lado direito, onde encontraria uma tumba falsa. Enquanto você rezasse por ele, Gastone teria sido enviado na frente para Beim. Mas você mostrou sua resolução! Nós lhe ofereceremos suporte com tudo o que temos!

Quando falei isso com um sorriso, Aura-san retornou o sorriso enquanto caminhava até mim.

A razão de eu ter falado isso propositalmente de um modo irritante foi para fazê-la dirigir sua insatisfação para mim.

Seria problemático se ela começasse a odiar a Thelma-san ou o Gastone-san, afinal.

Ter a ajuda de todos os três era uma absoluta necessidade.

— Entendo. Então você quer dizer que eu estive dançando na palma da sua mão? Pensei que você parecia falível, mas você está parecendo mais promissor agora, Sr. Aventureiro.

Nós dois sorrimos e rimos, antes de minha parceira de conversação levantar seus punhos no ar, e acertá-los no meu corpo.

Eu havia subestimado como o punho de uma garotinha, mas parece que minha avaliação foi errônea. Os movimentos de seu corpo eram harmoniosos, e seus punhos sem um fiapo de hesitação bateram na minha barriga.

“Gahah!”

O impacto correu pelo meu interior, e cuspi o ar em meus pulmões antes de cair de joelhos.

(Quando contei a ela que era eu por trás das cortinas, imaginei que receberia um ou dois tapas, mas em pensar que ela iria no plexo solar...)

Ela até havia adicionado o movimento e seus quadris, e diante desse golpe esplêndido, eu formei um sorriso forçadamente.

— E-esplêndido golpe corporal.

Nisso, Aura-san continuou a sorrir enquanto me olhava de cima, e apontava seu polegar para baixo.

— Muito bem. Eu participarei em seu plano. Você foi capaz de me enganar esplendidamente. E se você pode fazer tanto assim, então talvez eu possa colocar um pouco de expectativas em você.

De dentro da Joia, o Quarto soltou sua voz.

『Esse ângulo... esse punho... você está me trazendo memórias da minha esposa.』

O Sexto:

『Bem, ela parece resoluta o bastante. Agora nós temos todas as cartas que queríamos em nossas mãos. Lyle, isso está começando a ficar divertido.』

(... Está começando a ficar doloroso para mim.)

Quando coloco todos os meus esforços em meu sorriso, a Aria que estava ao meu lado murmurou:

— Lyle, você está tentando demais...

Parecia que ela estava empatizando comigo.

Eva falou:

— Acho que vou cortar essa cena. Vamos apenas tecer isso como algo emocional.

Ela estava tomando notas para transformar isso em uma canção. E escutando isso, a Clara...

— Você deveria ser firme ao fazer registros. Decisões assim são o que causam caos para estudiosos no futuro.

— Como se eu ligasse. Eu só quero que escutem minha canção. Não há necessidade nenhuma de verdades dispensáveis. Você tem que agradar os clientes.

— Esse é o seu julgamento. Eu não acho que seja bom decidir tão arbitrariamente. É por elfos serem assim que tantos estudiosos ainda estão lutando por conta do significado por trás de canções populares.

Não parece que ela perdoaria a Eva cortando essa cena. Se quiser perguntar se isso era algo do feitio da Clara, era. Então ambas tomaram suas notas, e chocaram suas opiniões.

May olhava para nós de longe.

— Humanos realmente são um saco.

E falou isso. Mas para mim também...

(Eu também acho.)


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