Volume 10

Capítulo 376: A cidade em caos

Uma grande comoção estava acontecendo em frente ao portão principal.

O portão estava prestes a ser quebrado... e era por dentro.

Maldições e gritos furiosos surgiam de todos os lados. Eu mal podia ouvir as vozes dos guardas. As únicas coisas que eu podia ouvir eram as vozes dos cidadãos.

— Vamos sair daqui!

— Como podemos ficar em uma cidade como esta!?

— Amarrem os guardas!

Era uma guerra civil... não, era um caos.

O ponto de inflexão foi quando a maldição do frenesi foi ativada no meio da cidade e até mesmo os funcionários da cidade foram afetados. Não havia como saber quando a pessoa ao seu lado ou sua família se tornaria um berserker. Esse medo transformou o povo em uma multidão furiosa.

Foi isso o que Carol antecipou. E não era algo que eu pudesse parar sozinho.

Subi uma parede deserta, pulei em um galho de árvore e subi a parede.

— Quem é você!

— Eu sou Ichinojo, um quase-barão.

Os guardas me saudaram quando eu mostrei o distintivo de quase-barão.

A maioria dos guardas era plebeu. Não havia cavaleiros com pariato por lá.

— Mas por que o quase-barão-sama veio a esse lugar?

— Para monitorar os detalhes dessa comoção, se nada acontecer, se o pior não acontecer, estão estará tudo bem.

— Enquanto o pior não acontecer? Mas o portão está prestes a ser quebrado, já estamos no pior cenário.

O guarda respondeu. Ele falou sério?

Motim. Confusão. Escapar da cidade.

Nada disso era o pior resultado. Não era a situação em que Carol esperava que fosse uma preocupação desnecessária ou o pior cenário que eu temia.

Eu olhei ao longe para a parede. O exército real ainda estava em posição em torno da cidade. Eles não fizeram nenhum movimento.

Isso era extremamente ameaçador.

— Quase-barão-sama, é perigoso olhar para fora pela beirada.

O guarda de plantão me avisou.

— ... não há soldados ocupando os muros? Mesmo que a cidade esteja cercada?

— Embora estejamos cercados, eles não são o inimigo. São soldados que lutam pelo mesmo país, nossos irmãos.

— Então você ainda os considera irmãos, mesmo que eles estejam apontando suas lâminas contra nós...

Era isso o que eles chamavam de confiança?

Para mim, não conseguia pensar nisso além de termos sido abandonados.

Apenas supondo que o pior fosse cansativo por si só.

Eu pensei comigo mesmo enquanto limpava o suor da minha testa.

No topo do clima tropical do continente do sul, o fervor dos cidadãos abaixo causava uma onda de calor palpável.

— Vou preparar algo gelado para bebermos.

— Não, não há necessidade disso.

Naquele momento, aplausos vieram dos cidadãos.

Parecia que eles invadiram o portão.

Os cidadãos correram para serem os primeiros a saírem do portão... então...

— !

O exército real disparou flechas imediatamente contra os cidadãos que saíram.

O pior cenário havia acontecido: o exército real não permitiria que ninguém deixasse a cidade.

Tornou-se uma demonstração de força.

Eles não esperavam que os soldados que deveriam protegê-los disparassem flechas. Os cidadãos que deixaram o portão gritaram.

Eu pulei das paredes e fiquei na frente dos cidadãos.

— Aumentar Megagelo!

Criei um enorme bloco de gelo virado para a frente e bloqueei temporariamente todas as flechas.

Ao mesmo tempo, esfriei o calor palpável como se fosse uma ilusão... ou melhor, o congelei.

— Todos, voltem para o portão agora! O exército real pretende nos matar se sairmos!

Meu grito foi um fracasso de certa forma.

As pessoas que foram alvejadas pelas flechas correram para entrar pelo portão, mas as pessoas de dentro que não sabiam a situação estavam tentando sair.

O portão não era estreito, mas havia pânico dentro dele. Não havia como dizer quantas pessoas seriam pisoteadas até a morte.

Nesse momento...

Eu ouvi uma música vindo de algum lugar.

Aquela voz gentil entrou nos meus ouvidos de modo natural.

Quando percebi, as pessoas fora e dentro do portão começaram a entrar depois de ouvirem a música.

Então, a canção parou de repente e os guardas que voltaram a si logo fecharam o portão e o barraram.

O que aconteceu?

Além disso, essa música... parecia que eu já tinha a ouvido antes.

Eu olhei ao meu redor e depois na direção em que ouvi a música.

Vi duas sombras se moverem em cima de um telhado ao longe.

Eu logo segui aquelas sombras.

— Eu sabia...

Haru e Carol estavam lá. Carol estava em sua forma adulta.

A música que ouvi agora... era semelhante à música que me chamou para Carol quando a conheci.

— Desculpe, Ichino-sama. Eu tomei uma decisão arbitrária.

Carol disse e voltou à sua aparência habitual.

— Foi uma grande ajuda. Mas essa música foi?

— Uma habilidade da Rainha Súcubo: Canto da Sirena1. Uma habilidade para hipnotizar as pessoas que ouvem a música e atraí-las.

— Sirena, hum?

As sirenas aparecem na mitologia grega como monstros marinhos que usam belas canções para seduzirem navios e afundá-los.

Neste mundo, elas podem não ser monstros, mas sim demi-humanos.

Minha imagem delas era algo como sereias com asas.

Entendo, não era exagero dizer que a música de agora era uma canção de sirena a julgar pelos efeitos.

— Mas estou surpreso que você possa transmitir sua voz daqui para o portão. Isso também foi um efeito do Canto da Sirena?

— Foi graças ao Talismã Alto-falante que Ichino-sama me deu.

Carol disse e me mostrou o pedaço de papel rasgado de talismã que havia perdido seu efeito.

— O Mestre foi capaz de antecipar essa situação e deu a Carol o Talismã Alto-falante. Estou cheia de admiração.

Haru ficou impressionada, mas eu apenas o confundi com o Talismã de Comunicação.

Eu nem sabia sobre a habilidade Canto da Sirena.

— Existem Sirenas neste mundo?

— Como os Centauros, elas são uma raça que já existiu. Ainda existem lendas sobre elas em vários países, mas não há evidências de sua existência atual. Talvez eles sejam uma raça marítima com o mesmo poder que Carol, mas podem criar ilusões para esconder suas aparências.

— Isso pode ser verdade.

Eu concordei e assenti com a cabeça.

Então, olhei para os cidadãos.

A notícia de que o exército real atirou flechas contra eles se espalhou entre os cidadãos. Ninguém mais tentou sair da cidade. Bem, poderia haver pessoas que tentariam escapar por lugares além do portão principal que eu não conhecia e morreriam.

— Você acha que os distúrbios diminuirão com isso?

— O número de pessoas que tentarão sair da cidade diminuirá. Mas a segurança pública na cidade se deteriorará.

— Carol também pensa assim. Além disso, a maioria das pessoas desconfiará dos outros e se esconderá em suas casas. Há também a preocupação com a escassez de alimentos. A única salvação pode ser o aumento da atividade de monstros que vivem no labirinto para iniciantes em comparação com os anos anteriores.

Então os monstros no labirinto para iniciantes também estavam surgindo com rapidez.

Dizia-se que a maioria dos monstros na dungeon eram monstros do tipo planta que dropavam ingredientes alimentares.

Felizmente, não houve nenhuma aparição de monstros com uma classificação incomparável como o que encontramos no labirinto intermediário. No máximo, apenas monstros raros apareceram.

No entanto, esse grande evento de surgimento de monstros, a maldição do frenesi e os ataques impiedosos do exército real.

O que estava acontecendo nesta cidade?


Nota

1 ― Na mitologia grega, as sirenas eram criaturas perigosas, que atraíam marinheiros próximos com sua música encantadora e vozes cantantes para naufragar na costa rochosa de sua ilha. Acreditava-se que as sirenas pareciam uma combinação de mulheres e pássaros de várias formas diferentes. Na arte grega antiga, elas eram representadas como pássaros com cabeças de mulheres grandes, penas de pássaros e pés escamosos. Posteriormente, foram representadas como figuras femininas com pernas de pássaros, com ou sem asas, tocando uma variedade de instrumentos musicais, especialmente harpas e liras.



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