Volume 10

Capítulo 357: Carol e Kikkori

Como não podíamos mais entrar nos labirintos, passamos nosso tempo fazendo compras e passeando.

Felizmente, fomos capazes de vender as pedras mágicas e as armadilhas que desarmamos na exploração da dungeon, então obtivemos bastante dinheiro. Na realidade, a pedra mágica de Kanesha foi vendida por 50.000 Sense. Afinal, era um monstro muito forte.

Após cerca de três dias, Neete entrou em contato comigo e me disse que queria voltar ao Meu Mundo. Ela deve ter se cansado do quarto da suíte. Suzuki havia pago uma semana de estadia com antecedência, então eu senti que isso era um desperdício, mas era melhor considerar os desejos dela.

Eu disse a Suzuki que ela havia decidido seu próximo destino e havia saído da cidade.

Estávamos visitando destinos turísticos todos os dias, mas ainda parecia haver muitos outros destinos na Rua Nihon1.

— Mestre, veja isso. Não é este o equipamento de treinamento fantasma, o Kondala? Eu li sobre isso em um livro na biblioteca do Lorde Demônio-sama.

— Não, aquilo é um riquixá2. Você poderia dizer que é uma carruagem de cavalos, mas puxada por uma pessoa em vez de um cavalo? Você pode andar em um dos destinos turísticos para viajar lentamente pela cidade e ouvir explicações sobre a região.

Sem dúvidas não era o pesado Kondala, o rolo compressor manual3.

— Mestre, o que é aquele item vermelho?

— Aquilo é um Torii4. Santuário Inari5 está escrito nele, então deve ser um local para adorar os deuses da colheita. No meu mundo, Inari é o deus de toda a indústria, assim, muitos lugares lhe oferecem oferendas. Havia um perto da minha casa também. A raposa era respeitada como o mensageiro do deus Inari, então também havia figuras de raposa.

— Ichino-sama é informado.

Carol disse com interesse.

Era natural que eu soubesse muito sobre isso. Orei inúmeras vezes para obter sucesso em minhas entrevistas de emprego e até solicitei uma limpeza cerimonial sete vezes.

Quando fui pela quinta vez, o padre xintoísta já havia reconhecido meu rosto e disse: — Acredito que você ainda não teve sucesso.

— Mas estaria tudo bem se eles mostrassem a existência do santuário Inari de forma tão descarada? Em termos de religião.

Pensei comigo mesmo, mas quando entrei no santuário, havia uma estátua da Deusa exibida no santuário.

Era Torerul-sama com orelhas e cauda de raposa.

— Ei!

De modo inconsciente, retorqui em voz alta.

Uma Pessoa Perdida (pessoa transmigrada) com certeza fez isso.

Em primeiro lugar, este mundo contava com a raça das raposas-marrons. A recepcionista da Guilda dos Aventureiros de Florence era uma delas.

A Igreja da Deusa não ficaria irritada com algo assim?

— Ah, há uma explicação abaixo. Um, uma Pessoa Perdida parece ter recebido permissão para fazer isso como sua recompensa depois de completar um labirinto. Junto com uma nota assinada. A igreja não pode reclamar se a Deusa permitiu isso.

A propósito, a explicação dizia: "Isso significa que a raça das Feras e a raça Hume esperam dar as mãos e trabalhar juntas", mas era sem dúvidas o interesse pessoal de uma Pessoa Perdida.

... Torerul-sama era a Deusa perfeita para isso.

Essa pessoa foi anteriormente oferecida como sacrifício a Deus?

Eles não fizeram nenhum trabalho e, como punição... esse poderia ser o motivo.

Por enquanto, nós três doamos para a caixa de doações e oramos batendo palmas duas vezes, como em um santuário xintoísta. Não era uma estátua da Deusa em uma dungeon, então eu não fui transportado para o espaço da Deusa.

— Heh, era uma igreja dedicada a Torerul-sama com orelhas de raposa?

— Não é uma igreja. Eles disseram que é um santuário xintoísta.

— ... um lugar onde a Deusa mora?

Hã? Eu ouvi algumas vozes familiares.

Ao me virar, vi o trio de mercenários Kikkori, Insep e Chuto.

— Ichinojo-san! Hã? Você chegou à cidade antes de nós?

Chuto perguntou em um tom alegre.

— Sim. Ah, Haru e Carol, é a primeira vez que vocês se conhecem. Esses caras são os mercenários com quem eu trabalhei, Kikkori, Insep e Chuto.

Kikkori e Chuto se curvaram um pouco quando eu os apresentei.

Eu estava prestes a apresentar Haru e Carol, mas Insep se intrometeu.

O Sr. Fura-Fila estava de volta.

— Ah, essa garota é a irmã mais nova de que Ichinojo-san estava falando?

— Eu estava prestes a apresentá-las. Esta é Haurvatat e essa é Carol. Elas viajam comigo. Estávamos viajando separadamente por várias razões no Principado de Nicplan e no Reino Shiraraki, mas nos reagrupamos em Cabras Rochosas.

Haru e Carol se curvaram quando eu as apresentei.

Kikkori riu quando ouviu isso.

— Eu sabia. A filha de File? Você tem os mesmos olhos que seu pai.

— Sim, File é meu pai.

Carol olhou para Kikkori e respondeu.

— Eu era amigo de File... como devo dizer isso? Ouvi falar de você inúmeras vezes pelas cartas que File me escreveu, assim, você parece uma filha para mim... haha, um pouco de poeira entrou nos meus olhos.

Kikkori esfregou os olhos e pareceu satisfeito por ter encontrado Carol.

Enquanto Kikkori estava divagando com Carol, Haru estava tendo uma batalha simulada com Insep e Chuto nos terrenos do santuário.

Eu me perguntava se estava tudo bem lutar no terreno do santuário, mas, ao que tudo indicava, era o papel dos lutadores dedicarem lutas às Deusas. Embora eu sentisse que apenas Setolance-sama ficaria feliz em receber essas oferendas.

Claro, os três estavam usando espadas de madeira.

Haru era proficiente em empunhar duas armas, mas desta vez, ela lutou contra os dois juntos com uma única espada. Por segurança, proibi o uso de habilidades. Até eu poderia matar monstros usando o Corte a partir de um gesto com a mão. Matar com uma espada de madeira seria simples.

Os três seguravam suas respectivas armas e investigaram seus oponentes enquanto se aproximavam.

Insep e Chuto fizeram o primeiro movimento.

Eles atacaram ao mesmo tempo da esquerda e da direita.

Eles estavam coordenando um com o outro. Um ataque simultâneo da esquerda e da direita com certeza seria difícil de bloquear com uma única espada. No entanto, isso aconteceria apenas se Haru não pudesse se mover.

Haru primeiro se aproximou de Insep e defletiu sua espada de madeira. Nesse período, o ataque de Chuto a alcançou, mas não havia como ela não conseguir bloquear um único ataque. Ela parou o ataque de Chuto com sua espada de madeira.

Depois disso, pude ouvir o som de espadas de madeira se batendo repetidas vezes.

Esse não era o estilo de Haru.

Haru fundamentalmente não recebia ataques. Ela era especialista em usar sua velocidade para fazer com que o oponente a perdesse de vista e os derrotava com um ataque ou evitava seus ataques para acertá-los com um contra-ataque.

Mas desta vez, ela estava recebendo e defletindo mais ataques e Haru manteve seus ataques na velocidade em que Chuto e Insep mal conseguiam reagir.

Ela parecia estar se divertindo.

No Labirinto Avançado, os Bonecos-armadilha apareceram, então corremos para limpá-lo durante os estágios iniciais e Haru era incompatível com o Elefante Demônio Kanesha, por isso ela não lutou muito.

A luta de espadas durou 10 minutos até Carol e Kikkori terminarem a conversa.

— Haa, haa, como esperado da companheira de Ichinojo-san... não acho que tenhamos qualquer chance de ganhar.

— Para ser capaz de lutar contra Insep e eu até este estágio... é como se você tivesse recebido a bênção divina da Deusa da Guerra Setolance-sama.

Insep e Chuto elogiaram Haru com respirações irregulares.

Sim, ela recebeu a bênção divina de Setolance-sama.

— Ambos os seus movimentos também não são ruins. Vocês querem lutar três contra uma da próxima vez? Eu os enfrentarei com minha empunhadura dupla.

A respiração dela estava um pouco desordenada, mas Haru parecia ter muita energia sobrando.

Insep e Chuto balançaram a cabeça enquanto sorriam.

"Ichinojo-sama, aqui é Rarael. As roupas de Haurvatat-sama e Carol-sama estão prontas."

Uma voz soou diretamente na minha cabeça.

Era parecido com ouvir a mensagem de aumento de nível, mas, ao contrário do tom inorgânico da mensagem, ouvir uma voz feminina sussurrar no meu ouvido era muito mais excitante.

Eu poderia dizer porque Haru ficou feliz em ouvir mensagens minhas também.

— Aqui, Haru, tome um pouco de água. Cura de Estamina e Limpar também.

Pedi que ela se hidratasse, recuperasse sua resistência com Cura de Estamina e limpei seu suor com Limpar.

Magia Cotidiana não tinha um tempo de recarga muito grande, então eu dei sequência com uma Cura de Estamina e Limpar em Insep e Chuto também.

— Fuu, isso foi bom. Muito obrigado.

— … meus agradecimentos.

Insep e Chuto me agradeceram.

— Desculpe, Kikkori, Carol. Vocês poderiam continuar sua conversa em outra oportunidade? Algo surgiu.

— Está tudo bem, terminamos de falar sobre a maioria dos assuntos.

— Carol está contente por ter conseguido ouvir muitas coisas sobre seu pai.

Kikkori parecia querer conversar mais, porém, Carol parecia muito satisfeita.

O homem parecia ser um pai que não suportaria se separar da filha.

Usando o Identificar Pensamento, senti que ele estava se sentindo meio feliz e meio apegado.

Perguntei onde eles estavam hospedados para que pudéssemos visitá-los na próxima vez.

Kikkori e os outros permaneceram nos terrenos do santuário enquanto nos movíamos para um lugar sem ninguém.

Ao longo do caminho, falei com Carol:

— … ah, Carol…

Eu deveria chamar o pai dela de File-san?

Eu tropecei nas minhas palavras por causa dos meus pensamentos, então a garota olhou para mim e disse:

— O pai de Carol amava muito Carol. Antes de ela nascer e mesmo depois que ela nasceu. Carol está extremamente feliz em saber disso.

Não havia necessidade de usar o Identificar Pensamento, estava claro que ela estava muito feliz.

Afinal, aquele sorriso em seu rosto era revelador.


Notas

[1] Os nomes japoneses para Japão são Nippon e Nihon. Ambos são escritos em japonês usando o kanji 日本. O nome japonês Nippon é usado para a maioria dos fins oficiais, inclusive sobre a moeda japonesa, selos postais, e para muitos eventos esportivos internacionais. Nihon é um termo mais casual e o mais usado na linguagem contemporânea.

[2] O riquixá é um meio de transporte de tração humana em que uma pessoa puxa uma carroça de duas rodas onde acomodam-se mais uma ou duas pessoas. O vocábulo riquixá tem origem na Ásia onde eram amplamente utilizados como meios de transporte pela elite. Atualmente, no entanto, os riquixás foram proibidos em muitos países na Ásia em decorrência dos numerosos acidentes. Os riquixás comuns têm sido substituídos, principalmente na Ásia, pelos ciclo-riquixás. Eles também são comuns em cidades ocidentais como Nova Iorque. Em Londres eles são conhecidos como pedicabs. O termo "riquixá" é utilizado também para esses veículos, mas esse artigo trata exclusivamente de riquixás puxados a pé. O vocábulo "riquixá" vem da palavra japonesa jinrikisha (人力車, onde 人 = humano, 力 = tração, 車 sha = veículo), que literalmente significa "veículo de tração humana".

[3] Referência ao equipamento de treinamento de Star of the Giants, onde os personagens puxam um rolo compressor pesado.

[4] Torii, ou tori, é um portão tradicional japonês ligado à tradição xintoísta e assinala a entrada ou proximidade de um santuário. O torii é composto de dois pilares verticais, unidos no topo por uma trave horizontal (kasagi) geralmente mais larga que a distância entre os postes, muitas vezes em coloridos tons de vermelho. Alguns têm escritos entre as barras horizontais. Tradicionalmente, o tori era de madeira ou pedra, mas, recentemente, começaram a ser feitos em aço ou aço inoxidável. Em torno desta estrutura básica, encontramos diversas variações, dependendo do estilo arquitetônico do santuário e da sua divindade principal (saijin).

[5] Inari Ōkami (também conhecida como Oinari) é um kami japonês das raposas, da fertilidade, do arroz, da agricultura, da indústria e do êxito em geral.



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