Volume 10

Capítulo 336: Festival do pão

Depois da livraria, fui para o lugar que Suzuki estava me esperando sozinho.

Suzuki e Pochi estavam esperando por mim fora de Cabras Rochosas.

— Suzuki, desculpe pela demora. Onde estão Miles e as outras?

Não havia lugar para se esconder por perto, então talvez elas foram fazer compras?

— Elas estão indo para a Grande Catedral na Colina Kyupilas a pé e não viajarão para Mallegory. Afinal, aquele lugar é uma terra santa para Miles, então ela parecia querer visitar o local pelo menos uma vez. Kusunoki-kun, e Haurvatat e as outras?

— Hmm, vou dizer já que é você. Eu posso usar magia para convocar minhas companheiras. Então, apenas eu viajarei para Mallegory e planejo convocá-las com esse feitiço quando chegarmos lá.

— Entendo… mas estou feliz. Uma coisa tão terrível aconteceu com Sheena-san, então pensei que Kusunoki-kun ficaria deprimido.

— Sobre isso…

Eu não tinha contado a Suzuki sobre Sheena Nº3 revivendo como um Ciborgue.

Mas poderia ser problemático se ele conhecesse a Ciborgue Sheena e perceber que ela não era uma máquina, mas uma existência mais próxima de um Homúnculo. Assim que entrássemos no assunto sobre Homúnculos, parecia que eu teria que falar sobre as Deusas e a existência de minha habilidade de Desemprego.

E se ele encontrasse Sheena Nº3 agora, tudo viria à tona.

— Ah... o cartão que Suzuki passou para mim parecia um backup da Sheena. Então parece que conseguimos consertá-la graças a isso.

— Entendi! Isso é ótimo... realmente ótimo.

Suzuki disse isso, mostrando felicidade genuína.

— Assim que Sheena-san estiver consertada, por favor, deixe-me pedir desculpas a ela.

— Claro, quando esse momento chegar…

A personalidade quebrada de Sheena Nº3 poderia nunca ser consertada, mas, uma vez que consertássemos as pretensões, provavelmente teria que apresentá-la a Jofre e Elise também.

— Mas sem Miles e as outras, seria melhor se Haru e as outras comparecessem. Já que não temos que nos preocupar com a capacidade...

— Ah, sim. Na verdade...

Suzuki pareceu culpado quando apontou em minha direção... ou melhor, atrás de mim.

Me virando, eu os vi caminhando em nossa direção, na direção da cidade.

… Jofre, Elise e Centauro.

Hã? Por que os sempre energéticos Jofre e Elise, a característica que era o único mérito da dupla, tinham rostos tão tristes hoje?

O que aconteceu?

Bem, não havia necessidade de perguntar.

Devia ser porque eles foram afetados pela autodestruição de Sheena Nº3. Precisava contar a eles que o reparo dela foi possível.

— Jo, eu tenho um pedido.

— ... um pedido? Tão de repente, o que é?

— Não importa o que seja, mas, por favor, nos dê comida.

— Acabamos de perceber que não comemos muito nos últimos tempos.

Foi então que percebi que eles pareciam esgotados.

Esses caras estiveram na caverna por todo o tempo todo até os salvarmos no lago?

— Eh? Vocês não fizeram uma refeição na cidade? Vocês receberam ouro pela subjugação do Rei-Dragão-Demoníaco, não receberam?

Suzuki mencionou que eles tiveram um importante papel na luta contra o Rei-Dragão-Demoníaco, então isso devia ser verdade.

Embora não tivesse relação com a minha recompensa, já que a minha parte incluía apenas o Núcleo de Dragão.

— Kusunoki-kun, levará algum tempo até que as recompensas sejam liberadas. Ele ainda é um monstro. Levará algum tempo para a avaliação ser concluída.

— Entendo, eu teria emprestado algum dinheiro se vocês mencionassem isso. Bem, deixando isso de lado, comida, hum?

Eu balancei a cabeça e pensei no que eu tinha na minha bolsa de itens.

— Jofre, Elise, há algo que vocês não gostam?

— Hmm, não podemos comer comida estragada.

— Eu não posso comer insetos.

— Deixe-me pensar, se eu excluir os que estão podres e os que têm insetos... isso reduz bastante o número.

— Isso reduz o número!?

— Isso reduz o número!?

Era raro para Jofre e Elise retorquirem.

Entre os alimentos que Miri trouxe, havia muitos que tinham insetos. Onde foi que ela comprou ovos de formigas-vermelhas no Japão? Esse era o tipo de comida que eu tinha. Ela era chamada de Larb Mote Daeng¹ e parecia ser um prato da Tailândia. Além disso, embora não estivessem podres, eu tinha muitos alimentos fermentados com cheiros únicos. É claro que excluí esses da minha seleção.

— Acho que pão normal é o melhor. Aqui.

Passei um pedaço inteiro de pão para o grupo de Jofre.

E ele foi imediatamente consumido por Centauro.

— Cuspa, cuspa, Centauro! Esta é a nossa refeição!

— Não comemos nada por dias. Por favor.

... de alguma forma, isso parecia uma discussão muito nostálgica.

É verdade, quando Centauro comeu a Medalha Rara no Labirinto de Belasra, uma conversa semelhante aconteceu².

— Ele tem um apetite incrível, como sempre. Apesar de os Burros Lentos serem conhecidos como animais que requerem muito pouca comida.

Jofre e Elise pareciam estar à beira das lágrimas.

— … em que mundo?

— É... bem, há exceções para tudo.

— Mesmo que Centauro cuspisse, isso não pode mais ser consumido. Eu ainda tenho mais, então podem comer.

Como não tive escolha, desta vez entreguei pão embalado a Jofre e Elise.

Tirei a embalagem e passei para eles.

— Ei, obrigado, Jo!

— Obrigada, Jo.

— Esta é a primeira vez que provo um pão tão macio!

— Esta é a primeira vez que provo um pão tão macio!

Os dois ficaram mais uma vez satisfeitos com o pão.

— A propósito, Jofre. No passado, você sempre se referiu a você mesmo com boku. Por que você está usando ore agora³?

— Porque isso combina mais com um aventureiro! Antes de me tornar um Bandido, eu usava "ore" quando era um aventureiro!

— Esse é um raciocínio bem superficial...

— Eh? Jofre era um bandido?

— Mesmo se nos chamássemos de bandidos, era apenas fingimento. Não ficamos com trabalhos criminais e paramos antes de fazer algo de ruim.

— Suzuki, você também gostaria de pão? Eu tenho o pão de salada especial da província de Shiga e o pão de chapéu especial da província de Kochi.

Na bolsa de itens que Miri trouxe, havia uma linha completa de pães especiais de todo o país.

Havia alguns itens que estavam muito além das datas de vencimento, então ela deve ter os comprado no passado e os armazenou em um Espaço Alternativo.

— Vou me abster. Há um limite para o meu tempo de negação de veneno.

— Entendo.

— A propósito, o pão que os dois estão comendo é aquele, não é? Já vi isso quando era criança.

— Sim, ele foi um sucesso no Japão antes de nascermos, o pão inteligente.

Era um pão fornecido em exames.

Era um pão que ativava o cérebro e melhorava a memória, mas definitivamente não podia tratar o idiotismo. Afinal, não havia tratamento para essa doença.


Notas

[1] O Larb Mote Daeng é um prato da culinária tailandesa. O prato consiste em uma combinação de formigas-vermelhas e seus ovos, acompanhados de salada ou arroz.

[2] Eventos do capítulo 50.

[3] Ambas são variações do "eu" em japonês, mas o boku é normalmente usado por homens mais jovens com até 16 anos, enquanto o ore é usado por homens mais velhos

[4] Shiga é uma prefeitura do Japão, na região de Kinki, na ilha de Honshu. A sua capital é a cidade de Otsu.

[5] Kochi é uma prefeitura do Japão localizada na costa sul de Shikoku. A capital é a cidade de Kochi.

[6] Idiotismo é um transtorno cognitivo no qual aquele que é acometido tem dificuldade em conseguir relacionar suas próprias ideias com as de outrem.



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