Volume 9

Capítulo 324: Um presente de Minerva

Fiz sorvete com Sheena.

Sorvete para 50 pessoas acabou sendo uma quantidade impressionante.

— Se combinarmos a viscosidade do natto¹ no sorvete, podemos torná-lo semelhante ao sorvete turco².

— Nós não precisamos fazer isso. Em primeiro lugar, como você sabe sobre o sorvete turco, mesmo que você nem saiba sobre a Turquia?

— Eu sei, desu. É o lugar para minerar turquesa³, desu.

— Você não pode minerar turquesa na Turquia.

O conhecimento dela sobre a Terra era inesperado.

Além disso, a julgar por sua sugestão de usar a viscosidade do natto, ela ainda mantinha sua personalidade anterior de amante de soja?

— O sorvete está pronto, então você deve dormir agora.

— Entendido, desu. Você poderia me carregar como uma princesa, desu?

— … você veio até aqui caminhando. Você pode voltar com seus próprios pés.

Eu respondi e levei Sheena Nº3 de volta para seu próprio quarto.

Parecia que ela podia entrar no modo de economia de energia sozinha, sem ter que ter sua cabeça atingida.

— Certifique-se de dormir.

Eu disse e apaguei as luzes da sala.

— Entendido, desu, entrando no modo de economia de energia, desu... ah, posso dormir enquanto ouço a música de abertura de Nyapiece?

— Durma em silêncio.

— Entendido, desu.

Sheena Nº3 respondeu e fechou os olhos.

Ela era uma autômata, então não tinha um padrão de respiração do sono.

Eu gentilmente acariciei sua cabeça. Seu cabelo era igual ao de um humano.

… eu com certeza iria ajudá-la.

Eu disse a mim mesmo e saí da sala.

Voltei carregando o sorvete pronto.

Uma hora se passou desde a refeição com bife de dragão, mas todas ainda estavam esperando enquanto conversavam.

— Suke-kun. O que você está fazendo hoje?

— Hoje temos sorvete...

Percebi depois que coloquei o sorvete em um copo e entreguei a ela.

— … por que você está aqui?

A mulher a quem fiz essa pergunta não era Haru, Carol, nem Pionia, nem Neete, nem as Elfas-Negras, nem Sheena Nº3 que estava dormindo no momento.

Foi a Deusa-sama que deixou um bilhete para não a procurar e desapareceu — Minerva-sama.

De forma natural, eu entreguei o sorvete para ela.

— Você veio verificar se eu voltei ao Desempregado? Eu usei a Joia de Roubo de Emprego e recuperei o Desempregado, então não precisa se preocupar.

— Não, não é isso. Hoje estou procurando um lugar para morrer.

Minerva-sama disse algo ultrajante.

Agora que penso nisso, ela escreveu algo parecido em sua carta.

— Mas ser capaz de comer uma comida tão deliciosa é a felicidade.

Em outras palavras, essa era sua desculpa usual para não morrer... e ela encontrou uma nova desculpa. Isso era bom.

Mas preferia que ela não nos visitasse com tanta frequência.

Haru, Carol e as Elfas-Negras estavam tendo problemas para decidir como recebê-la.

Ela acrescentou algo ao seu sorvete.

Calda?

— Isto não é calda.

Minha mente foi lida.

Se ela ia ler minha mente, preferia que ela respondesse ao meu pensamento de não nos visitar com tanta frequência.

E o que era essa história de não ser calda?

— Isto é álcool.

— Ah, álcool, hum?

Já ouvi falar da prática de tomar sorvete com licor.

Torerul-sama era igual a ela. Todas as Deusas são amantes de álcool?

— Tet e Libra não bebem muito. Setolance adora, mas não a deixe beber demais. Ela se torna beligerante sempre que bebe. Koshmar mencionou que gosta de beber sozinha. E é natural para eu amar o álcool. Afinal, eu sou a deusa da medicina.

— Ah, porque o álcool é o melhor dos remédios?

— Exatamente. Suke-kun, por que você não se torna um Cervejeiro? Você pode mudar de emprego depois de subir de nível como Boticário.

— Eu tenho duas excelentes Boticárias aqui, então vou seguir um caminho diferente.

Eu disse e olhei para Carol e Ririana.

Se as duas estavam trabalhando duro nesse campo, não havia motivo para eu seguir esse caminho.

— Entendo... eu estava ansiosa para saber se o álcool que Suke-kun faz é mais saboroso do que o que eu fiz.

— O álcool de Minerva-sama... eu definitivamente quero experimentar.

Eu não bebia muito, mas estava interessado em álcool feito por uma Deusa.

— Você quer? Aqui.

Minerva-sama sorriu ao tirar dez pequenos frascos do vale de seus seios.

Quanta coisa ela escondeu ali?

Ainda estava um pouco quente — esse era o calor do corpo de Minerva-sama.

Ah, estava pensando em coisas desnecessárias.

— Muito obrigada. Que álcool é este?

— Néctar.

— Ah, então este é o Néctar.

Entendo.

Afinal, ele era chamado de álcool da Deusa.

Não é estranho para uma verdadeira Deusa-sama tê-lo.

— Espere, eeeeehhhh!?

Eu não esperava obter o Néctar.

Ou melhor, eu consegui muito dele.

Não só tinha o suficiente para o antigo vendedor de livros, como também o suficiente para presentear Doxco.

Eu deveria estar muito feliz, mas ainda queria dizer.

Qual foi o sentido de trabalhar tanto desta vez?


Notas

[1] Natto é um alimento tradicional japonês feito de soja fermentada, popularmente degustado no café da manhã. Sendo rico em proteínas, o natto foi uma fonte vital de nutrição no Japão feudal. Para alguns, o natto é único devido ao seu poderoso cheiro, sabor forte e consistência pegajosa. No Japão o natto é mais popular nas regiões orientais, incluindo Kanto, Tohoku e Hokkaido.

[2] Dondurma (do turco dondurma, "congelando") é o termo genérico usado para sorvete na Turquia. Fora da Turquia, pode ainda referir-se especificamente ao "sorvete de Maraş" turco feito com leite, açúcar, salepo e mástique. Este sorvete provavelmente teve a sua origem na região turca de Kahramanmaraş. O sorvete turco é feito com leite de cabra, o que dá ao mesmo uma consistência mais "borrachuda". Por isso, os sorveteiros podem fazer diversas brincadeiras antes de entregar o doce ao cliente, o que faz muito sucesso entre os turistas.

[3] Turquesa é uma gema geralmente entre a cor ciano e o verde, gerando a cor homônima. As variedades mais caras são a "robin's egg blue" (cor azul do céu). As inferiores são esverdeadas. A turquesa que se desvanece na cor é também inferior. A turquesa é um fosfato de alumínio com pequenas quantidades de cobre e ferro. A gema é apenas ligeiramente mais dura do que o vidro.



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