Volume 9

Capítulo 306: Posso tocar?

— A propósito, Carol. Você sabe algo sobre a galha¹?

— Sim. É a matéria-prima da tinta usada pelo Jornalista Mágico. Ririana-san pediu para você comprar um pouco?

— Sim, Rurina me disse que seria capaz de gerenciar o sistema de equipes se ela tivesse uma nota criada por um Jornalista Mágico e quando eu solicitei à Ririana que fizesse essa nota...

Nesse ponto, eu não estava mais surpreso com o fato de Carol saber que Ririana era uma Herbalista.

Se ela tivesse uma hora, não seria surpreendente se soubesse todos os nomes, empregos, interesses e comidas favoritas das Elfas-Negras.

... talvez se Carol viajasse comigo, eu poderia ter obtido informações sobre Miri com muito mais facilidade?

Que pena.

— … Haru, qual o problema?

Haru, que estava andando ao meu lado, parou e estava olhando para o beco lateral.

Olhei para ver se havia alguém, mas não havia nenhuma pessoa lá.

— Não, eu apenas farejei algo nostálgico.

— Um cheiro nostálgico? Agora que penso nisso, Haru nasceu no Continente do Sul, não é?

O castelo do Lorde Demônio estava em um país mais a leste daqui, no Continente do Sul. Em um lugar chamado Colina Kyupilas, onde agora havia uma grande Catedral construída em seu lugar.

— Você pode estar sentindo o cheiro de algo exclusivo do Continente do Sul.

— ... sim… talvez você esteja certo.

Haru respondeu como se estivesse se convencendo antes de assentir com um sorriso.

Ela ainda parecia inexpressiva, mas eu podia reconhecer. O canto de sua boca estava alguns milímetros inclinado. Bem, seu rabo não estava tremendo tanto, então ela não estava feliz porque estava convencida, mas estava mostrando um sorriso para mim.

— Por aqui!

Inconscientemente, fiz uma careta quando vi a loja que Carol nos levou.

Afinal, havia um grande objeto em forma de rede pendurado na vitrine.

Era semelhante aos usados para fazer peixe seco em uma cidade portuária — os objetos lá dentro eram...

Pretos, secos, enrolados e sem dúvidas...

— … o que são essas coisas? Por acaso, eles são...

— Haru, não diga mais nenhuma palavra!

— ... pepinos-do-mar²?

— Como eu disse, não diga... eh? Pepino-do-mar?

Pepino-do-mar como aqueles pepinos-do-mar encontrados no oceano?

Bem, era verdade que nunca tinha visto pepinos-do-mar secos. No mundo da fitoterapia³, esse era conhecido como um ingrediente para tônicos nutritivos.

Acho que ela está certa, não havia como a fachada de uma loja exibir...

— Provavelmente são fezes de Sugyu que só comeram erva de mana. Pois elas são usadas como remédios.

— Eu sabia! Ou melhor, as pessoas bebem mesmo fezes? E a erva de mana não é tóxica?

Eu comi isso uma vez quando lutei com Milemia no passado, mas tinha um gosto muito ruim.

Mesmo se fossem Sugyu, eu tinha pena deles por terem que comer isso.

— Sugyu amam erva de mana. Essa grama é tóxica para os seres humanos, mas não para os Sugyu. Além disso, Sugyu não são capazes de absorver as propriedades mágicas de recuperação do poder da erva de mana, dessa forma, esse aspecto permanece em suas fezes. Por causa disso, elas podem recuperar uma quantidade dez vezes maior de poder mágico em comparação com a ingestão direta de erva de mana e a secagem das fezes mata os ingredientes tóxicos, tornando-os não tóxicos.

— ... mesmo que me digam que se recupera dez vezes mais energia mágica e que não é tóxico...

Eu com certeza não queria comer fezes. Se eu tivesse que comer fezes, preferia comer dez vezes a quantidade de erva de mana e aplicar magia de desintoxicação em mim mesmo.

— Elas não fedem.

— Elas passaram por um tratamento desodorizante até o ponto em que Haru-san não consegue sentir cheiro algum. É claro que ninguém come isso diretamente, mas elas parecem ser usadas como ingrediente de licores medicinais.

— Está tudo bem. Pois Carol pode fazer poções de mana.

— Carol ainda não tem nenhuma receita como Herbalista, tem?

— Você aprenderá em breve.

Eu respondi e entrei na loja.

O interior era um pouco sombrio.

Talvez porque a primeira coisa que vi foi cocô na fachada, os ingredientes no interior pareciam decentes.

Se não fosse por isso, me sentiria mal ao ver a grande quantidade de tritões pretos assados pendurados na loja.

Erva de mana também estava presente em pacotes.

— Bem-vindos. Por favor, feche a porta depressa, existem muitos ingredientes vulneráveis à luz solar.

— Desculpe.

A velha senhora atrás do balcão nos avisou, então Haru, que foi a última a entrar, fechou a porta de forma rápida, mas educada.

— Vocês são clientes novos. Vocês têm seus certificados de emprego?

— Sim, aqui.

Carol entregou seu certificado de emprego para a velha senhora.

A velha senhora olhou para o certificado com um rápido relance e devolveu-o a garota, provavelmente sem confirmar nada.

— Então, o que você deseja comprar?

— Por enquanto, gostaríamos de escolher um conjunto completo de ferramentas de composição a nosso critério. Carol, quanto ao dinheiro...

— Ichino-sama, o dinheiro que você me deu antes é suficiente. Eu vou cuidar das negociações.

Carol disse e começou a conversar com a dona da loja.

Bem, imaginei que poderia deixar as compras para ela.

Mesmo tendo a habilidade Identificar Pensamento que seria útil para negociações, minhas habilidades nesse quesito como um todo nem chegavam aos dedos dos pés de Carol.

Eu olhei em volta da loja.

— Óó, eles estão mesmo vendendo todos os tipos de metais.

— Mercúrio…? Isso também pode ser usado para remédios?

— Isso costumava ser visto como um remédio para a imortalidade há muito tempo, mas é venenoso, portanto, não deve ser consumido.

— É possível se tornar imortal?

— Essa era a superstição do mundo de onde eu vim. Talvez Miri saiba mais sobre drogas da imortalidade.

Por um instante, desejei que Haru continuasse jovem e bonita para sempre, mas também gostaria de vê-la crescer e ganhar encantos mais adultos.

Achei que deixar a natureza seguir seu curso seria o melhor.

— Haru, você tem interesse em se tornar imortal?

— Não, não tenho.

— Entendo.

— Sim. Se eu me tornar imortal, cairia em desespero quando o Mestre morresse e teria que passar a eternidade dessa maneira. Não seria capaz de suportar isso.

Haru é tão, tão fofa.

Ah, eu não deveria apenas pedi-la em casamento? Ou melhor, deveria me casar com ela.

— … Haru.

Eu resisti o desejo de abraçar Haru.

Isto não vai dar certo. Preciso resolver a conversa com Carol primeiro.

A questão com Carol…

— Haru, tenho um pequeno pedido, você se importa?

— Sim, qualquer coisa pelo Mestre.

Sim, eu sabia que ela com certeza diria isso.

Afinal, eu ia pedir algo que nunca pediria em um lugar como este.

— Eu poderia tocar seus peitos por apenas um momento?

— Sim, eu não me importo.

... eu não achei que ela rejeitaria, mas por que seu rabo estava abanando tanto agora?

— Ah... mas meus peitos ficaram um pouco maiores nos últimos tempos, então eu não sei se o Mestre vai gostar deles.

... por que ela estava se sentindo culpada por uma notícia tão importante?


Notas

[1] Galhas, bugalhos, cecídios ou cecídias, são estruturas que se originam em determinado órgão de uma planta através de hipertrofia e hiperplasia (Anatomia vegetal) de tecidos, inibição do desenvolvimento ou modificação citológica e/ou histoquímica em resposta ao ataque de organismos indutores que podem ser vírus, bactérias, fungos, nematódios, ácaros ou insetos - parasitas, geralmente específicos à espécie (ou ao gênero ou família) da planta.

[2] Holothuroidea é a classe de equinodermos que inclui os animais conhecidos como pepinos-do-mar ou holotúrias. Em oposição aos outros equinodermes, possuem corpo delgado, alongado em um eixo oral-aboral. O número conhecido de espécies holoturianas é de cerca de 1.711, sendo o maior número na região da Ásia-Pacífico. A boca é circundada por 10 a 30 tentáculos que são modificações de pés ambulacrários bucais encontrados em outros equinodermos. Seu alimento é o material orgânico dos detritos do fundo do mar, que é empurrado para a boca, ou o plâncton aprisionado em muco nos tentáculos. As holotúrias frequentemente são os invertebrados dominantes nas partes mais profundas dos oceanos e muitos taxa são restritos a águas profundas. São aproveitados, depois de desidratados, como iguaria da culinária oriental e, deste modo, conhecidos como bicho-do-mar ou tripango.

[3] Herbalismo, ou fitoterapia, é o estudo e utilização de plantas para fins medicinais ou como suplemento alimentar. Ao longo de maior parte da História, as plantas têm sido a base de grande parte da medicina tradicional, cuja prática persiste em várias regiões do mundo. A medicina moderna considera o herbalismo uma forma de medicina alternativa e, em alguns casos, pseudociência, dado que a sua prática não é estritamente baseada em evidências segundo o método científico. Embora na produção de medicamentos modernos sejam usados muitos componentes derivados de plantas, a sua seleção e eficácia é assegurada por evidências científicas. Embora a fitoterapia possa utilizar alguns métodos científicos para testar a eficácia de plantas e medicamentos derivados de fontes naturais, existem poucos ensaios clínicos de qualidade ou padrões de pureza e dosagem. Por vezes a definição de herbalismo inclui produtos derivados de fungos e abelhas, sais minerais, carapaças e algumas partes animais.

[4] Esse evento parece ter acontecido apenas na LN.

[5] Tritão é o nome comum dado a anfíbios pertencentes à subfamília Pleurodelinae (família Salamandridae). A característica comum a todas as espécies de tritão é a sua permanência prolongada em pontos de água doce durante a época de reprodução. Esta pode durar vários meses por ano, dependendo da espécie em questão. Os tritões são todos os membros da família Salamandridae excluindo as "verdadeiras" salamandras: os gêneros Salamandra, Chioglossa, Mertensiella, Lyciasalamandra e Salamandrina. Estão presentes em toda a Europa, Ásia, América do Norte e norte de África. Em Portugal podem ser encontradas as duas espécies de tritão-marmoreado (Triturus marmoratus e T. pygmaeus), o tritão-ibérico (Lissotriton boscai), o tritão-palmado (Lissotriton helveticus) e a salamandra-de-costelas-salientes (Pleurodeles waltl).

[6] Mercúrio é um metal líquido à temperatura ambiente, conhecido desde os tempos da Grécia Antiga. Também é conhecido como hidrargírio, hidrargiro, azougue e prata-viva, entre outras denominações. Seu nome homenageia o deus romano Mercúrio, que era o mensageiro dos deuses. Essa homenagem é devida à fluidez do metal. O símbolo Hg vem do grego latinizado “hydrargyrum” que significa prata líquida. Normalmente utilizado em instrumentos de medidas (termômetros e barômetros), lâmpadas fluorescentes e como catalisador em reações químicas.



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