Volume 9

Capítulo 294: Eu não quero voltar a ser um Desempregado

Eu surpreendi a mim mesmo. Percebi que estava usando o fato de estar Desempregado como rotina para me depreciar.

Mesmo estando Desempregado no sistema, isso ajudou no caso de Carol e a permitiu trabalhar como Mascate e, embora tenha sido uma consequência do decorrer dos eventos, recebi a patente de Barão Associado. Eu podia derrotar monstros, ganhar dinheiro com ferraria e, embora não tivesse um emprego regular, poderia ganhar dinheiro suficiente. De forma que eu poderia cuidar de Haru e Carol com facilidade, se me casasse com as duas.

Assim, continuei dizendo isso para mim mesmo.

Mesmo se eu fosse um Desempregado, esse Desempregado transcendia o desemprego. Era o Neodesempregado.

O Desempregado mais forte que possuía força e habilidades incomparáveis que transcendiam a humanidade.

Por isso, mesmo que sentisse vergonha de estar sem emprego, em algum lugar do meu coração, eu possuía um senso de superioridade — não, eu estava tentando manter esse senso.

Mas era diferente agora que eu não era mais Desempregado.

Como esperado, eu sentia nojo por não ter emprego.

Eu estava ansioso quando me tornei um Ladrão, mas quando o Desempregado mudou para Plebeu, senti como se as fechaduras da minha camisa de força tivessem se partido.

E, no entanto, me pedir para voltar ao Desempregado era como me pedir para me envolver em correntes, prender um cadeado e engolir a chave.

Eu não queria isso

— Eu pensei que você diria isso, mas haverá uma recompensa extra para o Mestre.

Neete sussurrou para mim. Sentir sua respiração no meu ouvido parecia estranho.

— Eu já tenho o que preciso se você estiver se referindo ao serviço noturno.

— É um serviço noturno, mas um que o Mestre não tem.

— Como eu disse, isso...

— Mesmo que seja um serviço que diz respeito as pessoas importantes do Mestre — Haurvatat e Carol?

— Não vou pedir para parar de usar o termo Mestre, mas pare de se referir a elas apenas pelo nome. Ambas são suas seniores.

— Se você colocar dessa maneira, não há humanos mais jovens que eu, mas... entendido. Isso diz respeito a Haurvatat-san e Carol-san.

... se era um serviço que dizia respeito a ambas, não poderia tomar uma decisão sozinho.

Bem, como elas não estavam presentes, tinha que tomar a decisão, mas ainda precisava ouvir a história detalhada.

Não era como se eu estivesse conectado com Haru apenas através do serviço noturno. Estaria tudo bem, mesmo se não houvesse isso.

Mas, por que isso dizia respeito apenas as duas?

Marina não se qualificava para ser minha companheira?

— Então, o que é esse serviço?

— A habilidade chamada Conversão de Familiar.

— Conversão de Familiar?

Eu não entendi. Agora que penso nisso, lembro-me de Koshmar-sama dizendo algo como Haru e Carol sendo minhas dependentes. Aconteceu na época em que estávamos no labirinto da Vila Gomaki?

Mas elas eram dependentes no sentido de que eram minhas companheiras — ou de um modo negativo, escravas. Nesse caso, isso significava que os dependentes aos quais ela estava se referindo eram uma questão diferente?

Fiquei perdido.

— O que acontecerá se eu usar essa habilidade?

— As pessoas que se tornarem familiares do Mestre poderão usar uma certa porção de habilidades que você pode usar em um estado inferior.

— Estado inferior?

— O mestre pode usar o feitiço Copiar, certo? É a mesma coisa.

O feitiço Copiar — o que significa, Magia Falsa, hum?

Entendo, elas poderão usar uma cópia inferior dos feitiços que posso usar.

Como isso estava relacionado ao serviço noturno?

— Koshmar-sama previu que, com a habilidade Conversão de Familiar, se o Mestre converter Haurvatat-san em sua familiar, ela poderá usar uma versão inferior do Hikikomori.

— Isso significa que Haru será capaz de criar seu próprio mundo? Com a habilidade Meu Mundo?

— A versão inferior e a versão real são diferentes. Os familiares não serão capazes de construir seu próprio mundo com sua habilidade Hikikomori. Isso significa apenas que elas poderão entrar e sair do Meu Mundo em que vivemos.

Guh, que escolha?

Ela não está me pedindo para escolher enquanto oferece uma habilidade que provavelmente não posso obter, como uma coceira em um ponto que não pode ser alcançado?

Se isso fosse verdade, mesmo que Haru e eu estivéssemos em locais separados, poderíamos nos encontrar a qualquer momento, desde que decidíssemos um horário.

Poderíamos voltar a flertar.

Isso com certeza estava ligado ao serviço noturno e era algo que me faltava no momento.

Contudo, eu teria que voltar a ser um Desempregado...

— Mestre, Koshmar-sama não está pedindo para você ficar Desempregado para sempre, sabia? Você só precisa atingir o ápice do Desempregado. De acordo com minha superior, os cálculos de Torerul-sama, se a fazenda de Tartarugas-joias do Mestre transcorrer sem problemas no Meu Mundo, o Mestre deve atingir o ápice do Desempregado dentro de cinco anos.

Minha fazenda de Tartarugas-joias foi descoberta?

Mas é verdade que, se essa fazenda funcionar sem problemas e eu expandir o Meu Mundo e sua escala, conseguiria ganhar pontos de experiência com facilidade.

— … cinco anos… cinco anos, hum.

Eu teria 25 daqui a cinco anos. Certo, se um estudante universitário não passar no exame de admissão no primeiro ano e se formar na universidade, ele teria 25 anos.

Em outras palavras, para mim, voltar ao Desempregado seria como se tornar um estudante?

Se eu pensar sobre isso, como sou um desistente do ensino médio, me sentir como um estudante universitário seria... hmm, mas Desempregado...

— Tudo be— não, espere um momento.

— Você é tão indeciso Mestre.

— Você pode dizer isso, mas voltar ao Desempregado é...

— Se Haurvatat-san e Carol-san se tornarem familiares do Mestre, elas poderão usar um pouco de sua força e a probabilidade de serem feridas diminuirá, não é?

— … tudo bem. Diga-me a forma para voltar ao Desempregado.

Eu assenti com a cabeça e perguntei a Neete.

Muito bem, como eu volto ao Desempregado?

— Usando a Joia de Roubo de Emprego.



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