Volume 10

Capítulo 212: Se torne... um esplêndido aldeão

Parte 1

Com um magnífico céu noturno como pano de fundo, um jovem em roupas pretas estava sentado na cadeira do presidente.

Tal visão fez até mesmo Kaysis ficar mudo. Os guardas nas redondezas também, mesmo sendo profissionais que estavam sob o controle direto do presidente, geralmente não importava qual fosse a situação, eles não ficariam abalados e seriam capazes de reagir com rapidez, mas foi somente neste momento que eles exibiram uma expressão estúpida sem conseguirem apontar suas armas.

— Emily, aqui.

— Sim!

Kosuke acenou com a mão e Emily correu em direção a ele com uma voz animada. Mesmo que sua aparência externa fosse como a de um gato arrogante, orelhas e rabo de cachorro podiam ser vistas presas a ela. Aquelas orelhas e cauda que tremiam energicamente combinavam com a cachorrinha Emily-chan...

Emily circulou em volta da grande mesa com um som de passos fofos sem parar até que estivesse bem ao lado do jovem japonês.

Depois disso, "Não me deixe para trás!", com esse sentimento, Woody seguiu atrás com pressa enquanto seus passos ressoavam de forma audível. E então ele parou no lado oposto de Emily e um pouco atrás dela.

... alguém sentado confortavelmente na cadeira do presidente, servido por uma linda garota ao lado dele e um homem de aparência assustadora parado atrás.

Não importava como o olhassem, era Kosuke que parecia ser o mentor desse plano. Talvez devêssemos dizer que era algo a se esperar do braço direito do rei demônio.

— … o que você está...? De onde você veio?

Kaysis se recuperou depressa de sua agitação e então perguntou a Kosuke, que agora estava sentado em sua cadeira, enquanto o olhava com raiva.

Essa pergunta era natural. O elevador em que Emily e Woody entraram era o único caminho que poderia levar ao gabinete do presidente. De modo natural, aquele elevador foi instalado com câmeras de segurança que podiam ser vigiadas do gabinete do presidente. Havia inúmeras câmeras de segurança existentes entre o elevador e a sala do presidente e, de forma lógica, também havia uma câmera de segurança em frente à porta da sala.

Sem dúvidas, o próprio Kaysis verificou todas essas câmeras, e os guardas, que agora mexiam os canos das armas, deveriam ter verificado também os monitores da sala de observação localizada do outro lado da porta oculta da sala do presidente.

Porém, não houve nem mesmo um entre eles que detectou a existência de Kosuke.

Para entrar nesta sala localizada no andar mais alto, só era possível passar pela porta da frente, que só poderia ser aberta por Kaysis por dentro. Se essa porta fosse fechada, a sala ficaria completamente isolada. O tamanho do duto de ar não podia ser acessado por humanos, e seria absurdo alguém entrar pela janela.

Do ponto de vista de Kaysis e seus homens, nesta situação, não havia outra maneira de descrever a cena além de este jovem surgindo do nada.

Porém, a resposta de Kosuke foi simples:

— Mesmo se você me perguntar de onde, não foi você quem me convidou a entrar? Por aquela porta logo ali.

— Impossível. Eu não reconheço alguém como você...

— Bem, é porque sou um pouco imperceptível. Não vou ser incomodado mesmo se você me esquecer, de forma alguma. Estou falando a verdade, entendeu?

Kosuke encolheu seus ombros. Desta vez, ele estava seguindo Emily por trás usando todo o poder da invisibilidade enquanto fazia uso dos pontos cegos das câmeras de segurança, então era justificado que ninguém o notasse, e ele também não se incomodou muito com isso. Era seu hábito, de dar a desculpa: — Não estou incomodado, tá legal? Eu realmente não estou ferido, tá? — quando outras pessoas não podiam notá-lo.

Kaysis não conseguiu acreditar na resposta de Kosuke e adivinhou que o rapaz não planejava revelar seu truque. Por isso, ele endireitou o colarinho e assumiu uma atitude pomposa antes de mudar de assunto.

— … bem, não importa. A propósito, você, aquele que está sentado na minha cadeira como se fosse sua. Quem é você? Você parece ser japonês, e eu não posso acreditar que pertence ao departamento de segurança, mas... mesmo assim, você se infiltrou neste lugar sozinho. Por acaso, há um jovem japonês entre os agentes da "Agência JD"?

A expressão de Kaysis estava claramente aborrecida ao ver sua cadeira ocupada por outra pessoa enquanto ele compartilhava sua previsão. E, de fato, essa previsão era a mais provável.

— Hee, aquela "Agência JD" deveria ser uma "organização inexistente", mas... é tão famosa assim?

— Ela não é famosa. Mas, isso é conhecimento comum entre as pessoas de alta posição deste lado do mundo. Eles estão prestando o máximo de cautela a chefe do departamento de segurança e ao chefe do departamento de inteligência, e à "organização de eliminação" que esses dois lideram.

— Bem, se você é o líder de uma organização do submundo, acho que isso os faria ficar no seu caminho muitas vezes e dar-lhe um duro golpe. Esse tipo de pessoa deve ser capaz de compreender sua existência a partir da acumulação de fatos... mas, não será um problema que o nome da organização seja exposto?

A Chefe Magdanese estava acompanhando a situação neste lugar por meio de um dispositivo que foi anexado a Kosuke. Ela estava encolhendo os ombros dentro de um carro de vigilância que estava a uma pequena distância do prédio.

— Isso é que chamamos de segredo aberto. Ter um certo grau de conhecimento também se tornará um meio de intimidação.

Kosuke acenou com a cabeça: — Entendo. — para as palavras transmitidas a ele através do dispositivo. Kaysis deduziu que Kosuke estava se comunicando com o exterior e se convenceu de que ele era membro do departamento de segurança.

Embora na verdade ele fosse a vanguarda de um grupo mais perigoso...

— Fumu, devo dizer que é o esperado da chefe do departamento de segurança. Ser capaz de subverter um inimigo durante aquele tipo de situação e, em seguida, enviar um agente habilidoso. No entanto, não posso deixar de dizer que você foi um pouco precipitado.

Kaysis disse isso e tirou um smartphone do bolso da camisa. Então seu dedo de repente deslizou pela tela.

— Aa, de novo isso. Isso é um interruptor para a ativação de "Berserk", correto?

— Fufu, então você entende. Assim que eu apertar este botão, muitos berserkir irão ficar fora de controle no meio de várias dezenas de cidades. Aah, deixe-me corrigir uma coisa. Este é sem dúvidas um botão de "ativação", mas este smartphone é originalmente usado para "cancelamento".

— … entendo. Eu tinha pensado nisso antes mesmo de entrar nesta sala, mas você é mesmo uma pessoa cautelosa, hum. Se uma senha não for inserida naquele smartphone em um intervalo regular para cancelar o estado de ativação, o medicamento será ativado por conta própria. É algo assim?

— Você tem uma boa compreensão. Isso mesmo. Portanto, mesmo se você roubar isso de mim, mesmo se você me matar, não faria sentido. Em vez disso, isso se tornará a cortina de abertura de um desastre sem precedentes. Não é algo que pode ser arriscado por vocês que estão a arcar com a segurança deste país, não é?

Kaysis falava com um largo sorriso e um olhar de cobra. Com certeza, a senha de cancelamento não era conhecida por ninguém, exceto o presidente. E não parecia que ele falaria mesmo se fosse capturado, e se fosse morto, então um grande desastre ocorreria.

Kaysis acreditava, sem duvidar, que estava em uma posição superior. Parecia que seu forte era sua astúcia. Ele ergueu o smartphone que era sua salvação em uma mão enquanto a outra avançava em um gesto convidativo.

— Muito bem, Emily. Venha para o meu lado. Isso se você não quiser que um grande número de sacrifícios seja criado neste país por causa de algo que você criou.

— ... este miserável...

A pele de Emily arrepiou-se com o olhar de Kaysis, que estava imerso em alegria. Ela o amaldiçoou sem nem esconder seu sentimento de desgosto. Mas o sorriso de Kaysis foi se aprofundando. Parecia que mesmo aquele desgosto era agradável para ele.

— Isso mesmo. Já é inevitável que você se torne minha, mas é preciso um castigo depois de arrastar essa pessoa indesejada até aqui, não acha? Que tal você me dar um beijo de juramento depois de vir aqui.

— O qu-que você...

— Fufu, parece que o jovem agente-kun ali é uma existência especial para você. Então, será um belo castigo se eu fizer você oferecer seu corpo a outro homem diante dos olhos dele como prova de despedida. Você não concorda?

Sem dúvidas, quando alguém falava sobre a epítome da marginalidade, isso se referia a uma pessoa assim. Fazer outras pessoas se submeterem e ser capaz de manchá-las de humilhação e vergonha era a maior felicidade para este homem. A infelicidade de outras pessoas era o alimento de sua vida. Sua língua, movendo-se de forma suave, moveu-se ainda mais devagar ao imaginar o futuro manchado de infelicidade.

— Aa, já que estamos nisso, talvez também seja bom torturá-lo na sua frente que estará chorando e implorando. E então, quando ele se tornar incapaz de suportar a dor, farei com que ele diga isso. "Por favor, faça o que quiser com Emily, mas me poupe!", algo assim. Quando eu imagino o rosto de Emily nesse momento...

— Então é verdade que vilões de terceira classe gostam de tagarelar sem parar.

Uma voz calma alcançou Kaysis, que continuava a falar com uma expressão de êxtase. Aquela voz soava exasperada, como se dirigida a uma existência sem valor, uma voz apática que carecia de emoção.

Kaysis olhou desconfiado para Kosuke, que não estava demonstrando nem um pingo de desconforto com a situação.

— Você está dizendo que sou um vilão de terceira classe?

— É. Não sei se é porque você preparou uma superioridade absoluta (trunfo) ou porque foi assim desde o início, mas você, que pode brincar nesta situação, é sem dúvida um vilãozinho de terceira classe.

— ...

Kaysis ficou em silêncio. Ele vasculhou seu cérebro e reconfirmou se havia algo que pudesse abalar sua superioridade, mas ele estava segurando um interruptor que poderia abrir a cortina da tragédia se fosse pressionado, e se algo acontecesse com ele, a tragédia agiria por conta própria de qualquer maneira em menos de uma hora. Essa carta era algo que não se tornaria um trunfo sem valor com tanta facilidade.

Kaysis chegou à conclusão de que isso poderia ser um blefe. Mas Kosuke de repente se levantou enquanto falava.

— De acordo com o rei demônio, parece que o que é chamado de trunfo é algo produzido em massa... e quanto a você, eu me pergunto?

— O quê? Rei demônio? Do que você está falando...

Kaysis falou com suspeita, mas, no mesmo instante, ele arregalou os olhos e suas palavras foram cortadas.

Isso porque, sem nenhum sinal de avanço, Kosuke estava bem na frente dele.

Kaysis tentou puxar seu corpo para trás, mas no momento seguinte, seu campo de visão foi revertido e ele estava caindo em confusão. Mas, ele logo sentiu um impacto intenso batendo em suas costas, e sua voz ficou presa na garganta.

Seu olhar estava vagando enquanto ele estava cheio de dor e confusão sobre o que havia acontecido. E então, o que entrou em sua visão foi apenas o teto e a iluminação da sala. A partir disso, ele entendeu que havia sido jogado no chão.

— Se-seu desgraçado, você não se importa, com o que vai acontecer com a cidade...

— Bem, isso fica para mais tarde.

Sua mente foi inundada de dor; no entanto, Kaysis usou seu espanto para arrancar as palavras de sua boca. Mas a resposta que obteve foi uma frase casual junto com a parte de trás de um sapato que preencheu seu campo de visão. Ao mesmo tempo, um impacto intenso o assaltou e sua consciência foi cortada com um estalo.

Dentro de sua audição, que estava se distanciando depressa, ele sentiu que podia ouvir tiros e berros raivosos, e também gritos... mas Kaysis foi engolido pela escuridão, mesmo sem ser capaz de processar isso.


Parte 2

— Bubeh!? Hah, o qu-quê!? O que aconte-... hih!?

A dor e o impacto correndo em sua bochecha fez Kaysis acordar. Seu rosto fez uma careta pela dor que sentia nas costas e na testa, mas mesmo em tal estado, ele tentou acalmar sua mente confusa de alguma forma.

Contudo, no momento em que seu campo visual nebuloso ficou claro, ele deu um grito que nunca havia dado até agora.

Embora ninguém fosse capaz de rir dele por fazer uma coisa dessas. Afinal, a causa que fez Kaysis gritar foi uma visão bizarra.

— O qu-quê!? Vocês, o que diabos vocês estão fazendo!?

Kaysis gritou com uma voz obviamente chocada. Diante de seu olhar, estavam seus subordinados que ele conhecia.

... porém, cada um de seus subordinados estava fazendo uma pose chuuni perfeita.

Eles eram os guardas sob a supervisão direta de Kaysis que estavam dentro da sala com ele agora mesmo. Um deles estava em uma pose em que uma de suas pernas era levantada com as duas mãos estendidas para os lados. Era uma pose magnífica, como se ele fosse uma águia selvagem que iria voar a qualquer momento.

Outra pessoa estava de pé em uma postura baixa com as pernas bem afastadas, uma das mãos estava em seu quadril enquanto a outra mão estava cruzando o peito na diagonal. Nessa pose, parecia que o homem iria se transformar em um guerreiro mascarado a qualquer momento.

E outra pessoa estava fazendo uma pose em que seu corpo se inclinava um pouco para a frente enquanto seu ombro direito era levantado, seu braço direito estendido para baixo e sua mão esquerda estava cobrindo o rosto com seus cinco dedos bem abertos. O ângulo de sua cintura era extremamente sexy. Naquela pose, parecia que algo iria sair a qualquer momento de suas costas.

Os outros também, os guardas que estavam dentro da sala pouco antes de Kaysis perder a consciência, todos estavam alinhados com todos fazendo algum tipo de pose chuuni. Por assim dizer, era como um museu de estátuas posando. A galeria estava usando toda a espaçosa área do gabinete do presidente.

Essas pessoas não responderam nem quando Kaysis gritou em pânico extremo. Cada um deles estava usando óculos escuros, então seus olhos não podiam ser vistos, mas talvez eles estivessem inconscientes ao ver como eles não estavam reagindo. Quando Kaysis forçou os olhos ao limite, aqueles guardas posando tinham seus corpos e quatro membros emaranhados em fios muito finos, e ele podia ver que os homens estavam pendurados como marionetes.

Ao mesmo tempo, Kaysis percebeu que estava preso em sua cadeira. Seus quatro membros estavam sendo contidos por uma corda superfina semelhante.

— Ei, Kosuke. É necessário fazer isso?

— … se você perguntar se há alguma necessidade, a resposta com certeza será negativa. Isto é ruim, o maldito Lorde Portal do Abismo está mostrando seu rosto. Talvez, já seja um caso perdido para mim.

Ouvir aquela conversa casual neste espaço bizarro fez com que Kaysis voltasse ao normal, surpreso. Quando ele voltou seu olhar na direção das vozes, ele confirmou que havia várias pessoas bem ao lado dele.

Três deles eram Kosuke, Emily e Woody, que estavam dentro da sala antes disso. Mas, além deles, havia mais três pessoas.

— Como esperado de Kosuke-san. Você não esquece essa coisa chamada "beleza", mesmo no meio da batalha. Eu subestimei você.

— … de fato, você suprimiu os inimigos em menos de um minuto, e durante apenas alguns minutos após seu contato conosco, você criou esse tipo de arte. Isso pode ser considerado incrível. Embora agora eu esteja cheia de desejo de voltar para casa.

— Ahahaha, é ótimo que eu possa me mover agora depois de ter algo desconhecido feito a mim, mas... este caso que fez até mesmo a chefe ficar abatida é mesmo um fardo pesado, não? Eu gostaria de poder continuar perdendo a consciência sem acordar...

Vanessa, que por algum motivo parecia abatida, embora sua expressão estivesse extasiada, elogiou Kosuke. A Chefe Magdanese estava olhando para longe, enquanto seu olhar não se movia na direção dos homens posando, não importava o que acontecia. E então, Allen, que bebeu um remédio de cura feito em outro mundo e foi curado até o ponto em que pelo menos pudesse se mover.

No caso de Allen, Emily desejou que ele saísse do palco com o rosto ainda desfigurado como antes, mas a Chefe Magdanese disse: — Esse idiota que continua cometendo erros não pode continuar descansando. Ele tem que trabalhar como uma mula. — E assim, sem outra escolha, ele foi curado.

Mesmo assim, ele ainda estava longe de estar totalmente recuperado, por enquanto, seu inchaço foi suprimido e sua mandíbula quebrada reparada para que ele pudesse falar. Seus dentes quebrados e nariz e bochecha lacerados foram ignorados. Seu rosto estava coberto por bandagens como uma múmia, fazendo a figura de Allen parecer muito dolorida, mas não havia ninguém que se importasse com isso.

A propósito, em relação ao medicamento restaurador feito em outro mundo que curou Allen (a classe de produto mais alta vendida para o público em geral), Kosuke o escondeu de forma hábil e explicou que Allen foi curado usando sua habilidade, dessa forma, isso foi ignorado por todos que pensavam que o jovem japonês também tinha esse tipo de poder.

Embora parecesse que Emily estava bastante incomodada com um poder que podia curar fraturas ósseas em um piscar de olhos… de forma natural, não havia poder que pudesse curar as pessoas transformadas em berserkir, então Kosuke disse isso a ela enquanto avisou que daria uma explicação mais tarde. Ouvir isso fez com que Emily se retirasse de modo obediente.

— … minha nossa, para a chefe-sama do departamento de segurança do estado estar pessoalmente aqui. Que honra. No entanto, você fez uma jogada muito ruim. Como esperado, até mesmo uma lenda viva enfim ficou senil, não é?

Kaysis transmitiu de modo implícito que, nesse ritmo, os berserkir seriam libertados no meio das cidades com suas palavras sarcásticas e obstinadas. Sua expressão também estava zombando da Chefe Magdanese.

À primeira vista, ele parecia composto, mas se observado com atenção, podia-se ver que seus olhos tremiam um pouco e sua voz estava trêmula. A causa disso era evidente.

Porque, afinal, havia seus subordinados fazendo poses chuuni dentro de sua visão!

— Senhor Portal do Abismo. Vou deixar isso com você.

— Eu já disse que meu nome é Kosuke!

A Chefe Magdanese não demonstrou nenhuma preocupação especial com as palavras de Kaysis e seu olhar se moveu para Kosuke. O rapaz pontualmente fez seu pedido de correção antes de suspirar. Então, ele colocou uma cadeira na frente de Kaysis.

Kosuke colocou a cadeira de forma que o encosto da cadeira ficasse de frente para o homem e ele se sentou. Ele colocou os braços no topo das costas da cadeira e olhou diretamente para Kaysis.

— Senhor Portal do Abismo. Então esse é o seu codinome dentro da agência. Fufu, vou me lembrar disso. Sem dúvidas investigarei sua história. E então, suas pessoas importantes irão... UBAoAa!?

— Com quem você pensa que está falando? Segure essa língua.

Bem no meio da maldição de Kaysis contra Kosuke, ele recebeu um chute direto na virilha de Vanessa, que havia sido reduzida a uma crente de Lorde Portal do Abismo, e o homem soltou um grito estranho. Na verdade, ele queria se contorcer, mas não podia porque estava amarrado à cadeira e só conseguia se tremer enquanto suportava a dor.

— Aaaaa, Vanessa. Deixe-me fazer isso, tá bem?

— Me perdoe. Contra o meu melhor julgamento, me incomodou ver a atitude dele desprezando Kosuke-san.

Para onde foi a Vanessa-san que sempre era calma, fria e controlada? Mesmo que ela não fosse alguém que faria um "Ataque Direto!" contra a virilha de um homem por causa de uma provocação...

Allen e Woody da mesma forma se protegeram por instinto enquanto se afastavam com medo. Kosuke olhou para Kaysis se contorcendo mais uma vez enquanto os outros homens agiam assim.

— Muito bem, Kaysis. Vou fazer você abrir o bico. Não apenas o código de cancelamento, mas também como este caso começou, seu plano a partir de agora e a localização de todo o "Berserk" que foi roubado.

— Vo-você acredita mesmo, que eu vou falar...

— Você irá. Eu falei, não falei? Quem não entende a situação é você. Por que acha que você, que está segurando o trunfo, está sendo capturado assim sem questionar? Por que Woody mudou de lado? Você não pensou nisso?

— Mas isso…

Claro, Kaysis notou essas anormalidades. Não importava o quão impensável fosse que seu subordinado fosse atraído por um sanduíche de salmão, ele não queria pensar sobre isso. Além disso, era impensável que a agência de segurança fizesse uma aposta que poderia envolver a vida de muitas pessoas usando um método infundado como a tortura, porque não havia como ele confessar apenas com isso.

Mesmo assim, não deveria haver nada que pudesse abalar sua posição superior com a tomada do povo deste país como refém, desde que ele não confessasse nada, então não havia nada que a agência de segurança pudesse fazer exceto o que Kaysis lhes disse. Era inegável que tal crença estava reprimindo seu sentimento de medo em relação às anormalidades. Enquanto ele estava pensando assim...

— Eu também te disse isso, não disse? É por isso que você é de terceira categoria. Para ser sincero, com relação ao cérebro deste caso, bem, não tenho dúvidas de que é realmente você, mas acho que há uma grande possibilidade de que ainda haja outra existência atrás de você. A existência que lhe concedeu a cadeira de presidente desta grande empresa... algo assim.

A expressão de Kaysis não mudou. Não havia nem mesmo qualquer turbulência dentro de seus olhos. Sua respiração também não estava abalada. Mas, também não havia nenhum sarcasmo vindo dele. Kosuke ficou convencido.

Com certeza havia outra pessoa que sabia da existência de "Berserk" e o roubou da primeira vez. Afinal, um ímpeto foi necessário para Kaysis saber da existência da droga.

Ao mesmo tempo, não havia dúvida de que este homem era astuto, impiedoso e excelente, mas, não importava como, Kosuke não conseguia acreditar que Kaysis tinha o status que contrabalançava com o poder organizacional que o jovem esperava, então sua conjectura de que esta "Gama Farmacêutica" não estava no topo da cadeia de comando estava correta.

Enquanto pensava assim, Kosuke de repente tirou do bolso da camisa um cordão que estava preso a algo que parecia uma moeda de cinco ienes. O tamanho era quase o mesmo de uma moeda, mas o material parecia um cristal âmbar. Havia um buraco redondo no centro e a corda foi amarrada ali.

Assim que a Chefe Magdanese e os outros viram aquele item, ficaram com expressões complicadas.

— … não sei o que você está planejando, mas se você não me liberar, muitas pessoas morrerão, entendeu? Afinal, não importa o que você fará comigo, não irei falar.

— Sabe, o mundo está transbordando de irracionalidade. Você se esqueceu disso só porque está do lado que espalha a irracionalidade?

Kosuke então balançou a corda. O cristal em forma de moeda de cinco ienes balançou para frente e para trás na frente do olho de Kaysis.

Kosuke tossiu uma vez por um momento, e endireitou sua postura antes de abrir a boca de repente.

— Você está ficando com soooonoooo, você está ficando com soooonoooo.

— ??? O que você está falando!? Sua cabeça está com um parafuso soltoooo... heeeee...

A moeda de cristal de cinco ienes oscilou sistematicamente como um pêndulo diante dos olhos de Kaysis. Do outro lado da moeda havia um encantamento suspeito (?) que parecia muito estúpido. Kaysis estava duvidando da sanidade de Kosuke que combinava com a expressão do jovem que parecia muito envergonhado.

Mas, logo em seguida, o final da frase de Kaysis desmoronou. A luz sumiu de seus olhos e sua atmosfera de cobra se dispersou como se fosse apenas uma mentira, onde agora ele parecia um mero homem.

— Você está ficando com vontade de faaaalaaaar. Você quer falar sobre tudo, tuuuudoooo.

— Eu-eu quero faaaalaaar. Eu quero falar sobre tudo, tuuuudoooo.

— Se for solicitado, você deverá reeeespoooondeeeeer. Você será incapaz de não reeeespoooondeeeer.

— Eu vou querer reeeespoooondeeeer. Eu me tornarei incapaz de não reeeespoooondeeeer.

— Você ficará feliz em nos coooontaaar. Você irá querer falar sobre tudo, tuuuudoooo.

— Irei, irei, ireeeeiiii.

As vozes lentas e estúpidas ressoaram dentro da sala. Kaysis se transformou em uma máquina de repetição. Ao mesmo tempo, uma luz de expectativa começava a crescer dentro daqueles olhos. Sua atmosfera era como a de um Aldeão A que foi chamado por um grupo de heróis, uma pessoa que por algum motivo conhecia uma lenda local e contaria ao grupo de heróis sem deixar nada de fora.

Artefato de lavagem cerebral encantado com magia da alma: "Pregando o Orgulho de um Aldeão".

O aldeão em um RPG diria tudo o que sabia se falassem com ele. Se ele fosse abordado pelo grupo de heróis, normalmente ouviria de modo obediente. O aldeão também não expressaria uma única reclamação quando sua casa fosse invadida por um grupo de heróis, e mesmo que sua casa fosse revirada e, no final, seus pertences fossem levados, embora sem permissão, ele não se oporia.

Este artefato transformaria o alvo em um aldeão tão adorável. Este era um artefato para lidar com as consequências de um incidente, concedido pelo rei demônio ao senhor do abismo para seu uso pessoal.

Um minuto depois, o presidente de uma grande empresa que poderia ser considerada uma das cinco maiores até mesmo na Grã-Bretanha terminou sua mudança de emprego e se tornou um esplêndido Aldeão A. Ele alegremente contou tudo o que sabia.


Nota do Autor (Ryo Shirakome)

Muito obrigado por ler essa história.

Muito obrigado pelos pensamentos, opiniões e relatos sobre erros de ortografia e palavras omitidas.

Muito obrigado pela coluna de resenhas do festival de sanduíches de salmão.

É uma sensação de alegria que algo de que gostei é compartilhado por outras pessoas!

Muito bem, o fim desta compilação extra também está aos poucos se aproximando.

Acho que serão mais 2 ou 3 capítulos.

Mas embora eu diga isso, até Shirakome não sabe como essa história sem trama, nem planejamento, vai se comportar no futuro.

Quando acabar, o que vou escrever, eu me pergunto?



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