Velho Mestre Brasileira

Autor(a): Lion

Revisão: Bczeulli e Delongas


Volume 3

Capítulo 81: Primeiro leilão.

Seu amigo Roy Griffin tinha dito a Tyler sobre os leilões realizados pelo exército americano. Embora ele tenha perdido alguns desde que foi avisado sobre eles. Ele fez de tudo para comparecer nesse.

Tecnicamente, o exército faz esses leilões por dois motivos, o primeiro é que um equipamento já está velho e precisa ser substituído, e o segundo é porque comprou demais e tem excesso.

Graças a Deus havia muito mais coisas pelo segundo motivo do que o primeiro. Contudo, hoje, Tyler estava mirando no peixe grande, desde 1986 os EUA usam a Beretta-92FS como sua pistola padrão. Durante os testes de avaliação essa e muitas outras se submeteram a testes extenuantes com milhares de disparos nas condições mais adversas, no final, duas armas ficaram para serem escolhidas, a 92FS e a Sig Sauer-P226. Apenas por um motivo de custos a empresa italiana venceu.

Porém, mesmo uma arma fiável e ainda extremamente eficiente, ela já apresentava sinais claros de defasagem em relação às outras armas mais modernas. Por ser grande e ter o corpo todo em aço, ela era mais pesada que as suas rivais em polímero que são mais leves, ergonômicas e modulares. E assim, como ela substituiu a Colt, uma nova competição foi feita.

Dessa vez a Sig Sauer conseguiu vencer a competição e o modelo P-320 foi escolhido, e para sorte de Tyler um efeito colateral surgiu dentro do exército, o que fazer com milhares de pistolas sobressalentes?

E a resposta era: Leiloar!

Uma boa pistola custa em média de 400 até 600 dólares, entretanto, na relação custo-benefício tudo tem um “porém”, Tyler tinha em suas mãos a oportunidade de comprar lotes inteiros por uma fração ínfima, talvez no final das contas elas saíssem por menos de uma centena de dólares a unidade.

Os números totais passavam de 50.000 unidades, é claro que elas eram equipamentos usados, elas eram pretas, cromadas, cor de areia e algumas até poderiam vir sem funcionar, contudo Tyler não as queria para um concurso de beleza. Há duas coisas sobre equipamentos militares que as pessoas em geral não sabem, a primeira coisa é que elas são feitas para durarem muitos anos.

Se você pegar um veículo como exemplo. Um blindado pode ficar no serviço ativo por 30, 35 ou 40 anos se tiver uma manutenção constante.

Outra prova concreta é a Colt 1911 que como o nome sugere seu desenho foi feito em 1911. já na primeira guerra mundial essa arma foi usada e hoje mesmo alguns esquadrões a usam!

A segunda coisa é, se a arma faz bem o seu trabalho, não há necessidade de trocar.

As pistolas leiloadas hoje vinham em lotes de 5.000 unidades cada, e se apenas dependesse das intenções de Tyler não haviam dúvidas de que ele levaria tudo.

***

“Mamãe, isso é tão legal!” Melane disse quando Calie afivelou o cinto de segurança dela.

“É sua primeira vez?” Tyler perguntou.

“Sim.” Ela respondeu.

“Então senta aqui, vai ser muito mais legal.” Tyler ofereceu o lugar na janela.

“Obrigado.” Calie agradeceu o gesto.

“Não há de quê, e também não é como se faltassem lugares na janela.” Tyler riu, eles estavam em um jatinho particular, ele só fez questão de trocar de lugar com ela pois estava sentado bem na frente da asa e a visão era quase perfeita.

“Mesmo assim, eu agradeço.”

“Me agradeça trabalhando.” Tyler brincou. “Vamos ver quais são os melhores itens neste leilão.”

Curiosamente em um leilão militar quase nunca tem armas, quase sempre elas são vendidas ou doadas para os países parceiros dos EUA, as munições, granadas e bombas são destruídas quando a validade chega ao fim.

Mas fora isso, um leilão militar tem de tudo, tudo mesmo!

Vestimentas, veículos, equipamentos de solda, cozinha, barracas, artigos hospitalares, tendas, materiais de escritório, iluminação e mais uma infinidade de outras coisas.

“É diferente do que eu pensava.” Calie falou depois de olhar a lista.

“Esperava o quê?” Tyler perguntou.

“Mais armas.” Ela disse.

“Por incrível que pareça, no exército, as armas e munições são o quinto item da lista de logística mais importantes para serem levados ao campo de batalha.”

“Eu não sabia...”

Tyler começou a olhar a descrição de todos os itens e ao lado ele colocava um valor, conforme o leilão andava e os itens eram vendidos Tyler os compraria se não chegassem a um valor que ele previamente tinha estabelecido.

***

“Chegamos.” Tyler falou quando eles entraram no local. “Eu vou para a área de equipamentos e veículos e você vai para a de materiais de escritório, cozinha e hospitalar.”

“Certo.” Calie respondeu.

“Mamãe, posso ir com o tio Ty?” Mel de repente perguntou.

“Ele está ocupado, venha comigo.” Calie respondeu.

“Estou tão ocupado quanto você, se ela quer vir comigo, não tem problema.” Tyler respondeu.

“Certo...” Calie soou insegura. “Por que você quer ir com ele, Mel?” Ela quis saber.

“Ele é alto.” A menina respondeu.

“...” Calie não entendeu, mas Tyler sim. Ele pegou na mão da jovem e a colocou nos ombros.

“Era isso que você queria?” Tyler perguntou.

“Sim!” Ela falou alegre. “O cabelo do tio é tão macio e branquinho...” Mel falou distraída enquanto afundava os dedos neles.

“Mel!” Calie repreendeu a menina e temeu que Tyler se irritasse com as palavras da garota.

Tyler fez um sinal com a mão para que ela não se preocupasse e disse. “Você pode até não perceber porque ainda é uma criança, mas esses cabelos brancos são o charme entre as septuagenárias!”

“Sep… septuagenárias, o que é isso?” A menina estava confusa.

“É um jeito de dizer que você pode não gostar agora, mas vai gostar muito quando for mais velha.” Tyler falou, enquanto Calie sorria ao lado.

“Eu acho bonito!” A menina falou animada.

“É porque você é uma moça esperta.” Tyler elogiou.

“Por que você acha bonito?” Calie perguntou.

“Parece algodão-doce, eu gosto de algodão-doce.” Ela respondeu.

“Bom, talvez não seja tão esperta assim...” Tyler fingiu ficar triste.

“Ei!” Calie o repreendeu enquanto ria. “Ora não fique assim, quem não gosta de algodão-doce?”

“Todo mundo gosta!” Mel disse animada.

“Você está certa, então  todos gostam dos meus cabelos.” Tyler brincou.

“Não acho que isso funcione assim.” Calie falou.

“É questão de ponto de vista.” Tyler deu de ombros.

“Sim, claro, claro.” Calie riu.

“Nos encontramos na praça de alimentação em 2 horas e então teremos 40 minutos antes de começar o leilão.” Tyler disse e Calie concordou.

Tyler e Mel andaram no espaço do leilão, grande parte dele era apenas um grande estacionamento onde os itens estavam expostos.

De certa forma, Tyler adorou a companhia da criança, ela tinha 8 anos e estava numa idade onde a curiosidade tinha atingido seu ápice.

A menina era um poço de por quês.

Felizmente Tyler era um poço de respostas.

***

“Se divertiu?” Calie perguntou para a filha enquanto lhe dava um sorvete.

“Sim, o tio Ty me ensinou muitas coisas.” Ela respondeu.

“Sério, tipo o quê?” Calie quis saber.

“A América sempre ganha, não seja comunista e nunca invada a Rússia no inverno!” Mel falou enquanto Tyler erguia os polegares em afirmação.

Calie balançou a cabeça e pensou que talvez Tyler não fosse tão boa influência assim.

“Boa garota, depois eu vou te ensinar a como fazer um professor de sociologia chorar.”

“Eba!!!” A menina gritou animada.

“Não, pare de ensinar esse tipo de coisa a ela...” Calie disse frustrada.

“Meu anjo, esse tipo de coisa é essencial para a educação de uma criança.” Tyler tentou soar firme, mas tinha um sorriso de escárnio no rosto.

“Tyler, a guerra fria já acabou.”

“Você quem pensa, tenho certeza de que eles estão fingindo essa trégua para se reagruparem. Você vai ver, mais cedo ou mais tarde eles vão voltar, alguns serão pegos desprevenidos, mas eu não.”

Calie revirou os olhos e percebeu que essa conversa iria muito longe se ela desse corda. “Eu calculo que compraremos uns 80% dos itens que demos os lances.”

“Isso é bom, na minha área também estimo isso, agora só nos resta o leilão principal.” Tyler respondeu.

Duas horas depois, como esperado, o leilão foi finalizado, Tyler venceu 4 dos 5 lotes e levou 40.000 unidades a um custo total de 4.5 milhões. Numa média básica, cada pistola custou 112 dólares.

Não era nada mal, considerando que você teria uma arma muito boa a um custo muito pequeno, Tyler teria que ensinar a alguns artesãos como fazer a manutenção. Nesse primeiro momento, não seria necessário eles saberem muita coisa, apenas desmontar e montar as armas.

No mundo militar é muito comum algo chamado canibalização. Essa tática é feita quando se trocam peças de um equipamento com outros do mesmo modelo, se Tyler tinha 40.000 pistolas, ele poderia deixar 10.000 apenas para retirada de peças, para manter as outras 30.000 em perfeito funcionamento.

“Mamãe, posso ir ver aquele cachorrinho?” Melane perguntou.

“Que cachorro?” Calie quis saber.

“Aquele, ele é tão bonitinho.” Os olhos da menina brilhavam.

Calie olhou curiosa e nem imaginava que a garota queria brincar com um pastor alemão gigantesco que estava ao lado de um homem. “Acho melhor não...” Ela respondeu.

“Gosta, de cães?” Tyler perguntou a menina.

“Eu os amo, mamãe disse que agora eu posso ter um.” Ela disse, sem tirar os olhos do cão de guarda.

“Não sei onde eu errei com ela, normalmente uma criança quer um cachorro pequeno e fofinho, mas ela não, quanto maior melhor. Parece até que ela quer andar montada num cachorro.” Calie balançou a cabeça.

“Muito bem.” Tyler acariciou a menina. “Aquelas bolas de pelos pequenas que são 50% raiva e 50% tremedeira são para comunistas, eu vou te dar um cachorro de verdade.”

“Sério?” Mel perguntou esperançosa.

“Claro, ele vai ser o melhor.” Tyler olhou para Calie esperando aprovação, ela pensou que Tyler queria dar um cão de caça para a menina, mas no fim cedeu.

Parecia que Calie estava certa, pois era exatamente no que Tyler estava pensando, ele conhecia um ex-treinador da unidade canina dos Navy-seals.

“Se você esperar um pouco eu vou te arrumar o melhor.”



Comentários