Velho Mestre Brasileira

Autor(a): Lion

Revisão: Bczeulli e Koto Tenske


Volume 1

Capítulo 7: Estou Rico!

Era quase fim do dia quando Tyler chegou na montanha, só que dessa vez ele foi todo o caminho de carro até o outro lado, na metade ele olhou aos riscos na parede, mais dois tracinhos foram apagados. Tyler respirou aliviado, isso era uma prova de que sua teoria estava correta, agora ele poderia ir com calma e planejar perfeitamente todos seus passos seguintes. 

Do outro lado era o início da manhã, Tyler calculou que esse mundo vivia numa diferença de 12h, sempre quando no Texas era dia aqui era noite. 

Infelizmente seu ATV não conseguia levar toda a carga de uma única vez, em sua primeira viagem Tyler levou o pedido do gerente. Ele desceu com cuidado e entrou na floresta, a viagem foi muito mais rápida, não levou mais do que vinte minutos, embora fosse uma floresta bem densa ainda assim havia espaço para se locomover. 

Tyler deixou seu ATV em um local escondido e o cobriu com uma lona camuflada. Ele andou pela estrada por alguns bons minutos até avistar o caçador em sua carroça. 

Tyler o cumprimentou e o conduziu até seu carro. Não era preciso dizer que o caçador achou aquele velho mais estranho ainda. O velho vestia uma roupa manchada de verde e empunhava uma “coisa” de ferro muito estranha, ela era diferente da que ele usou para matar a fera, porém ele a segurava da mesma forma, então Noeru pensou que fosse uma arma parecida. 

Quando Tyler o levou até seu carro o homem olhou curioso. Vendo a reação dele, Tyler não pode deixar de perguntar. 

— Está curioso, quer saber o que é isso? 

— Não velho mestre, esse pobre não se atreve a entrar em seus assuntos. — O homem curvou a cabeça. 

— Não há problema — Tyler riu. — Isso é uma carruagem! 

— Uma carruagem, como? Não há lugar para animais puxarem… — O coitado perguntou confuso. 

— É assim mesmo, ela não foi feita para ser puxada por animais, ela se move sozinha! 

— Sozinha!!! Como?? — O homem não pode deixar de perguntar curioso. 

— Assim veja.  — Tyler ligou o veículo e deu a volta ao redor do homem. 

O caçador era um homem humilde e de pouco conhecimento, quando viu aquela coisa estranha se mover sem ser puxada por nenhum animal, suas pernas tremeram. 

Se ele não fosse alguém que já tivesse enfrentado perigos de morte várias e várias vezes, com certeza, ele desmaiaria no local! 

Mesmo sendo forte, ele se apoiou em uma árvore enquanto recuperava a força nas pernas. 

— Não fique com medo, eu vou te mostrar muito mais, tome isto como um presente. — Tyler entregou uma muda de roupa completa para o homem. 

O homem ficou emocionado, ele não queria aceitar, mas Tyler se recusou a pegar de volta. Após uma pequena discussão ele finalmente aceitou. As botas, calça, camisa e jaqueta serviram perfeitamente. 

— Por que essa roupa tem uma cor tão estranha? — Noeru passava os dedos no padrão camuflado do tecido. 

— Ela é assim porque é especial, ela foi feita para caçar, quando você está na mata com ela os animais não podem lhe ver com facilidade. 

— Ahhh… — O homem não podia deixar de admirar suas vestes novas mais ainda. 

Eles terminaram de carregar a carroça e então partiram para a cidade. 

Parece que o alvoroço em torno deles era ainda maior, se Tyler tinha chamado atenção em sua primeira entrada, nessa definitivamente todas as pessoas o olhavam descaradamente! 

Por onde ele passava não havia uma única alma que não o olhasse curioso. Antes mesmo de chegar à guilda o gerente Shu já o esperava, parece que alguém já tinha corrido e lhe avisado. 

Até o gerente que era um homem mais esclarecido não deixou de ter um olhar curioso sobre as vestes daqueles dois. 

— Bom dia, trouxe tudo o que pediu. — Tyler deu um sorriso e deu um tapinha nas caixas atrás dele. 

— Bom dia, claro… — O gerente foi despertado de seu estupor. — Por aqui venham, deixe que meus servos tragam tudo para dentro. 

O gerente tentava ser o mais cortês possível e ofereceu chá deixando-os à vontade. 

Como Tyler suspeitou, aquele chá era bem caro e raro, ele viu isso pela reação do caçador ao tomá-lo. 

— Quer ver a mercadoria? — Tyler perguntou para o gerente, a fim de começar logo. Já que o homem não o querendo ofender não tomou a iniciativa. 

— Claro, se não for incomodo. — O gerente Shu respirou aliviado, ele mal tinha dormido essas duas noites. 

Como uma criança na manhã de natal ele abria cada uma das caixas, a alegria era evidente em seus olhos, contudo, ele se forçava ao máximo para que seu rosto não denunciasse suas emoções. Se uma pessoa está muito feliz quando está comprando algo o vendedor pode aumentar o preço sem perdão. 

Tudo o que havia sido pedido foi entregue, como o Tyler tinha dito seu perfume superava em muito aquele da loja, e como se não bastasse ele trouxe dez fragrâncias diferentes! 

O gerente cheirava um maravilhado, a qualidade era excelente e os cheiros eram únicos, não pareciam em nada com nenhuma coisa que ele sentira antes. 

Tyler deu uma caneta para ele testar.  

— Tome, teste esta. As vezes quando ela é nova você tem que riscar um pouco antes até a tinta começar a sair.  

— O gerente começou a escrever. — Tudo isso é incrível! — O senhor Shu não podia deixar de suspirar. 

— Já que lhe trouxe a caneta, tomei a liberdade de trazer também o papel. — Tyler puxou uma folha da caixa. 

O gerente tinha a mente abalada desde cedo e já não conseguia mais esconder sua admiração. Aquela folha era simplesmente perfeita! Tinha um branco imaculado, abrindo o pacote, ele olhou cada uma, seu formato inalterado o assustou. 

Diferente do caçador, o gerente Shu sabia o que aquilo queria dizer… ser capaz de repetir um processo de produção e fazer com que cada peça saia exatamente igual a anterior, requer um nível elevado de ciência. 

— Quero uma prata por folha! — Tyler disse. Ele sabia que poderia arrancar muito mais, porém ele agora queria fazer muito dinheiro o mais rápido possível. 

O gerente nem tinha muito no que pensar e concordou rapidamente com o preço. — Eu aceito, quantas o mestre tem? 

— Em uma caixa dessas tem 2.500 unidades, eu trouxe quinze caixas, então vai dar 37.500 folhas! 

O senhor Shu engoliu seco… 

Ele se assustou por dois motivos, o primeiro foi porque era muito dinheiro e o segundo era que ele ganharia muito em cima! 

— Eu tenho mais isso. — Tyler puxou um isqueiro. — Isso é uma ferramenta feita pelos alquimistas mais renomados do meu país, chama-se isqueiro! — Tyler o acendeu e fez um ar misterioso… 

Quando viram a chama os dois homens deram um passo atrás e demonstraram uma aparência assustada em seus rostos. 

— Oh céus!!! — O gerente exclamou enquanto estirou a mão trêmula para tocar no objeto. 

Para uma pessoa do século XXI um isqueiro não representa grande coisa, o principal motivo é que não temos mais necessidade. Bom, a menos que você seja um fumante ou um piromaníaco. 

Em sua casa para fazer ou aquecer uma comida apertamos um botão e voilá temos fogo, isso se não contarmos com o micro-ondas. 

Esses dois homens imediatamente viram a importância deste pequeno objeto, era muito comum as pessoas venderem kits de arco e broca para iniciarem o fogo ou “Flint and steel”. Tyler pediu 5 moedas de ouro por isqueiro, 30 moedas de prata por caixa de fósforo e 15 moedas de ouro em cada pederneira. 

A pederneira era mais cara porque podia ser usada milhares de vezes e era resistente a água, quedas e tudo mais. 

Tyler antes de sair pediu um livro de plantas medicinais para o gerente, exceto pelo livro e uma muda de roupas comuns ele não levou seu pagamento, o dinheiro nessa época é muito pesado para se transportar, então ele resolveu pegar tudo na volta… 

Tyler foi até uma taverna para comer junto com o caçador. — Tome, isso é pela ajuda que me deu, e por me acompanhar amanhã. — Tyler jogou um saco de moedas em cima da mesa. 

Antes de seu encontro com esse velho o homem nunca tinha visto tanto dinheiro, primeiro ele tinha recebido dez moedas de ouro pela recompensa do demônio azul morto por Tyler, aquelas simples dez moedas eram uma soma bastante alta para o padrão de vida dele. 

O homem pegou o saco e ficou assustado pelo peso, eram cerca de cinquenta moedas. “Cinquenta moedas de prata vão me garantir um mês inteiro.” Ele pensou consigo mesmo. 

Quando abriu o saco seu coração parou… 

Ele tinha acertado a quantidade de moedas, mas o metal era diferente, eram moedas de ouro. 

— E… eu… não pos… posso aceitar — Ele gaguejou por fim. 

— Por que não? Você trabalhou bem para mim, nós vamos para uma missão perigosa, aceite! 

Só agora o homem se deu conta que esse velho estava realmente querendo ir caçar o bando de trolls, e pior ainda, queria levá-lo junto! 

Vendo que o pobre coitado ficou com a cara verde, Tyler disse. — Relaxe, mais tarde eu vou mostrar minhas armas, e então você vai acreditar nas minhas capacidades. 

Noeru pensou um pouco e decidiu dar o braço a torcer, afinal esse velho já tinha lhe surpreendido de várias maneiras. 

Tyler e o caçador voltaram até onde o ATV estava escondido, Tyler só tinha trazido consigo da caverna o AK-47, as Glock e seu fuzil. 

Tyler pegou o AK-47 e disse. — Esta é uma arma extremamente perigosa e mortal! Você deve me ouvir atentamente e seguir corretamente cada passo que eu der! 

Noeru acenou concordando, mas dentro de si ele duvidava, afinal essa “arma” não tinha bordas afiadas e nem era grande ou pesada o suficiente para ser jogada contra alguém. 

Vendo o olhar incerto do homem, Tyler falou. — Vou te mostrar, como isso é poderoso. 

Tyler fez mira em um galho e então atirou. Pow… O galho se despedaçou e partiu-se caindo ao chão.  

— Essa arma pode lançar pequenas pontas de flechas com o poder de mil lanças cada! — Tyler o amedrontou, não porque achava engraçado, mas sim por que ele queria dar a esse homem um senso de perigo real ao segurar essa arma de aparência inofensiva. 

O homem acreditou cegamente nas palavras daquele velho, ele tinha sentido o poder daquela arma em si mesmo, o som do disparo tinha reverberado dentro de suas entranhas. 

— Olhe isso, essa coisinha minúscula é a “flecha” desta arma. — Tyler colocou uma munição nas mãos do homem. 

As mãos tremendo tocaram naquela coisinha pequena não acreditando em como era tão poderosa. — É perigoso pegar nisso assim? — O caçador não pode deixar de perguntar. 

— Não, a menos que tente abri-la, colocá-la no fogo ou bater na parte de trás. 

— Ahh… — O homem arqueou as sobrancelhas admirado. 

— Venha vou te ensinar a como usá-la corretamente — Tyler disse. 

 



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