Velho Mestre Brasileira

Autor(a): Lion

Revisão: Bczeulli e Koto Tenske


Volume 2

Capítulo 26: Viagem de negócios.

Cruzando o país novamente, só que dessa vez de oeste para leste. Eram 3.200 quilômetros, foram 4:30 horas de voo. Tyler amava viajar, principalmente voar, mas ficar sentado sem poder fazer nada era muito chato.

Quando ele estava no seu próprio avião as coisas eram totalmente diferentes, ele decidia a rota, sentia o motor e o avião como um todo. Ele sempre tinha uma sensação especial quando via uma nuvem branquinha e depois cortava atravessando-a.

Tyler estava indo para contar outra mentira... Ele tinha pensado muito nisso esses dias, qual era o motivo dele estar mentindo tanto?

Ele conhecia a si próprio e sabia que não era de sua índole ser enganador. Ele estava com um desejo ardente de conquistar aquele mundo, não apenas isso, ele queria unificar todos os homens sobre uma única bandeira!

Ele deixou sua mente vagar nesse pensamento. Como seria se na terra todos tivessem apenas um pensamento. Nós somos um só povo!

Tyler de repente lembrou-se de uma passagem bíblica que retratava bem seus pensamentos atuais, ela estava em Gênesis capítulo 11 nos versos de 4 a 7.

“E disseram: Eia, edifiquemos nós uma cidade e uma torre cujo cume toque nos céus, e façamo-nos um nome, para que não sejamos espalhados sobre a face de toda a terra.

Então desceu o Senhor para ver a cidade e a torre que os filhos dos homens edificavam;

E o Senhor disse: Eis que o povo é um, e todos têm uma mesma língua; e isto é o que começam a fazer; e agora, não haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer.

Eia, desçamos e confundamos ali a sua língua, para que não entenda um a língua do outro.”

Muitas pessoas podem não acreditar na bíblia, contudo sigam essa mesma linha de raciocínio.

De 1914 a 1918 tivemos a primeira guerra mundial, embora o mundo estivesse dividido e lutando, não podemos esquecer que ele também estava unido. Embora estivesse unido em polos opostos. A segunda guerra mundial foi apenas uma continuação da primeira.

Apenas pense, como nós evoluímos naquela época, as atrocidades cometidas nunca deverão ser esquecidas e em hipótese nenhuma repetidas. Entretanto as áreas da medicina, engenharia, metalurgia, química, física, matemática, também os carros, aviões, submarinos, navios, as armas... tudo esteve em sua era de ouro nesse período.

Não porque os homens lutavam, mas porque eles estavam unidos!

Tyler acreditava ferozmente nisso.

Outro argumento que apoiava essa teoria era a corrida espacial. Quando a guerra fria começou os homens se uniram em prol de um objetivo, o discurso de John F Kennedy perante o congresso americano feito em 1961, ele disse: “Até o final dessa década nós iremos levar o homem à lua e trazê-lo em segurança.”  Na Universidade de Rice no Texas em 1962 kennedy falou sobre o programa espacial, naquele momento ele uniu os corações e mentes de todos os americanos e seus aliados, “Não porque fosse fácil, mas porque é difícil e porque este objetivo irá servir para organizar e medir o melhor das nossas energias e qualidades.”

Após toda essa reflexão Tyler estava decidido, ele iria unir todas as nações sobre uma só bandeira, não porque era fácil, mas sim porque era difícil, e porque era o certo!

Ele ia dar o seu sangue para que os homens fossem apenas um!!

****

Detroit já foi a capital mundial dos automóveis o famoso Big Three movia a economia, Ford, GM e Chrysler. 

Em 2013 toda a cidade declarou falência apresentando uma dívida de 18,5 bilhões de dólares.

Entretanto mesmo sob as cinzas da glória antiga alguns ainda sobreviviam. Um deles era Roger R Grifinn. Ou como Tyler chamava Roy.

— Roy, seu velho louco! — Tyler gritou para um senhor que estava dentro da oficina.

— Maldito seja! Não é o velho Ty? Pensei que já estivesse morto! — O homem riu.

— E eu iria dar esse gosto a você? — Tyler perguntou.

— É bom que não morra mesmo, você ainda não me pagou aquela cerveja que me deve!

— Não estou lembrado de nada disso!!

— Eu sabia que você estava ficando gagá mesmo!

Os dois homens riram e se cumprimentaram, quando se é velho dar-se um valor muito maior as amizades, afinal o sentimento de que essa pode ser a última vez que se encontram é muito mais forte do que em adolescentes.

Roy era dono da America Off-Road, uma empresa especializada em modificar carros para ralis. 

Os dois homens agora estavam dentro do escritório bebendo uma cerveja gelada.

— Está só passeando? — Roy perguntou.

— Vim fazer negócio. — Tyler falou.

— Negócios? Comigo? — O homem ficou intrigado.

— É tão estranho assim? Se não quiser eu encontro outra pessoa. — Tyler riu e virou o rosto fingindo indignação.

— Vá a merda! Não sou qualquer um que você pode enganar com esse seu cinismo, fale logo o que quer para que eu possa cobrar o dobro!

Hahaha... Dessa vez você não vai ver nada do meu dinheiro. Eu estou trabalhando para uma ONG humanitária que vai para a África, eles querem 200 carros preparados

— Ora Ora, você não é o papai Noel, mas é um velhinho tão bom quanto. Hahaha.

— Papai Noel eu? Quem é velho, barrigudo e barbudo? — Tyler perguntou.

— Deixe logo de brincadeira, e me diga às especificações! —Roy disse saindo do sério.

— São 200 veículos, eu pensei que a F-150 raptor seria bom, contudo tem uns adicionais...

— Adicionais, quais são?

— Nessa área em especial o combustível será difícil de conseguir, queremos que ela possa ser movida a gasolina, álcool e gás natural.

Phuffff!!! — O velho cuspiu a cerveja quando ouviu isso. — Para que? Isso é coisa de comunista.

— Já disse lá nessa área em questão é mais fácil fazer álcool ou gás do que comprar gasolina!

— Tyler você mesmo sabe, não é tão simples assim. Um motor a gasolina ser movido a gás é até mais fácil fazer a conversão, mas fazê-lo rodar a gasolina e a álcool é bem mais difícil, requer um computador especial e um programa específico na injeção.

— No Brasil isso é muito comum!

— Lá os carros vêm assim de fábrica, quem faz o motor e os programas são as empresas.

— Eu consegui o programa de uma fábrica, alguns amigos meus estão adaptando o programa ao motor da F-150.

Dessa vez Tyler não tinha mentido, ele tinha pedido para os garotos roubarem esses programas, e pelo o que ele descobriu, alguns deles conheciam ou tinham contatos com quem poderia fazer um novo programa específico para esse modelo de motor.

— Se é assim...

— Eu quero só o de praxe, suspensão, tração, eixos, etc. entretanto, acho que nem vai ser muito necessário. Mas o interior eu quero ele todo recoberto em neoprene, grades e estribos em aço, luzes de led em cima para andar na mata, snorkel para atravessar cursos d’água, um cilindro de gás e tanque de combustível externo, e grades para levar pessoas e malas na carroceria.

— Mais nada?!

— Quero envelopadas na cor coyote.

— Você é um aproveitador!

— Deixe a cena para quem acredita nela. — Tyler riu, ele sabia que o que estava pedindo era um pouco demais mesmo.

— Vou cobrar 15.000 por cada modificação!

— Ok, semana que vem as camionetes começam a chegar aqui, entregue-as nesse endereço.

— Nem reclamou do preço? Quero 20.000!

— Vá roubar outro! Seu velho avarento.

Tyler passou o dia inteiro conversando com Roy.

Seu próximo destino era New York. Antes de sair Tyler tinha contratado uma empresa de transporte de valores para trazer todo seu metal precioso e suas gemas.

É claro que ele tinha pago a mais para estabelecer um contrato de confidencialidade com ela. Isso não era nada fora do comum para essas empresas.



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