Velho Mestre Brasileira

Autor(a): Lion

Revisão: Bczeulli e Koto Tenske


Volume 2

Capítulo 17: Reviravoltas.

 

— Merda!!! Merda e mais merda!!!! Será que a pessoa não pode ter um dia de sorte na vida? — Tyler ficou praguejando.

— E agora mestre? — Noeru falou com medo.

Tyler viu o medo estampado na face do rapaz, ele não podia negar que nesse momento ele também estava com medo também, o que ele podia fazer? Ia atirar em todos? Em primeiro lugar: ele não tinha munição para matar todo mundo, e em segundo: homens não são tolos, após o primeiro disparo todos iriam procurar um abrigo e lançar uma chuva de flechas sobre ele.

Ele se encheu de uma coragem desconhecida e gritou. — Quem são vocês?

Um guerreiro alto e forte saiu das fileiras e veio com seu cavalo. — Somos a guarda real do rei Otaviano! Você é o velho que matou lorde Virtu o senhor da cidade de Atazar?

“Ahhh... então é isso...” Tyler respirou fundo, nesse mundo ele havia projetado uma aparência de que era forte e imparável. Se fraquejasse agora iria pôr tudo a perder. — Foi exatamente eu quem pôs fim aquele monte de merda!

O soldado olhou incrédulo nos olhos daquele velho, ele não sabia que matar um nobre era o segundo pior crime de todo reino só perdendo para conspirar contra o rei? — Você sabe quão grave é o crime de matar um nobre?

— Acha que eu me importo? Aquela cria de Stalin abusava de moças indefesa, acobertava um ninho de goblins e quis me impedir de matar todos esse trolls! Agora me diga você um homem que tenta ficar no meu caminho merece viver?

— Velho, você está falando que matou todos os trolls dessa região? — De repente o soldado ficou cauteloso.

— Está vendo algum? — Tyler riu... ele sabia que era mais vantajoso para o reino se livrar de uma família de trolls do que ir atrás de vingança sobre um lorde bom para nada.

— Se está falando a verdade então prove. — O guarda pediu, em seus olhos Tyler pode sentir que já tinha ganho essa.

Tyler apontou para longe. — Se andar por essa trilha irá ver um amontoado de rochas eles são o que restou de mais de 20, se fizer a volta vai encontrar o corpo petrificado de mais 10, e ainda tem 2 dentro da montanha, como o sol não os atingiu eles não viraram pedra. — Tyler foi simples nas suas palavras.

O guarda mandou alguns homens irem checar em pouco tempo eles voltaram.

— Senhor, o velho fala a verdade, embora de longe pareça apenas rocha comum quando se chega perto pode-se ver os contornos, definitivamente são os corpos dos trolls.

— Co... como você os matou? — O guarda ficou chocado.

— A missão dizia apenas para matá-los e não dar um relatório. — Tyler ainda não sabia se devia expor todas as suas cartas.

— Hora seu!

— Não quero conversa, com quem eu falo para pegar o meu dinheiro? — Tyler foi curto e autoritário.

— Essa missão foi solicitada pelo próprio rei Otaviano, a recompensa deve ser dada por ele. — O soldado não recuou.

Tyler ficou pensando por alguns momentos. — Noeru volte para casa, você me ajudou muito, mas agora eu vou ter que ir até a capital.

Tyler não deu brecha, como último serviço ele e Noeru colocaram todo o tesouro dos trolls na carroceria do ATV, como Tyler ia andar sozinho agora ele ia ter menos peso.

Mesmo assim ele conseguia ouvir a estrutura do carro gemer a cada saco de ouro que ele botava em cima. “Nem a pau que esse ouro fica aqui.”

Quando ele saiu da caverna todo ficaram assombrados com aquela carroça que se movia sem animais.

— O que é tudo isso? — O guarda perguntou incerto.

— É parte dos meus despojos, ainda tem muitas espadas e armaduras lá, se você e seus homens quiserem eu não me importo. — Ele desviou o assunto.

Parecia que ele tinha aberto os portões de uma escola, foi uma enxurrada de homens se espremendo naquela sala, tanto que Tyler não conseguiu entender como tantas pessoas podiam caber lá.

O saque não durou 5 minutos, alguns saíram com brilhos nos olhos apreciando suas novas armas.

— Olhe, veja essa acho que é ferro dos anões!

— Hahaha... O papai aqui teve a sorte grande essa espada é de primeira qualidade!

— Ei vejam esse arco aqui, deve ter sido de algum elfo!

Outros se queixavam.

— Não peguei nada.

— Eu também não.

— Acham ruim, eu sou chefe de 50 homens e mesmo assim fiquei sem nada.

Tyler ria em seu canto, para ele essas espadas valiam tanto como gravetos.

— Já podemos ir? — Tyler perguntou ao comandante.

— Sim, vamos partir. — Ele virou-se e chamou a tropa.

O carro de Tyler logicamente não foi feito para carregar tanto peso e rangia em cada buraco. Ele se livrou da caixa de som e dos holofotes para ter mais espaço, todavia não foi o suficiente e até o lugar do passageiro estava ocupado com ouro.

— Ei garoto como vocês souberam que eu estava aqui? — Tyler perguntou ao comandante que caminhava com seu cavalo ao lado.

— Um dos servos do senhor da cidade foi avisar o rei que o senhor matou seu mestre e estava planejando fazer confusão no território dos trolls, rapidamente o rei nos despachou para te prender. Mas como íamos saber que o senhor já tinha acabado com todos eles?

— Quem foi o comunista que me caguetou?

— Não sei o que o mestre chama de comunista, mas quem nos avisou foi o chefe dos guardas.

“Lazarento desgraçado... eu devia ter metido uma bala naquele safado!” Tyler fez uma promessa a si mesmo, ele faria aquele canalha pagar pelo que fez.

A viagem levou mais de dois dias, no meio do caminho Tyler tentou se enturmar com os soldados dando-lhes isqueiros e fósforos. Ele não tinha apoio nenhum e a palavra desses homens poderia apaziguar um pouco a ira do rei.

Quando Tyler chegou na capital do reino ele ficou boquiaberto.

Nesse momento ele realmente se sentiu como se tivesse entrado em um túnel do tempo e parado na idade média. As paredes altas e fortificadas, os guardas com cotas de ferro.

Todos os outros locais por onde ele tinha passado também tinham esse clima medieval, entretanto aqui era como se fosse o conjunto completo.

As ruas de pedra, as casas de madeira, as tavernas, os bêbados nas ruas e até o fedor.

Os relatos históricos dizem que a Londres antiga era um dos locais mais fedorentos do mundo.

Ele nem precisava citar a higiene pessoal dos habitantes. Na Europa medieval era comum encontrar pessoas adultas que nunca tinha tomado um banho a vida.

Existia um certo mito que banhos retiravam as forças das pessoas e que a sujeira era uma barreira protetora.

Se uma pessoa sozinha já fede, agora imaginem uma cidade inteira com pessoas de CC?

As pessoas que viviam no interior como as cidades que ele visitou eram bem mais limpas. Na cidade de Atazar prepararam até uma banheira para ele tomar banho. Ele supunha que devia estar mais relacionado com a disponibilidade de água nas grandes cidades do que medo propriamente dito.

Eles andaram por uns 40 minutos até chegarem em outra muralha dentro da cidade. Esse tipo de edificação era comum nos tempos antigos, uma cidade fortificada quase sempre tinha uma outra estrutura fortificada em seu interior.

Ela funcionava como uma segurança extra, em casos de invasões.

— Daqui para frente é a cidade do rei, apenas o rei e os nobres vivem aqui. — O guarda explicou, Tyler já tinha feito um bom relacionamento com ele desde quando deu uma caixa de fósforos.

Somente o rei e os nobres? Tyler logo imaginou a resposta, não era para proteção, era o caso daquele ditado tenha seus amigos por perto e seus inimigos mais perto ainda.

Essa é uma era de intrigas e traições. Se um rei quiser se manter no comando ele deve ter todo mundo em rédea curta.

— Então como é o rei? — Tyler perguntou.

— Nosso rei é um bom homem, ele fez todo o nosso reino do nada. — O guarda parecia ter muito orgulho do rei.

— Me disseram que ele está velho.

— Sim é verdade, é uma pena estamos nessa situação, o rei perdeu seus dois filhos a muito tempo atrás e agora não tem mais herdeiros.

— Mas não se deixe enganar, um camelo cansado ainda é mais forte que um cavalo! — Outro guarda completou.

— Ele parece ser um grande homem, quantos anos ele tem?

— Alguns dizem que ele tem mais de 200, mas ninguém sabe ao certo. — Ele deu de ombros como se isso não fosse nada de mais.

“O que?! É sério isso? O cara tem mais de 200 anos de idade?”

— Quem se aproxima dos portões do palácio? — Um guarda gritou.

— Somos a equipe que foi mandada para investigar a morte do Lorde Virtu Senhor de Atazar, retornamos com informações.

— Deixe-me passar eu quero ver isso!

Tyler ouvia uma voz se sobressair da multidão, era um homem muito alto e forte ele vestia uma armadura tão reluzente que doía na vista.

— Quem é esse velho? — Ele perguntou com ignorância.

— Reportando ao lorde Hélio, ele e o homem acusado de matar o lorde Virtu. — Um soldado se apressou a responder.

— E porquê o traste que matou meu primo ainda está vivo?

— Sua mãe não estava me chamando de traste ontem a noite... — Tyler falou com um sorriso sínico no rosto.

Parecia que o ar tinha sido sugado do local, ninguém pronunciou um piu! Era possível até escutar o cabelo crescendo na cabeça deles. Esse velho é maluco ou tem muita coragem?

Tyler não sabia mas esse homem era o guerreiro mais forte do reino, muitos até diziam (principalmente ele mesmo) que ele era o mais provável sucessor do rei.

— O que você disse, velho? — O homem falou com a cara vermelha de raiva.

— É surdo também?

Shhhsss... Várias pessoas suspiraram pelos dentes e viram o rosto de lado não querendo nem ver o que seria deste pobre velho.

O homem não se aguentou mais e partiu para cima de Tyler com todas as forças.

Tyler não estava nem aí para ele, apenas sacou a pistola e deu um tiro na mão que segurava a espada.

Haaa... O lorde não esperava aquilo, nem ele nem ninguém!

O homem se afastou e ficou segurando a mão ensanguentada. — Que magia negra é essa? Você é um bruxo por acaso? — De repente esse velho não parecia ser tão simples assim.

— Se eu for ou não, não é da sua conta.

Pelo canto do olho ele reconheceu uma pessoa, era o chefe dos guardas da cidade de Atazar, foi aquele patife quem o entregou ao rei!

— Ei seu verme, não fuja! — Tyler gritou para o homem que queria correr assim que eles trocaram olhares.

Tyler estava puto da vida com esse cara.

— Me salvem desse velho, socorro! — Ele gritava, mas quem iria se meter nessa briga? Ainda estavam todos assustados.

Tyler queria acabar logo com esse jogo ele deu um tiro nas costas dele e o matou. Tyler queria deixar um recado bem simples, não mexam com ele.

— Quem está fazendo tanto barulho em frente ao meu palácio?



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