Velho Mestre Brasileira

Autor(a): Lion

Revisão: Bczeulli e Koto Tenske


Volume 1

Capítulo 11: A Caverna dos Horrores

Tyler entrou na caverna, ele já sabia que estava sendo vigiado. Em vez do fuzil, ele estava usando sua pistola, num local fechado quanto menor o tamanho da arma, maior é a mobilidade do usuário. 

Ele ligou a visão noturna. Um mar verde se estendeu diante dele, pares de pontos brilhantes se movendo ao fundo. Tyler instantaneamente reconheceu, olhos. 

Tapetum lucidum, esse é o nome de uma superfície que cobre os olhos de alguns animais, é normalmente encontrado em animais que caçam a noite. A partir dessa simples informação Tyler sabia que seu inimigo tinha uma excelente capacidade visual, mesmo no escuro. 

Isso também era uma fraqueza que ele ia aproveitar. Tyler andou mais alguns passos, quando tinha uma boa mira ele atirou naqueles sentinelas. 

Thuff… thuff… thuff… thuff… O som abafado dos disparos indicou quatro mortos, Tyler estava mirando só na cabeça, havia duas razões para isso, a primeira era economizar balas, e a segunda era evitar desgarrados chamando reforços. 

Tyler ia entrando e deixando um rastro de morte para trás. Era bem fácil se perder nesse local, felizmente o curso de geologia o fez entrar em centenas de cavernas. Ele era tão familiarizado com esse tipo de ambiente que podia dizer qual era os minerais presentes, se era natural ou se havia sido cavada. 

Essa caverna era calcária, formada pela chuva. Era uma verdadeira obra da natureza, a água da chuva vem ligeiramente ácida pois carrega um pouco de CO², o calcário é básico então derrete dando passagem a água, depois já no subsolo, ela se acumula e vai derretendo tudo formando esse “oco” que são as cavernas. 

Havia sempre um fedor característico nesse lugar, um cheiro asqueroso de odor corporal, sangue e fezes. 

Tyler começava a ouvir um barulho de vozes, mas dessa vez ele não entendeu a língua, ele tão pouco achou que houvesse “palavras” sendo transmitidas nesses grunhidos animalescos. 

Havia um salão com bem mais de uma centena desses monstros, o salão era um nível mais baixo do que o que Tyler estava. Poucos jarros serviam como lâmpadas a óleo e iluminavam o ambiente. 

Tyler atirou neles, eram cinco no total e quando se quebraram uma chuva de fogo se formou naquele espaço fechado. Tyler não temeu tanto ficar sufocado pois ele sentia um fluxo de ar novo vindo mais ao fundo da caverna, mesmo assim ele se ajoelhou no chão para não ser intoxicado pela fumaça que subia até o teto. 

O desespero se espalhou, quem tentava fugir, levava um tiro na testa. Dessa vez foi impossível não chamar atenção. Logo, toda caverna fervilhava com um exército goblin se aproximando. 

O túnel no qual Tyler tinha sentido a corrente de ar agora estava literalmente jorrando monstros. Era igual a uma garrafa de refrigerante aberta depois de balançada! 

Essas pestes estavam andando até no teto do túnel. Mesmo assustado, Tyler sabia que essa era a sua melhor chance, quando o inimigo está afunilado seus números não importam! 

Tyler mudou o seletor de tiro de seu fuzil para “Intermitente Triplo” nessa opção a cada ação feita do gatilho três disparos são dados. Ele não ia usar o modo automático pois só ia desperdiçar munição, em modo automático é quase impossível fazer mira. 

Tyler mirou na boca da passagem e começou sua chacina! 

Puff, puff, puff… Puff, puff, puff… O som seco e abafado era tudo o que ele ouvia, outra vantagem deles estarem mais ou menos alinhados era que uma única bala atravessava cinco ou seis. 

Tyler entrou em uma espécie de modo automático, mira, respira, atira e recarrega. Quando já tinha gasto cinco pentes o formigueiro a sua frente se acalmou. 

O fogo também tinha se apagado e voltou a ser escuro naquele local. Tyler sacou sua pistola novamente e andou em direção ao túnel, até agora ele não viu nenhuma pessoa. 

A cena na passagem era horrenda, o sangue parecia que tinha sido pintado com spray nas paredes, não havia um único centímetro quadrado que não estivesse vermelho, o teto gotejava e no chão um pequeno rio fluía. 

Enquanto se movia pelos corpos ele notou que alguns estavam vivos, provavelmente eles tinham sido desmembrados pelos tiros, mas não morreram, ainda! 

Ele nem se deu ao trabalho de atirar, sua bota tinha biqueira de aço. Quando um goblin se mexia muito ele dava um chute para neutralizá-lo. 

A partir de agora as paredes pareciam ser escavadas. Tyler começou a escutar uns gemidos vindos em uma sala mais à frente. 

Os gemidos dessa vez pareciam ser humanos, um cheiro forte de suor e “fluidos corporais” vinham de lá. Tyler se aproximou devagar… 

Você tem que entender que Tyler era um veterano de guerra e também um médico, pessoas mortas, desmembradas ou feridas não lhe causavam muito choque, nem a cena que ele próprio causou a alguns instantes o fez mal. Contudo… essa cena lhe revirou os intestinos, seu café da manhã subiu até a garganta. 

Haviam umas quarenta mulheres nuas, amontoadas umas por cima das outras, algumas estavam grávidas com grandes barrigas. Para piorar uns dez goblins estavam estuprando-as. 

— Mais que inferno… — Tyler gritou. Sem se controlar ele ligou o strobo da arma para confundir aqueles demônios. 

Encadeados pela luz forte, eles não tiveram chance. 

Tyler chegou em uma das moças, contudo ela não emitiu nenhuma resposta, elas estavam em um estupor como se estivessem drogadas. Ele testou o reflexo das pupilas. Sem resposta! Elas estavam dilatadas e vidradas! 

Tyler há muito tinha perdido a paciência, ele agora queria matar todos da pior maneira que encontrasse. Retirou o silenciador e andou sem qualquer cuidado. 

Pow!! Pow!! Agora ele mirava na barriga, mesmo sendo morte certa, eles sofreriam um bocado antes de seu mísero fim, pena que não haviam tantos agora. Em uma sala mais afastada Tyler viu o que acreditou ser um berçário. 

Eram um monte de goblins bebês engatinhando por uma depressão feita na pedra, carcaça de animais estavam jogadas lá para alimentá-los. 

Tyler tinha feito um cálculo para o seu gasto de combustível na viagem e trouxe quatro vezes o equivalente necessário. 

— Será um prazer mandá-los para o inferno crias de Stalin! — Tyler com certeza ia pôr fogo. 

Ele continuou mais um pouco e viu oito goblins defendendo uma área bem reservada. 

Tyler mandou chumbo e livrou-se dos malditos, esse local era diferente, possuía até uma porta. Quando abriu, viu quatro moças amarradas junto a uma pilha de armaduras, ferramentas, espadas e arcos. 

— Estão bem? — Tyler perguntou. 

— Hum… — Algumas gemeram. 

Tyler cortou as cordas que as prendiam, mesmo assim elas não se mexiam, estavam iguais às outras. 

Tyler andou mais um pouco e viu apenas outra sala cheia de ervas e nada mais. 

Quando retornou para a entrada viu que Noeru tinha encontrado companhia, uns vinte goblins estavam mortos e outras duas mulheres estavam lá! 

— Muitos problemas? — Tyler perguntou. 

— Mestre! É bom ver que retornou. — Noeru sorriu. 

Até a Krinna estava feliz em ver o retorno do velho. — Eu já acabei lá dentro, eu encontrei as mulheres sequestradas, entretanto elas parecem estar drogadas, nenhuma consegue falar ou andar. 

O caçador pensou um pouco então disse: — Elas devem estar sob o efeito de sarema. 

— O que é sarema? — Tyler ficou curioso. 

— Sarema é uma erva selvagem, em pequenas quantidades é bom para dor, porém se tomar muito pode ficar assim paralisado! 

Realmente, Tyler tinha visto um estoque bem grande de ervas lá, devia ser isso. 

— Vamos entrar e trazê-las para fora. — Até as moças recém-chegadas ajudaram, todos suspiraram quando viram o estrago que Tyler tinha feito. Naquele corredor todos tinham que pisar nos corpos para conseguir passar. 

Tyler e Noeru estavam limpando o corredor enquanto as moças pegavam roupas naquele armazém e cobriam as mulheres. 

— Por que aquelas mulheres estavam separadas das outras? — Tyler perguntou. 

— Acho que elas eram o pagamento pela proteção dos trolls. — O caçador explicou. 

— Mestre Tyler, pode vir aqui? — Krinna chamou. 

Tyler a seguiu até onde suas amigas estavam. 

— Achei isso, isso é seu por direito. — Ela segurava nas mãos um pequeno baú de madeira, ele parecia bem pesado até. 

Tyler abriu e viu centenas de moedas de ouro e dezenas de pedras preciosas, elas variavam do tamanho de uma uva até o tamanho de uma bola de golfe. Rubis, safiras e esmeraldas. Ele simplesmente não acreditou, quanto valia isso? 

— Certo guarde isso, essas mulheres vão precisar de algum dinheiro no futuro. — Tyler falou sem se importar muito. 

Krinna ficou muito tocada com as palavras desse velho. 

Parecia que as mulheres se recuperavam mais rápido quando tomavam ar fresco. As amigas de Krinna já podiam até falar! 

Segundo elas, elas não foram abusadas pelos goblins, parecia que iam ser levadas para algum lugar em breve. 

Tyler pegou todas as ervas e o baú de madeira, exceto por Krinna e suas amigas que pegaram algumas espadas, todo o resto das armas continuou lá. 

Tyler entrou novamente quando todos estavam lá fora, ele pegou sua câmera fotográfica e registrou tudo dentro daquele covil, quando terminou, ele pegou um galão de gasolina e derramou por toda caverna, principalmente no berçário dos infernos. Ele não economizou em nada e fez um pequeno rastro até a saída. 

— Quero que todos se afastem, ninguém deve ficar perto da entrada! 

Seguindo suas ordens o grupo recuou. Tyler pegou um isqueiro e acendeu… 

Grande parte da gasolina já tinha se transformado em vapor no interior da caverna. Seu interior fechado atuou como um canhão! 

Phooow!!!! Muitos corpos foram lançados para fora, mas a maioria permaneceu nessa fornalha infernal! 

Levou meio dia até as mulheres se recuperarem o suficiente, como ainda era 1:00 pm a comitiva decidiu partir. 

 



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