Soul Eye Brasileira

Autor(a): ReaderBecameWriter

Revisão: Delongas


Volume 4

Capítulo 237: Separando os trabalhos

O coração de Baijian começou a bater mais rápido, e seus olhos encaravam sem pestanejar a bela menina na sua frente.

Similar a Baijian, Xue’er também o encarou fixamente.

Os dois pareciam ignorar onde estavam, e o que estavam fazendo. Para eles, todo o resto não tinha importância. Naquele momento, a existência de um era tudo para o outro.

Essa situação estranha só durou alguns segundos, eles rapidamente voltaram a si. Xue’er corou e se afastou um pouco. Baijian ficou perdido em pensamentos.

‘É a mesma coisa…’

No momento que Xue’er falou aquelas palavras, uma multidão de emoções inundou o calmo coração de Baijian, como se todas as emoções de uma vida inteira tivessem sido liberadas em seu coração de uma vez só.

Isso já havia acontecido uma vez antes.

‘É a mesma coisa que aconteceu com Yanyan.’

Ele não entende até hoje o que havia acontecido naquele dia, naquele avião. Essa situação aconteceu mais uma vez, e ele novamente não entendia o que aconteceu.

Tudo que ele entende é que seu relacionamento com Xue’er parece, de alguma forma, muito mais próximo, igual aconteceu com Yanyan daquela vez.

Respirando fundo, Baijian tentou se acalmar. Vendo o olhar ardente no belo rosto de Xue’er, ele se aproximou e a abraçou.

Ele pode acalmar seus próprios sentimentos, mas Xue’er não. Ela não tem um cultivo mental tão alto quanto o dele, então para não trazer desconforto e dor a ela, Baijian a abraçou.

Ainda abraçando Xue’er, Baijian se sentou na cadeira, e pressionou sua mente para os dois que estavam deitados nas camas.

Ele não queria que esses dois acordassem nesse momento, e como precaução, manteve suas mentes sobre pressão para que não acordassem por um tempo.

Depois de alguns minutos se acalmando, Xue’er finalmente parecia mais calma. Ela se sentou em uma cadeira ao lado, respirou fundo, e perguntou:

“O que aconteceu?”

Baijian balançou a cabeça, mostrando que também não sabia, e perguntou:

“O que você sentiu?”

Colocando a mão em seu coração, Xue’er olhou para o chão e começou a explicar o que ela sentiu:

“Naquele momento… No momento que falei aquelas palavras. É como se… Não sei explicar direito. É como se uma quantidade enorme de emoções. Tristeza, alegria, raiva, ódio, confusão… Todo tipo de emoção diferente, invadissem meu coração. Como se…”

Baijian completou a frase ao ver que ela não conseguia:

“… você tivesse vivido uma vida inteira? Como se todas aquelas emoções fossem emoções que você sentiu durante uma vida, e elas simplesmente invadiram seu coração de uma vez só?”

Virando seu olhar para Baijian, ela assentiu com a cabeça e perguntou:

“Você também sentiu isso?”

Ele assentiu com a cabeça e permaneceu perdido em pensamentos.

***

“Mestre! O que aconteceu depois que eu desmaiei?”

Louis se levantou da cama alguns minutos depois, e a primeira coisa que viu foi Baijian sentado ao lado da cama com os olhos fechados.

Durante o caos, Baijian o nocauteou, e depois disso ele não sabe o que aconteceu. Ao acordar e ver que estava num quarto calmo, ele perguntou, e Baijian respondeu:

“Já resolvi as coisas, você não precisa se preocupar. Você confiou sua segurança a mim, então não se preocupe com mais nada. Quanto à sua família, eu prometi protegê-la, e é o que farei. Mandei pessoas buscarem sua mãe e irmã, em breve elas chegarão à Starlith.”

Surpreso, Louis se ajoelhou em cima da cama, se inclinou o máximo que podia, e falou:

“Obrigado, Mestre! Contanto que minha família esteja segura, minha vida é sua para comandar.”

Baijian fez um som de concordância, e Louis se levantou. Olhando o ambiente desconhecido, e a menina deitava na cama próxima, ele perguntou:

“Onde estamos, Mestre? Você disse Starlith antes, certo? Estamos realmente na Linda Starlith?”

Levantando a sobrancelha para a pergunta de Louis, Baijian perguntou:

“Linda Starlith?”

Descendo da cama, Louis se curvou e explicou:

“Sim, Mestre. Starlith é conhecida como a cidade mais bela do Reino de Silvar, o senhor não sabia?”

Baijian balançou a cabeça em negação, e Louis elaborou mais:

“O nome Starlith vem da flor com o mesmo nome. É uma bela flor que é o ingrediente de várias poções muito poderosas. No continente, essa flor é praticamente extinta, mas na Cidade de Starlith, ela pode ser encontrada em todo lugar.”

“Starlith é conhecida por ser a cidade mais bela do reino, a Cidade das Flores. Além da própria flor Starlith, existe uma variedade enorme de diferentes flores espalhadas por toda a cidade.”

“É uma bela cidade, com um turismo forte, uma indústria farmacêutica desenvolvida, e um forte poderio militar graças às poções feitas usando a flor Starlith.”

“Afinal, existem apenas três poções que podem ajudar alguém a ultrapassar o Primeiro Limiar, e uma dessas poções tem como ingrediente principal a própria Flor Starlith.”

Baijian assentiu com a cabeça e permaneceu em silêncio. Essas informações não estavam em nenhum livro dentro da Biblioteca de Verusa. Por que será?

Curioso, ele fez essa pergunta a Louis, e ele respondeu com surpresa:

“Como sabe que não existem livros mencionando isso na Biblioteca de Verusa? Lá tem muitos livros.”

Baijian deu de ombros. Ele leu literalmente todos os livros da biblioteca, mas em nenhum deles mencionava a cidade de Starlith.

Pensando por um momento sobre o motivo, Louis de repente se lembrou de algo e falou:

“Ah, já sei. O senhor se lembra de uma flor chamada Star Lily?”

Ouvindo isso, Baijian relembrou, e de fato, havia uma flor assim em vários livros. Louis elaborou o que ele pensou:

“Se não me engano, mil anos atrás, a atual flor Starlith se chamava Star Lily, talvez seja esse o motivo para o senhor não saber dessa flor. Quanto ao motivo para não lembrar dessa cidade, Starlith é uma cidade que tem apenas trezentos anos de história, ela foi construída bem recentemente.”

“E apenas duzentos anos atrás foi descoberto que o solo da cidade era bom para plantar Starlith. Antes de descobrirem isso, se não me engano, essa cidade se chamava… Ér…”

Louis ficou em silêncio tentando lembrar o nome, mas Baijian estava pensando em outra coisa:

‘Apenas trezentos anos de história, e é recente?’

Mas lembrando os livros contando a longa história da civilização desse planeta, Baijian entendeu. Trezentos anos é, de fato, um tempo curto para uma civilização como essa. Na terra, trezentos anos seria realmente um divisor de eras.

Depois de alguns segundos em silêncio, Louis se lembrou:

“Lembrei só por causa da história do primeiro Senhor da cidade que li uma vez. O primeiro senhor era um verdadeiro Senhor da Guerra, então ele nomeou a cidade como Cidade Escarlate, que simboliza o sangue da guerra.”

Escutando esse nome, uma série de informações surgiu na mente de Baijian. De todos os livros da biblioteca, só existe um pequeno livro que cita a história da Cidade Escarlate. Cita apenas os primeiros sessenta anos de existência da cidade.

Depois de sessenta anos, o Primeiro Senhor morreu, um novo Senhor entrou que era totalmente diferente, e o livro, a partir daí, não mencionou o que aconteceu depois, provavelmente o autor do livro não sabia também já que foi escrito na mesma época.

Baijian então lembrou o que viu quando voou por cima da cidade no Hipogrifo, e de fato, a cidade parecia bem colorida e animada.  Por estar dentro do jogo, seus olhos não eram tão desenvolvidos quanto do lado de fora, então ele não sabia se a coloração que viu era de flores, ou de outras coisas.

Claro, do lado de fora, nesse momento, sua visão era ainda pior.

Enquanto conversavam, a menina que estava deitada na outra cama por perto abriu os olhos. Ouvindo a conversa dos dois, e vendo o ambiente não familiar, ela não se moveu muito e começou a olhar em volta para entender o que estava acontecendo.

Sua última lembrança era do seu pai se preparando para lutar contra os subordinados do Príncipe Ingra. Depois disso, seu corpo, por algum motivo, ficou fraco, e ela desmaiou.

Quando acordou, estava nesse quarto.

Depois de observar o quarto um pouco, aproveitando que os dois que estavam conversando no quarto não estavam olhando na sua direção, ela lentamente levantou o lençol que cobria seu corpo, e de forma silenciosa, desceu da cama.

Se agachando no chão para ter a cama como cobertura, ela começou a rastejar, e ao ver que eles ainda não estavam olhando na sua direção, ela se moveu em direção à porta do quarto.

Nesse momento, a voz de um deles saiu:

“Onde está indo?”

Seguida pela voz do outro, que a reconheceu rapidamente:

“Ah, Senhorita Rebecca! É a senhorita mesmo? Por que está aqui?”

Se aproximando rapidamente, Louis a ajudou a se levantar com um sorriso:

“Eu vi que tinha uma menina na cama, mas não pensei que seria a senhorita Rebecca.”

Rebecca sorriu para Louis. Ela se lembra dele, era o novo assistente de seu pai, começou a trabalhar com eles a não muito tempo, mas por irritar Ingra, Tikr o demitiu.

“Louis, que lugar é esse?”

Rebecca olhou então para Baijian, e também se lembrou dele:

“Você é…”

Ela não sabe o nome dele. Baijian a olhou com interesse e falou:

“A partir de hoje, me chame Mestre Ran.”

Surpresa, Rebecca olhou para Baijian estranhamente e falou:

“Do que está falando?”

Baijian puxou três cadeiras, e se sentou em uma delas. Louis, obedientemente, se sentou em uma, e Rebecca, hesitantemente, se sentou na outra.

“Seu pai me confiou você. Ele falou que tinha algumas coisas para fazer, e como não podia te deixar sozinha desprotegida, era para eu te levar como minha funcionária.”

“A partir de agora, você irá trabalhar na minha loja vendendo as armas que eu vou fazer. Louis será meu assistente, e eu vou tentar ensiná-lo um pouco para que ele também possa fazer armas no futuro.”

Com a boca aberta, Rebecca olhou para Baijian em choque. Ela não estava sabendo de nada disso.

Baijian então entregou uma folha de papel para Rebecca, e depois de ler tudo, ela ficou em silêncio pensando.

Baijian e Louis não interromperam seus pensamentos, e depois de alguns minutos, ela levantou seu rosto e falou com determinação:

“Tudo bem, se é o que meu pai falou, vou cumprir.”

Baijian assentiu lentamente, e Louis sorriu de felicidade. Ele pensou que estaria sozinho com Baijian o tempo inteiro. Estar com alguém conhecido, ainda mais sendo a bela filha do seu antigo chefe, era obviamente algo melhor.

***

No centro comercial de Starlith, Baijian, Louis, Rebecca e Xue’er estavam olhando para um edifício. Tinha apenas um andar, mas era grande. Dentro do edifício parecia uma loja, com várias vitrines, e na parte de trás, havia uma pequena oficina.

Baijian observou o lugar todo, e ficou satisfeito. Louis estava mais do que feliz, esse era um bom lugar. Só Rebecca que não tinha muitos pensamentos.

Depois de observar a loja por um tempo, Baijian reuniu Louis e Rebecca e falou:

“Limpem a loja e a oficina. Estarei saindo por uns dias, e quando voltar, quero esse lugar pronto para ser usado.”

Entregando um saco de moedas para Louis, ele então falou:

“Louis, use essas moedas e compre materiais para forjar. Você deve estar familiarizado com esse tipo de coisa, certo?”

Louis assentiu com a cabeça de forma determinada, e pegou o saco de moedas.

Se virando para Rebecca, Baijian entregou outro saco de moedas e falou:

“Esse dinheiro é para suas despesas diárias. Roupas e comida. Use para comprar os materiais para limpeza também. Vou te deixar encarregada das finanças da loja, então já vai se familiarizando em administrar esse dinheiro, não gaste tudo.”

Voltando seu olhar para Louis, ele falou:

“Sua família chegará daqui a uns dias. Você e a Rebecca podem morar por enquanto nos quartos no fundo da loja, podem escolher qualquer quarto. Quando sua família chegar, instale-os em um quarto por um tempo. Quando eu voltar, vou vender algumas armas para a cidade, e com o dinheiro, comprarei uma casa para vocês morarem.”

Louis e Rebecca assentiram com a cabeça, e olhando para Xue’er, Baijian falou:

“Eu vou sair, tenho algumas coisas para resolver, quer vir comigo? Ou vai ficar mais?”

Xue’er pensou por um tempo, e lembrando que não tinha nada para fazer, ela respondeu:

“Eu vou junto.”

Os dois então desapareceram, deixando Louis e Rebecca para trás que não entenderam o que havia acontecido.



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