Soul Eye Brasileira

Autor(a): ReaderBecameWriter

Revisão: Delongas


Volume 3

Capítulo 165: Por que você quer morrer?

Uma alma muito escura, no mesmo nível de assassinos e estupradores. Assim que viu essa alma, Baijian ficou chocado, achando tudo isso muito estranho.

O estranho disso tudo é que, mesmo que a alma desse homem fosse tão escura, Baijian não sentia nenhuma repulsa, ele na verdade sentia algo incrível que nem sabia descrever.

A alma do homem era muito escura, mas na visão de Baijian, ele conseguia ver pequenas linhas em volta da alma. Linhas muito finas que eram completamente brancas.

Depois de observar por um tempo, Baijian chegou à conclusão que, o motivo de ele não sentir repulsa em relação a esse homem, é por causa dessas linhas.

Essas linhas, como uma teia de aranha, envolviam a alma desse homem. E embora tivessem muitas linhas, por elas serem tão pequenas e finas, era difícil de ver, até Baijian não as viu à primeira vista.

Baijian permaneceu observando a alma desse homem por um longo tempo antes de se aproximar e perguntar em inglês:

“Por que não foi junto com as pessoas da cidade?”

O homem, que estava completamente concentrado na sua oração, ao ouvir a pergunta, olhou surpreso para Baijian, e ao ver um menino, seus olhos brilharam.

“Menino, rápido. Saia daqui. O furacão está vindo, é perigoso ficar aqui.”

Ouvindo isso, os olhos de Baijian suavizaram visivelmente. Uma pessoa que, nessa situação, se preocupa mais com os outros do que si mesmo… É definitivamente diferente.

“Então vamos juntos, padre.”

O homem estava se vestindo como um padre, e estava numa igreja, ele obviamente era um padre. Com um sorriso amável, ele falou:

“Está tudo bem rapaz, vá na frente que eu vou logo atrás, ainda preciso fechar a igreja.”

Ouvindo isso, Baijian ficou em silêncio por um tempo e então falou:

“Por que você quer morrer?”

A pergunta pegou o padre de surpresa, que olhava para Baijian em choque, sem saber o que falar. Depois de recuperar a compostura, ele sorriu e falou:

“Por que você não vai logo? É perigoso ficar aqui.”

Baijian balançou a cabeça e falou:

“É por causa do que você fez no passado?”

Ouvindo isso, o padre piscou em choque por um momento, antes de olhar com vergonha para o chão, sem saber como encarar Baijian.

Depois de um tempo, sem nem olhar para Baijian, o padre falou:

“Você viu meu rosto em algum lugar antes?”

O padre queria saber se ele já viu seu rosto antes em algum jornal, revista ou até na televisão. Ele é um assassino e um estuprador que já teve reportagens na televisão e foi odiado por todo o país muitos anos atrás.

“Não, nunca te vi antes.”

Ouvindo isso, o padre rapidamente olhou para Baijian e perguntou:

“Então como você sabe…”

Baijian sorriu suavemente e falou:

“O que você fez?”

O padre não sabia o que falar, então ficou em silêncio por um longo tempo. Mas ao ver que Baijian continuava em pé o olhando enquanto esperava uma resposta, ele falou lentamente:

“Eu matei, roubei, estuprei…”

Baijian ficou em silêncio antes de perguntar suavemente:

“Como você se sente sobre isso?”

O padre olhou para o chão e falou:

“Envergonhado.”

Baijian voltou a perguntar:

“Só envergonhado?”

O padre balançou a cabeça e disse lentamente:

“Eu sinto nojo de mim mesmo.”

Sorrindo levemente, Baijian perguntou lentamente:

“Esse é o motivo da sua vontade de morrer?”

O padre ficou em silêncio antes de assentir com a cabeça. Seus olhos nesse momento estavam úmidos, ele parecia muito emocional.

“Então você é um covarde.”

Ouvindo isso, o padre levantou rapidamente seu olhar e perguntou gaguejando:

“O que você disse…”

Baijian sorriu e falou lentamente, palavra por palavra:

“Você é um covarde.”

Ouvindo essas palavras tão claramente, o padre olhou para Baijian por um tempo antes de desviar o olhar:

“Sim, eu sou um covarde.”

Baijian de repente ficou sério e falou:

“Não estou falando sobre os atos que fez no passado. Estou falando do atual você… Você é um covarde.”

Sem entender, o padre olhou para Baijian silenciosamente, esperando que ele continuasse.

“Foi você quem falou. Você quer morrer porque sente nojo de si mesmo. Você lembra os atos que fez, e se arrependeu em algum ponto da sua vida. O seu remorso é tão grande que na sua mente, você acha que merece a morte.”

O padre ficou em silêncio por um tempo, mas então falou:

“É por isso que vou permanecer aqui… A essa altura, em uma cidade como essa, um furacão é a mesma coisa que um sinal divino. Deus jogou sua fúria sobre essa cidade, ele quer reivindicar a minha vida.”

Baijian ouviu isso calmamente e então passou a falar:

“O fato de você querer morrer por sentir que merece morrer… é um ato covarde. Depois que se arrependeu dos seus pecados, ao invés de permanecer na terra com toda essa dor pelo resto da vida, você prefere uma punição mais branda: a morte.”

Ouvindo isso, o padre olhou para Baijian e falou com uma voz trêmula:

“E-Eu não estou atrás de uma punição mais branda. Eu realmente mereço morrer, essa é a maior das punições que existe.”

Baijian balançou sua cabeça e falou:

“Como um padre da igreja católica, sua crença diz que existe vida após a morte. Na crença do cristianismo, tudo na vida é material, e após a morte, e só após a morte, haverá a vida eterna, essa é a sua crença.”

“A morte é uma punição para os vivos, mas uma libertação para o espírito que está preso no mundo material.”

“Para alguém como você, a morte não é uma punição, não é um castigo, é uma salvação, é uma libertação. Isso porque você vai se livrar da dor que sente agora, e acabar com tudo de uma vez por todas.”

Ao ouvir isso, o padre olhou para o chão, não se atrevendo a levantar o olhar. Vendo isso, Baijian se aproximou do padre e puxou a gola da camisa:

“Olhe para mim.”

O padre olhou para o menino na sua frente com surpresa, antes de desviar o olhar para o lado. Com os olhos brilhando friamente, Baijian falou:

“Você é realmente um covarde.”

Empurrando o padre para o chão, ele continuou:

“Você não consegue nem olhar nos meus olhos. Porque, quando você olha nos olhos de alguém, consegue ver no reflexo do olho, o seu eu sujo e nojento. Aposto que nem consegue se ver no espelho de tanta dor que sente.”

“Você é um covarde que está fugindo dessa dor. A dor que você mesmo causou com seus crimes e pecados passados.”

“Você sente vergonha de falar.”

“Você sente vergonha de ver.”

“Você sente vergonha de comer.”

“Você sente vergonha de respirar.”

“Você sente vergonha de viver.”

“Isso porque, todas essas coisas lhe causam dor. A sua vida é uma dor, e a cada momento, você a está sentindo. Por ser fraco, não aguenta essa dor, e por ser covarde, decide que a melhor forma de resolver isso é morrendo.”

“Você nada mais é que um fraco e um covarde.”

“As pessoas que você arruinou a vida… Você já foi atrás delas? Já foi atrás das famílias delas? Você já se desculpou? Já fez qualquer coisa para ajudá-las? Já fez qualquer coisa para se redimir?”

“Tudo que você faz é sentir dor, e ficar pensando em como a vida é dolorosa, e que deve morrer logo…”

“VOCÊ É SÓ UM FRACO E UM COVARDE.”

Baijian parecia ligeiramente agitado ao término de suas palavras, enquanto olhava ferozmente para o homem.

Depois de respirar fundo, ele se acalmou, e seu normal olhar indiferente voltou.

Quanto ao padre, seu rosto estava pálido, enquanto cada uma das palavras de Baijian soava na sua cabeça. Cada palavra bateu a sua mente, e a transformou em um caos.

Depois de se acalmar e respirar fundo, Baijian falou:

“Ao invés de ficar aqui se lamentando e fazendo planos para morrer, vai resolver a bagunça que fez no passado, e como forma de redenção, gaste o restante da sua vida ajudando as pessoas.”

“Para cada vida inocente que você arruinou, salve cem outras vidas.”

“Mesmo que, durante todo o processo, você sinta enormes quantidades de dor. Mesmo que essa dor seja algo que você não consiga aguentar… Aguente essa dor e siga em frente.”

“Pela vida das pessoas inocentes que você arruinou… Faça algo da sua vida. Use-a pelos outros.”

Ao término de suas palavras, ele respirou fundo antes de sair da igreja. Na porta da igreja, Toni, que observou tudo isso, olhou para Baijian com um brilho nos olhos e o seguiu enquanto saiam da igreja.

Depois de sair da igreja, Baijian levou Toni até uma esquina da rua e, se escondendo, começou a vigiar a igreja.

Toni entendeu o que ele queria, então falou:

“Será que ele vai sair?”

Baijian balançou a cabeça e respondeu:

“Eu não sei.”

Depois de vinte minutos de espera, a porta da igreja foi aberta, e aquele mesmo homem saiu correndo para fora da igreja, indo em direção à saída da cidade.

Os olhos de Baijian piscaram enquanto ele avaliava novamente a alma do homem. Assim que viu a alma do homem dessa vez, Baijian ficou agradavelmente surpreso ao ver que as linhas brancas de antes que envolviam a alma de repente se tornaram três vezes mais grossas.

Essas linhas eram ainda mais finas que fios de cabelo, e embora tenham ficado três vezes mais grossas, ainda eram muito finas, e extremamente difíceis de ver.

Olhando para Toni, Baijian perguntou enquanto puxava o celular do bolso:

“Você sabe qual o nome dessa igreja?”

Toni balançou a cabeça. Não tinha como ele saber, já que ele não sabe muito sobre essa cidade. Ele só parou aqui por coincidência enquanto fugia dos homens de Roman.

Com o celular na mão, Baijian discou um número e falou:

“Hong, tem uma igreja nessa cidade… Ela tem um sino enorme no topo e é bem grande até.”

Ye Hong ficou em silêncio por um tempo e então falou:

“Sim, têm poucas igrejas aí, e tem uma maior perto do centro da cidade. O que tem ela?”

Baijian assentiu e falou:

“O padre dessa igreja… Ele está saindo da cidade agora. Quero que você mantenha alguém o vigiando para mim.”

Ye Hong perguntou:

“Por quê?”

Baijian sorriu levemente e falou:

“Só faça isso.”

Ye Hong fez um som de reconhecimento e então perguntou:

“Conseguiu salvar Toni?”

Baijian não falou e entregou o celular diretamente para Toni, que cuidadosamente o colocou no ouvido e falou:

“O senhor é…”

Ye Hong falou com uma voz firme:

“Quando voltar, quero relatório completo de suas atividades nos últimos vinte anos.”

Ouvindo o tom da voz no telefone, Toni endireitou as costas e perguntou hesitantemente:

“Com quem eu falo…”

Ye Hong simplesmente respondeu:

“O atual chefe da família Ye, Ye Hong.”

Ouvindo isso, os olhos de Toni alargaram:

“Você… É o neto do Velho Chonghu?”

Todos conhecem o ex-chefe da família Ye como Velho Chonghu, porque mesmo sendo um humano normal, e um velho, ele é uma pessoa extremamente competente, e um gigante dentro do círculo das doze famílias.

“Quando voltar, quero o relatório entregue o mais rápido possível.”

Toni respondeu prontamente:

“Sim senhor.”

O celular desligou, e ele o entregou para Baijian. Depois de alguma hesitação, ele perguntou:

“A cidade não estava com bloqueio de ligações? Como conseguiu ligar?”

Baijian sorriu levemente, mas não explicou. Ele mesmo não entende esse celular seu. Ele pode fazer ligações para qualquer telefone no mundo sem precisar de operadora.

Barreiras que celulares normalmente têm não se aplicam ao seu, obviamente um simples bloqueio assim não consegue parar seu celular.



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