Lana – Uma Aventura de Fantasia Medieval Brasileira

Autor(a): Breno Dornelles Lima

Revisão: Matheus Esteves


Volume 1 – Arco 2

Capítulo 25: A grande cordilheira

No extremo noroeste do continente uma cadeia de montanhas criava uma barreira natural delimitando assim as terras de Bravia, o país natal de Lana. Durante séculos vários exploradores tentaram conquistar o cume da montanha mais alta da cordilheira sem sucesso. O ar rarefeito, o frio e a escassez de alimentos tornavam o desafio numa armadilha fatal, no entanto se tivessem conseguido, avistariam do outro lado, além da imensidão branca, o gélido reino de Polaris.

No pé da montanha existia uma rota antiga que dava para uma enorme galeria de cavernas que seguindo por quilômetros adentro se revelava uma escura e sinuosa estrada subterrânea.

A passos lentos dois viajantes montados a cavalo seguiam dentro do túnel, uma lamparina iluminava precariamente o caminho. Foi assim durante um bom tempo.

Quando um brilho de luz natural se fez perceber junto com uma diminuição brusca da temperatura, a dupla encontrou um imenso e profundo abismo pela frente.

Havia neve por toda parte.

Do alto a luz chegava atravessando o teto de gelo e através de fendas naturais nas montanhas. Rafael olhou para frente e viu do outro lado do abismo o pé de uma gigantesca catarata de gelo, ele suspirou profundamente e disse ao amigo:

— Metade do caminho, finalmente!

— Sim! — concordou Edmundo comtemplando o visual.

— Isso aqui não mudou nada em anos! — disse Rafael enquanto admirava emocionado a enorme queda d’água paralisada pela baixa temperatura.

— Pelo que dizem os nossos ancestrais, isso sempre foi assim.

— Sabe, sempre que passo por aqui fico imaginando o que motivou nossos antepassados a fazerem esta travessia.

— Chegar do outro lado — ironizou Edmundo.

— Eu sei, nós sabemos, mas eles não sabiam. E o que havia do outo lado? Absolutamente nada, apenas gelo.

— Havia uma terra inexplorada e sem donos, novas oportunidades.

— Isso deve ter sido uma motivação muito forte naquela época.

— Quando você olha para aquela queda d’agua congelada, você não tem curiosidade de ver o que tem lá em cima? — perguntou Edmundo apontando para o alto.

— Você está simplificando demais, nos dias de hoje já é uma travessia complicada, naqueles tempos deveria ser ainda pior.

— É difícil saber ao certo o que poderia motivar alguém naquela época, principalmente se olharmos com os olhos de hoje. O que sabemos é o que os contos antigos dizem.

— Eu sei o que os contos antigos dizem, falam dos feitos heroicos, mas eles não dizem o que se passava na cabeça de cada explorador que se aventurou nesta caverna pela primeira vez.

— Não, isso infelizmente eles esqueceram de deixar gravado no gelo, no entanto eu acredito que você deveria ocupar sua mente com outros assuntos mais urgentes — disse Edmundo fitando a cintura de Rafael.

Rafael tateou o florete preso ao seu cinto e disse:

— Estou tranquilo quanto a isso.

— Gostaria de compartilhar da sua tranquilidade.

E assim a dupla seguiu margeando o abismo numa espiral ascendente até chegar no topo da cachoeira congelada.

— Realmente a vista daqui de cima é sensacional! — admirou-se Rafael.

Depois seguiram por quilômetros rio congelado acima até chegarem a saída da montanha.

Finalmente concluíram a travessia.



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