Dominação Ancestral Brasileira

Autor(a): Mateus Lopes Jardim

Revisão: Bczeulli


Volume 1 – Arco 1

Capítulo 38: Primeira Noite

Mythro anda entre as árvores, de vez em quando ele pega uma folha que cai, e a deixa voar novamente. Esquilos andam pelas árvores e o seguem pela extensão de um galho, então observam ele se ir ao longe.

— Que estranho, o que esses animaizinhos estão fazendo?

“Adoração, seres pouco sencientes se atraem naturalmente a criaturas divinas. Para eles você é como a mudança de estações que os fazem mudar de habitat em busca de alimento e conforto. Mas isso são animais mortais sem cultivação alguma, os seres que cultivam lhe verão como qualquer outro ser, até que adquira suficiente entendimento de cosmicidade.”

— Entendi, e o que é cosmicidade? — Um esquilo pula no ombro de Mythro, e começa a esfregar seu rosto no nariz dele, o fazendo espirrar.

“Cosmicidade é viver, ver, entender, experienciar, tocar, mudar e fazer de novo e de novo. A assimilação da grandeza dos cosmos dentro de você.”

— Cosmicidade é Dao?

“Parabéns, sua associação foi magnífica, mas ainda assim, errada.”

— Bah, como pode ser magnífico e errado?

“Erro é uma das maravilhas do universo, as coisas feitas de erro podem ser maiores e mais belas do que coisas feitas deliberadamente, claro, explico assim para você entender que palavras são flexíveis as situações. O termo errado existe, e existe sim o errado, mas dizer que todo erro é a aversão do correto e do acerto, é errado”

— Entendi. Na verdade estou bem surpreso que entendi. — Mythro para e enfia as mãos em seus cabelos, ele os sente mais pesados, ele olha onde a ponta deles está, e se surpreende, eles cresceram e estão quase em seus joelhos.

“Seu cabelo? Quer cortar?” — Gornn pergunta.

“Deixe-o assim…” — Ammit fala baixo.

— Vou deixar assim então, mas vou ter que achar um rio para o lavar.

O cabelo dele estava com alguns fios grudados com sangue, além da terra que cercava seu corpo e as roupas rasgadas, também manchadas com sangue.

“Você está deplorável, parece que surraram você.”

— Meio que foi isso que aconteceu.

Mythro então continua indo na direção oeste.

***

— Pai, quem é aquele garoto? — Um garoto empurra a perna de seu pai, um homem negro de 1,90m , que traja uma armadura completa.

O homem se vira, ele só não está usando o elmo, sua armadura é marrom, é bela com detalhes finos e possui o desenho de uma montanha no peito.

— Uma criança… Vindo daquela direção? Uma criança do norte?

— Não devemos matá-lo? — O garoto pergunta, cerrando os olhos buscando detalhes em seu alvo.

— Ele está todo sujo de sangue, ele deve ser alguém que fugiu do combate que teve nas fronteiras do abismo no norte.

— Ah, aquelas flutuações de energia que nosso ancião disse sentir?

— Sim, então deixe-o. Gente do abismo nem pode cultivar direito, se você fosse lá, deixar o homem mais forte do abismo aos seus pés não seria difícil.

— Nossa, eles são fracos assim? Mas a gente do norte não é fraca, estamos em guerra com eles a tanto tempo.

— O abismo é o único lugar morto do norte, as pessoas de lá saem no máximo para vender produtos de qualidade fajuta para o distrito mais pobre do norte. Ele provavelmente vai morrer para os lobos de noite, esqueça-o.

***

O som de alguém pulando em um rio pôde ser ouvido, ele nada e então flutua, mas a corrente começa a levá-lo, então ele nada novamente, e flutua, e fica assim por horas até que anoitece.

“O que há de tão precioso em ficar neste rio?” — Ammit pergunta, ela se cansa de sentir Mythro nessas águas.

— No abismo a água líquida era bem escassa, a maior parte estava congelada. Tínhamos que levar blocos de gelo para as casas e as esperar degelar.

“Já deu seu tempo de ficar aqui, prossiga” — Gornn

O pequeno NOVA nada até a margem do outro lado do rio.

— Eu tô com fome.

“Está de noite, animais selvagens lhe atacarão, você os matará e comerá de suas carnes.”

— Espero que venham logo. — Mythro olha para sua barriga, e se lembra que está completamente nu, ele olha para o outro lado da margem e tenta localizar suas roupas, ele não as vê. — As roupas sumiram.

“Devem ser lobos, eles querem que você vá lá buscar suas roupas, e caia em uma emboscada”

— Lobos fazem isso? São mais inteligentes que humanos.

Mythro começa a seguir para o outro lado da margem, ele então sobe um pouco a elevação de terra que tinha e o som de rosnados viajam a seus ouvidos. Ele busca com os olhos, acompanhando o som com sua audição e vê um lobo de pele marrom saindo de trás de uma árvore.

De trás de Mythro, dois lobos pulam do outro lado da margem do rio e começam a remar em sua direção.

“Idiotas, mate esses da frente, os outros dois vão olhar enquanto você mata esse sem poder ajudar”

— Mas as adagas estavam na calça.

“Soque o crânio dele até partir.”

— Okay. — Mythro diz isso, se pondo em postura de batalha, ele olha o lobo e com um grito, ele avança.

O lobo não fica só olhando, ele corre na direção de Mythro, ele é veloz e feroz. Ele pula para derrubar Mythro, mas ele se joga de lado e rola, o lobo se levanta do bote perdido e corre novamente atrás de Mythro.

— Eu vou te devorar! — O pequeno NOVA espera o lobo pular novamente e desta vez, pula com ele!

O lobo abre sua boca, ele quer pegar o pescoço de Mythro e torcer ele até sua presa não mais se debater, mas Mythro enfia sua mão na garganta do predador carnívoro!

O braço de Mythro não podia ser chamado de grande, ele ainda tinha 7 anos. Mas quando sua mão alcança depois da úvula, o lobo simplesmente não consegue forças para fechar sua boca com força e arrancar o braço de Mythro fora! O pequeno então concentra sua energia cósmica na runa em seu dedo, raios dançam em seu braço e uma descarga elétrica se desfere por todo o animal, ele cai no chão e espasma.

“Muito bom, como sabia que ele não fecharia a boca por causa da úvula?”

— Do quê? — Mythro pensa, corre na direção das árvores, pois os outros dois lobos estavam saindo do rio.

Os lobos correm e vêem seu comparsa no chão, um deles coloca o focinho no pêlo e leva um choque. Ele rola no chão e começa a correr em perseguição à Mythro, acompanhado do outro.

Enquanto Mythro corria, ele vê suas roupas. Ele corre para elas e elas estão cheias de saliva e ainda mais rasgos.

— Droga, eles acabaram com o que já estava detonado. — Ele acha as adagas em baixo da camisa, presas no passador da calça, que também está inutilizada.

Os rosnados dos lobos chegam perto de Mythro, ele se esconde atrás de uma árvore e fica quieto, ele começa a respirar mais baixo, e fica completamente imóvel.

Um dos lobos passa correndo por ele sem vê-lo, este é o lobo que teve o focinho eletrocutado.

O outro lobo passa cheirando a grama e terra, Mythro sente o lobo chegar perto dele… e quando ele está perto o suficiente, o pequeno NOVA ataca, desembainhando a adaga.

O ataque é rápido e certeiro, o lobo pula em Mythro, mas antes de seus dentes rasgarem a barriga do pequeno, a lâmina de Mythro já está em seu pescoço, fazendo sangue viajar no ar.

O lobo cai morto, mas cai em cima de Mythro, deixando ele momentaneamente preso nessa posição. O lobo que estava com seu olfato comprometido ouve a breve troca e corre na direção de Mythro.

— Merda!

“Invoque seu relâmpago novamente e lance a adaga.”

Mythro então tira a adaga do pescoço do lobo, e a joga transferindo sua energia cósmica, que sem nem mesmo um segundo ter passado após ela ter sido transferida, já se torna raios, e fazem com que um traço de relâmpagos se faça na viagem dela até o centro da testa do lobo.

“Ótimo, você conquistou suas primeiras três vidas. Você terá que comer os três.”

O respirar de Mythro é pesado, o sangue do lobo em cima dele deixa ele completamente encharcado. Ele empurra o lobo até sair debaixo dele, ele se levanta olhando os animais sem vida.

“Tens pena por eles?”

— Não, estou pensando em como vou comer esse pêlo sem vomitar.

“Faça uma fogueira, lhe ensinarei a tirar o couro.”

— Fogueira não vai chamar atenção de mais animais?

“Se chamar é bom, você tem que aprender a lutar mesmo.”

— Poxa, se virem demais eu acabo morrendo!

“Nem pense nisso, se você morrer eu fico preso aqui para sempre.”

“Eu também…”

— Até você mana!?



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