Dominação Ancestral Brasileira

Autor(a): Mateus Lopes Jardim

Revisão: Bczeulli


Volume 1 – Arco 1

Capítulo 29: Partiremos Juntos

— Diga filha.

— Eu e Mythro vamos embora do norte para cultivar.

Mitri olha para sua filha e então fecha os olhos. Alguns segundos se passam até que ele os abre novamente.

— Seu noivo não me agradou na luta de hoje.

— Mythro é novo em lutas, como deve saber. Não foi uma questão de não sermos mais fortes, mas de não estarmos mentalmente iguais com nossos inimigos. Narit e Irgo foram na arena para matar ou morrer, eu e Mythro fomos para poder nos testar. Agora que sabemos onde erramos, não cometeremos mais o mesmo erro. — Mits diz convicta de cada palavra.

— Eu te ensinei isso desde pequena, você não tem desculpas.

— E-eu… — Mits fica quieta e acua sua cabeça no peito.

— É por causa da sua mãe? — Mitri pergunta, se ajoelhando e olhando para a menina.

Ela vira o rosto.

— Eu sei que você amava e admirava muito sua mãe. Ela não ia querer você envolvida nesse tipo de coisas. Mas se você não proteger a si mesma, quem vai?

Mitri pega no queixo de Mits e a faz olhar para ele, ele então beija sua testa e a abraça.

— Sei que você quer se sentir protegida da forma que sua mãe fazia você sentir. Eu mataria o abismo inteiro por você, mas não é isso o que você quer, não é?

Ela mexe a cabeça em ”não”.

— Minha Mits quer ver o mundo e olhar para as estrelas de cada ponto cardeal. Minha Mits quer ser a garota mais bonita, apenas para um pessoa, assim como a mãe dela foi. Minha Mits não quer ficar com o pai, ela quer sua liberdade para atravessar fronteiras, sentir novos ares, ver e tocar as coisas que o abismo jamais oferecerão a ela.

Mits começa a chorar e abraça seu pai, ela o aperta forte.

— Sim, pai…

— Não importa onde você esteja no mundo, minha filha será sempre minha filha. Nenhum homem pode tomar isso de mim. Se minha menina quer sair de casa, então eu mesmo lhe mostrarei o caminho de saída, assim, você também saberá por onde voltar. — Mitri limpa as lágrimas de Mits

— Então você virá comigo?

— Todos nós vamos.

Mits se vira e encontra Trinto e os outros homens e mulheres da vila da caça.

Um sorriso mais que verdadeiro esboça o rosto da menina.

— Nós já estavámos pensando em sair desde que Fumin trouxe aquela pedra cósmica estranha..

— A pedra Yin-Qi? — Mits diz, lembrando do que Gornn tinha lhe dito.

— Pedra Yin-Qi? — Mitri tira um saco cinza e pega uma das pedras Yin-Qi que tinham sido mostradas por Fumin.

— Pai como você achou isso?

— Achamos durante uma caça um lugar que estava cheio dessas pedras. Isso faz uns 7 meses mais ou menos, nós tentamos absorver a energia que estava aqui, mas quase congelou nossas artérias enérgicas, e aleijou nossa cultivação.

— Este tipo de pedra é boa para pessoas que cultivam algo referente com energia Yin, que nem o Mythro.

— Mythro cultiva Yin? Não existe nenhum clã no abismo que cultiva.

— Não, não é uma arte, é a alma Yin dele. Mythro tem duas almas. — Mits se refere a Kether, que é a separação Yin de Mythro, enquanto o real ”Mythro” seria o Yang.

— Como assim menina, como uma pessoa pode ter duas almas? — Um dos caçadores rebate, ele é um ancião da vila então entende um pouco da cultivação do lado de fora do abismo, e sabe que nem lá fora tem coisas desse tipo como, ”duas almas”.

— Não consigo explicar direito, foi o nosso mestre que disse. — Mits explica.

— Mestre? — Trinto acha estranho, quem sempre treinou ela foram os anciãos, ele e seu pai.

— Foi ele que ajudou você a aumentar seu cultivo tão rapidamente?

— Sim, você percebeu?

— Quando você bateu a cabeça na arena de mármore, baseado em seu peso e a velocidade que bateu, ao menos um corte, ou ruptura, por menor que seja teria acontecido. Mas do nada você está com este cabelo rosa, seu corpo está mais forte e resistente… Isso são indícios de aumento na cultivação.

— Sim, eu estou no segundo nível da névoa cósmica.

Todos ficam de boca aberta! Geralmente se entra neste reino aos 14 anos no abismo! O próprio Mitri, que era um gênio na cultivação do clã só entrou aos 11!

— Ótimo, orgulhe-nos! — O caçador ancião diz, levantando sua espada.

— Como vamos sair daqui, pai? — Mits pergunta sobre os planos de irem embora do abismo.

— Vamos roubar as armas de quarta terra, e ir embora do abismo.

— Mas roubar não vai ser perigoso demais?

— Mas precisaremos. Ao chegar fora do abismo, teremos que ter dinheiro para estalagem, comida e outras necessidades. Aqui no abismo usamos o gradã também, mas nosso clã tem no máximo 60 mil, juntando todo dinheiro em espécie. Um dos menores clãs no norte consegue juntar 300 milhões de gradães anualmente. Cada arma de quarta terra vale pelo menos de 3 milhões até 15 milhões de gradãs, se pudermos oferecer duas ou 3 dessas armas, conseguiremos ser acolhidos, ou venderemos para recomeçar o clã, mas claro, saíremos do norte, seguiremos pro leste.

— Leste? Por que não oeste?

— O oeste é o inimigo número um do norte, norte e sul são aliados, oeste e leste também são, mas minimamente, se seguirmos para lá as chances de pessoas do norte nos reconhecendo é pequena, conseguiremos dinheiro para voltar a cultivar e prosperar como clã e você, minha filha entrará em algum clã mais forte que poderá alimentar mais seu talento.

— Eu entendo!

— Tudo que precisamos agora é saber onde está o tesouro, precisamos fazer isso dentro de um dia! — Um dos caçadores diz.

— E o resto do clã? — Mits pergunta.

— Eles irão se mover quando acharmos onde está escondido o tesouro.

— Eu sei onde está! Então eles já podem se mover! — Mits fala e começa a andar em direção ao principal aposento da cidade do abismo.

Todos param e a encaram.

— Ela sabe mesmo? — O ancião pergunta.

— Confiem na sua senhorita, andem falem para todos cruzarem a ponte do abismo! — Mitri diz, os homens e mulheres que aparentavam estar completamente bêbados, se movem, organizados e rápidos!

Este momento é crítico para a sobrevivência da vila da caça.

Mitri, Trinto e o ancião seguem Mits.

— Filha, o que mais você sabe sobre essas pedras e a vinda de Fumin para cá?

— Pelo que meu mestre disse, eles querem fazer todos do abismo de escravo, o rei do norte cultiva algo com energia Yin, por isso é que eles querem os recursos daqui.

— Entendo… Estávamos imaginando algo do tipo. Mas, tirando essas pedras daqui não vai melhorar a terra? — O ancião pergunta.

— Não, as pedras não são a fonte do frio, é a raíz moribunda. — Mits

— Raíz moribunda? — Os três repetem em dúvida.

— Não sei muito bem te dizer, mas é um ser que está ferido e está tomando a energia cósmica desta terra para perdurar sua vida, é culpa dela estarmos com a terra fria e escassa de energia.

— Tem como tirar ela?

— Tem, mas… Bem, meu mestre disse que nem reis podem lutar contra ela.

— Então é isso… Espere, se seu mestre sabe disso, ele é mais forte que um rei? — Trinto pergunta e sua pergunta faz os outros ficarem com rostos mais sérios.

— Bem mais, mas ele não ajudará quanto a isso. Ele está com sua cultivação presa, só suas memórias estão livres. Quando eu e Mythro alcançarmos força suficiente para matar a raíz, nós mataremos. — Mits diz confiante.

Os três ficam com rostos decepcionados, embora eles estejam saindo do abismo, querer que o abismo melhore é apenas o mínimo, eles viveram aqui por quantas gerações? Queima no peito deles a vontade de ver um abismo próspero. Em questões de terreno, o abismo toma quase 30% da área norte, cada ponto cardeal tem um rei, que é o líder de quarto reino do clã mais forte, existem outros no quarto reino, mas mais forte que o rei do ponto cardeal, só o antigo rei, geralmente o pai do atual rei, que é agora um grão-mestre do clã.

— E para onde seguimos agora?

— Para a irmã do Mythro, Namhr! Nosso mestre tinha um plano para que eu e Mythro saíssemos daqui, mas ele sabia que vamos precisar de dinheiro e algumas outras coisas para sobreviver lá fora, então ele pediu para que Namhr preparasse algo para nós. Ela deve saber onde estão as armas também. E se eu não me engano, Mythro deve estar com ela.

 



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