Dominação Ancestral Brasileira

Autor(a): Mateus Lopes Jardim

Revisão: BcZeulli


Volume 1 – Arco 2

Capítulo 183: Avançando para o Mar da Baleia(1)

Com todos solidificando novas compreensões sobre suas forças e cultivações, e principalmente, refinando suas próprias vontades.

Núbia e Mythro sobem em um distante monte, onde podiam observar a todos.

— Estamos juntos a tantos anos, Núbia. Enfrentamos a vida e a morte juntos, e o prazer de não estar mais só. Talvez meu caminho fosse mais rápido se sozinho eu permanecesse, mas quão solitário seria meu coração? Após perder Krima, Nahmr, Sr Fashr... Fui abençoado com os Urto, ganhei um novo pai, mãe e irmã. Depois deles, encontrei você, em meio aos lírios.

A Sphynx deita nas pernas do jovem Hipernova, e ronrona. Um ronrono profundo, que transmite os anos ao coração, que a mente pinta no quadro do ar, como imagens de tudo o que se passou.

— Minha alma é o meu castelo. Minha cultivação é o meu castelo, e assim também meu corpo. E eu lhe permito entrada eterna na minha Tríade, mesmo antes de ser concebida. Não poderia ser o contrário, o céu não é o mesmo, sem você sob ele, e nem a terra tão abençoada sem você sobre ela. O que eu lhe dei já foi pago, em outra moeda, mas de igual valor. Eu protegerei enquanto viver, a sua memória. Sou o único menino de nós cinco, espero que vocês possam me ensinar ainda mais no futuro.

Mythro passa a mão por cima de Núbia, e desfaz algo que ele fez há muito tempo nela. Seu Cumprimento Arfoziano. A magia se desmaterializa, virando partículas no ar.

Nas mãos dele, uma outra magia, e um feitiço vindo direto de sua alma é conjurado.

— Você era a mais fraca de uma ninhada, que nasceu sem a marca de Bastet. Provavelmente ia morrer de fome, e esquecida, ia afundar nas areias douradas. Seus ossos provavelmente seriam refinados por um mortal em alguma arma. Hoje terei a audácia de perguntar, aceitaria se tornar a fome que te mataria, e dirigir ela aos nossos inimigos?

Núbia dá um rugido estremecedor. As runas no teto e no chão param de se mover do seu ciclo e param para prestar atenção, e todo o ar entra em ventania, varrendo a grama.

A magia finalmente tecida faz com que muitas plantas na região comecem a murchar, como se não houvesse nem sol nem água há meses para alimentá-las. As mãos do jovem Hipernova passam pela coluna cervical de Núbia. Seus olhos dourados se tornam brevemente brancos e vazios, distantes e inalcançáveis.

— A fome do Apocalipse nasce! — Mythro se ergue e joga suas mãos ao alto, anunciando um tipo diferente de nascimento.

Junto com uma nova sina, o parto de Núbia se inicia. A cicatriz aparece e do negro portal seu Semblante Espiritual aparece. Esse Semblante tem muito de seus ossos evidentes, e olhar para ele por muito tempo traria a sensação de estar vazio e estar prestes a morrer.

O olhar intenso de cultivador e Semblante se inicia. Runas saem do chão e cumprimentam runas nos céus.

Lilati aparece em sua imagem ilusória e sua boca abre em surpresa.

— As runas que escondem esse lugar do céu, estão lutando. Essa magia é tão poderosa e ancestral, que até mesmo as Runas Cultas precisam exercer o máximo de si para não deixar cosmicidade sair deste lugar. Mythro, faça agora os outros dois batizos. Elas não vão durar mais que 3 dias, e tenho certeza que o nascimento de seu Semblante Espiritual será demais para os véus segurarem.

Suife e Grásio logo se apresentam. Magias ancestrais cruzam o corpo de Mythro, a “Guerra” é ornada em sua mão direita, e a “Morte” na esquerda. As mãos do jovem Hipernova passam pela coluna cervical de ambos.

A guerra e a morte se apresentam, a região inteira grita e uma ameaça rasga o ar. As runas cultas racham, e a região fica completamente desolada. Como se milhares de cavalos tivessem trotado, com se apenas a morte ficasse após a passagem de um poder militar que não podia ser subjugado.

Auras que anunciavam Guerra e Morte fazem até as árvores tremerem, e suas folhas caírem ao mais distante do campo.

Com isso feito, uma descarga Anímica deixa Mythro cansado. Ele cruza as pernas e entra em meditação, sua respiração entra em compasso com a natureza do céu e da terra e as três entidades do Apocalipse protegem seu Dao.

Enquanto o jovem Hipernova medita, os outros testam os limites de suas forças uns contra os outros.

O novo reino em que eles pisaram é completamente diferente de tudo antes, pois agora uma Estrada ao Dao foi pavimentada, mesmo que ela nem seja ilusória, seja apenas uma ideia.

Um Dao nasce das certezas de um coração forte e impermeável as mentiras feitas pelos outros seres conscientes. Apenas o céu e a terra carregam a verdade, e como as verdades são profundas e eternas, muitos se perdem em sinais errados ou são incapazes de compreender devido à pouca cosmicidade de seus seres.

As horas passam, e o corpo de Mythro começa a criar um grande momentum. Seres místicos e divinos geralmente criam uma Placenta Anímica de nível divino. Pois eles são presos as naturezas cósmicas de seu nascimento. O que não era ruim de forma alguma, embora artes e magias podiam ser aprendidas, natureza de Qi e artes que não coincidiam com seu Louvor da Vontade não podiam ser assimiladas, e podiam causar Deviação de Qi.

Os próprios seres do grupo que não eram humanos já correram um grande risco, pois a gestação deles foram prolongadas além do normal, por influência da grande quantidade de humanos dentro da formação partilhada. Com exceção de Suife, que teve a gestação encurtada.

Mas ainda assim, seus Semblantes nasceram sem problemas devido a grande natureza do Aurum Verum da alma de Mythro.

Semblante Espirituais podiam ter algo parecido com “câncer”, ou então uma “doença congênita”. Uma gestação incompleta ou prolongada podia resultar em falta de membros, ou membros lacerados.

Existiam artes e métodos que alteravam o Semblante Espiritual para que ele nascesse com membros há mais também, ou que alterasse a qualidade mesmo após a Placenta já ter sido formada.

O mais comum de ser visto era adicionar um olho há mais, ou fortificar os braços e pernas. Mas isso vinha ao custo de enfraquecer outras partes, ou então recursos que somente grandes clãs e sectos podiam ousar gastar. A garantia de sucesso também não era grande, pois ia contra a ordem natural.

Alguns obtinham grande sucesso, outros condenavam um grande sucessor a mediocridade, fechando até mesmo a entrada ao céu dos mesmos.

(OBS: Fechar o céu é o termo usado para aqueles que não podiam alcançar o segundo terço, que é o terço do céu)

Semblantes Espirituais tinham ossos, mas não órgãos. Esses ossos eram chamados de Ossos de Segundo Plano ou “Ossos Espirituais”.

Eles tinham uma função muito importante no terceiro reino. Quando o Semblante atingisse o tamanho adulto, com os “ossos” completamente formados, sangue espiritual começaria a ser gerado. Este era o divisório do Segundo e Terceiros Reinos.

Semblante Espiritual adulto, pronto para gerar Sangue Espiritual: Este era o Terceiro Reino.

Seres invertebrados não tinham ossos, mas como a maioria de seres no universo são vertebrados, “Ossos Espirituais” são a nomenclatura universal.

Esse sangue tinha seus próprios níveis de qualidade. Sangue Espiritual Sujo, Sangue Espiritual Turvo, Sangue Espiritual Limpo, Sangue Espiritual Puro, Sangue Espiritual Perfeito e Sangue Ars.

Além desses seis, existia o lendário Sangue Espiritual Cósmico. Esse sangue só podia ser gerado por aqueles que no mínimo tiveram uma Placenta Anímica Divina.

No primeiro terço, o terço da Terra. A cultivação se ligava a alma. Por isso era tão importante passar os estágios, se não com perfeição, no mínimo com uma cultivação mediana para não ficar preso na terra.

Uma Placenta Anímica de Céu Fechado não conseguia refinar Sangue Espiritual além do Turvo. Não importa o quão determinado um fosse, ou quão céu-desafiador fosse seus recursos. Pois ela tinha uma durabilidade muito fraca.

Quando o sangue fosse refinado para o próximo nível, ele tem que ser puxado de volta aos ossos. O sangue lava os ossos, e os ossos lavados começariam a gerar sangue do próximo nível.

Recolher o sangue aos ossos era doloroso, e deveria ser feito vagarosamente para não quebrar os ossos. Um forte Semblante ignorava parte da dor, outros por serem mais fracos e serem vasos menores de cosmicidade e qualidade, enfrentavam a maior dor de suas vidas.

Existiam casos em que alguém que era fadado a ter um Céu Fechado mas superou os limites através de uma vontade inabalável e conseguiu abrir o caminho do céu.

Mas era muito importante a luta para ter o Sangue mais refinado o possível. Embora ter um sangue sujo não impedisse o cultivador de conseguir ir até o próximo reino, isso fazia de seu castelo mais fraco.

Para que serviria esse Sangue Espiritual? Para construir os tijolos do Castelo Espiritual! Para construir seu Principado, sua Monarquia Espiritual.

O castelo era literalmente feito com suor e sangue!

Os tijolos tinham seis níveis: Castelo Ilusório, Castelo de Barro, Castelo de Pedra, Castelo de Bronze, Castelo de Prata e Castelo Dourado.

Sangue Sujo e Turvo criavam o mesmo nível de Castelo, porém, a ilusoriedade mudava.

A coroa por sua vez é feita de ossos. Esses ossos são específicos, e conhecidos como Ossos Espirituais de Terceiro Plano.

Eles são gerados quando o Sangue Espiritual começa a ser gerado. Podem haver até 7 Ossos de Terceiro Plano.

Quando um avança para o Terceiro Reino, um osso é gerado. Este é o fato determinante de ter cruzado de reinos.



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