Dominação Ancestral Brasileira

Autor(a): Mateus Lopes Jardim

Revisão: BcZeulli


Volume 1 – Arco 2

Capítulo 146: Tomo Sinistro(1)

— Mythro, Mythro Zumb’la espere!

Munica utiliza quase toda sua energia cósmica usando o seu “Passo Lunar”. Arte Corporal de movimentação do Clã da Lua.

Mythro e seu grupo para por um momento e espera a jovem princesa da lua.

— Seu tomo de magia, conquistado por ser o mais jovem cultivador ao alcançar o segundo reino.

A jovem moça passa o tomo com rapidez, a aura dele a faz tremer na frente do grupo. 

— A energia vazando disso é bem hedionda. O que o Clã da Lua quer que eu faça com isso?

— Não é de nossa intenção ofendê-lo. Mas essa aura foi analisada e não é Yin-Corrupto. Ela é simplesmente sinistra... Você usa magias que emitem uma densa aura de intenção assassina, por isso tomei a liberdade de escolher este tomo para você.

O pequeno NOVA olha o tomo e o guarda.

— Obrigado pela sua preocupação. Devo me retirar agora para consolidar minha cultivação, e logo estaremos nos vendo novamente no leilão Srta Munica.

— Sim. Tome cuidado cultivando o que quer que esteja dentro disso, sempre que eu o abro as palavras se mexem de maneira estranha, como se não quisessem ser lidas. Mas pude ler uma palavra que me fez acreditar que seria o tomo ideal para você, além da outra coisa.

— Oh? E o que seria?

— A palavra Lua(Shcuar) que você ensinou aos nossos. Ela aparece...

— Deve ser um poema então. Poemas trazem verdades dentro deles, se assimiladas podem apontar em uma direção, como as velhas canções passadas de geração em geração contam sobre o passado.

— Posso lhe perguntar mais uma coisa?

— Claro.

— Como você sabe essa... língua?

— A língua ancestral é a língua dos cosmos. Alguns... seres específicos já nascem com memórias delas, outros só podem aprendê-la depois de construírem sua Monarquia Espiritual. Mas, mesmo assim ela precisa ser delimitada, e cultivar uma única palavra é mais apropriado, não temam se aprofundar em seus mistérios.

Mythro já sabia que Munica tinha ideias sobre sua identidade. Ele também sabia que não precisava esconder, devido ao profundo conhecimento do clã da lua.

— Monarquia espiritual?

— Um dos requisitos para poder avançar no quarto reino é a Monarquia Espiritual. Provavelmente o que todos aqui tentam, mas não conseguem por falta de... conhecimento.

Os anciões e reis do grupo de Mythro se entreolham. Como um menino no segundo reino sabe mais que eles sobre o quarto reino?

— Então você já sabe essa língua ancestral por que você é um — Munica para um momento antes de completar a frase, ela lança uma mensagem cósmica no ouvido do pequeno NOVA — ser divino?

Mythro olha profundamente nos olhos da menina. Ele responde:

— Sim, isso mesmo.

Dando a volta e subindo em Suife ele continua a viagem. Apenas uma vez ele olha para trás, percebendo que a jovem princesa do Clã da Lua está sem palavras. Ela anda até a parede mais próxima e escorrega até o chão.

O augúrio dentro de Mythro percebe mudanças nela. Uma cosmicidade que não pertencia para aqueles do Ventre das Fadas começa a se misturar com a cultivação e experiência da garota.

Um simples “Sim, isso mesmo”, mudou toda a direção da vida de uma pessoa. Marsha era a primeira cultivadora da história do Clã da Lua a poder silenciar reis estando no nível de ancião. Por enquanto...

— Para criar um universo interno, primeiro tens de saber o que é um universo. Livrar-se dos seus atuais olhos, e criar novos é o caminho para a Monarquia Espiritual.

Esta é uma frase comum nos planetas onde os Deuses do quadrante estão localizados. Existem também muitas outras que podem ser guias para a formação da Monarquia Espiritual. Mas esta foi suficiente para fazer Raico e Suta diminuírem o passo como mortais.

— Desculpem-me, tenho que fazer algo urgente.

— Acompanharei meu filho.

Eles se retiram usando a velocidade máxima de voo. Seus corpos são cobertos por chamas amarelo-vermelhas que vão se intensificando.

**

Voltando às ruas da Vila Déka, Mythro se departe dos outros e segue viagem com Mirmo e Mirmo II. Eles chegam até a casa alugada e se sentam para conversar.

— Não sei se poderei pagar você nesta vida Jovem Sábio.

— Ancião, não diga isto. Se eu tivesse morrido aquele dia, não estaria nem vivo e nem tão bem. Seu karma já foi pago, contanto que não haja falta de sinceridade de algum dos lados não vejo porquê me distanciar de vocês.

Mirmo II olha para o artesão convidado de seu clã. Sua cabeça repete as palavras “Falta de sinceridade”.

— Eu gostaria de cultivar os tomos que obtive enquanto ainda não chega o leilão. Yibang e Yabang estão muito cansados mentalmente e pode afetar suas cultivações se eu não cuidar logo da cosmi— Ahem, energia cósmica deles.

— Entendemos. E quanto às penas deles?

— Ah, eu acabei deixando para trás...

— Nós as pegamos. Pareciam fora do normal.

Mirmo joga um saco cinza para Mythro, que vasculha com seu senso espiritual as penas negras e brancas.

— Muito obrigado. Pretendo fazer um leque de terceira terra com estas penas, existe alguém que você gostaria de presentear?

O antigo patriarca pula com um sorriso grande no rosto.

— Minha segunda-neta, Emilia. Ela está comemorando o fato de ter cruzado o segundo reino, é uma das mais jovens entre os clãs do oeste de fora. Com apenas 18 anos ela alcançou a Condensação de Anima.

— Bem jovem. Então será para ela.

Mirmo olha para o pequeno NOVA e seu sorriso não cai nem um pouco. Ele foi reconhecido e premiado por ser o mais jovem cultivador na história do oeste ao alcançar a Condensação de Anima, e ainda assim parabenizou sua neta de consideração.

— Existem cavernas na região que são supervisionadas por experts do segundo estágio da Condensação de Anima. Eles possuem Sigilos de som e reverberação enérgica, teria interesse em um destes?

— Muito bem, me dirigirei a um destes. Os verei novamente no dia do leilão, até.

Partindo da Casa-Compêndio alugada, Mythro passa pela Casa Maior para obter informações de como alugar as cavernas. Ele é levado por um dos funcionários do lugar, um tratamento que só é feito para convidados de honra.

O homem que o leva conta sobre os detalhes das cavernas e seus valores antes mesmo deles chegarem. Claro que o pequeno NOVA iria escolher a melhor disponível, seja o que for que tivesse nos tomos, não seriam magias simples.

Alcançando um lugar com uma placa de madeira erguida presa a dois tetos paralelos, uma mulher espera com as mãos deitadas na região das coxas pelo próximo cliente.

— Hã, você aqui? Quem seria este? — Ela reconhece o funcionário da Casa Maior e sabe que ele traz os convidados de honra.

— Este é Mythro Zumb’la. Serpente do Abismo, Artesão Convidado do Clã Espada sob o Sol, Grande Herói do Sacrifício Maligno, Noivo de Mits Paschi, Senhor das Bestas Celestiais, Cavaleiro do Relâmpago Negro de Quatro Pernas e mais jovem cultivador ao alcançar o segundo reino!

“Puta que pariu” — Mythro reclama em pensamentos.

— Senhor das Bestas Celestiais? Vocês entendem que Núbia é minha irmã, certo? De sangue.

A mulher e o homem empalidecem. Mas depois rostos duvidosos se colocam em ação.

Um tigre sem pelo era irmã de um humano? De sangue por cima?

— Deixa pra lá. Quero a melhor caverna disponível e não perca meu tempo.

— Si—Si—Sim, Sr Zumb’la. A melhor caverna disponível é a quinta na região leste.

— Então a terceira na região norte já foi pega? Por quanto tempo ela foi alugada?

— Até o início do leilão.

— Entendo. Muito bem, faça a papelada. — Mythro fica irritado com tantos títulos, ele tem quase certeza que o cara os inventou agora para bajulá-lo. Ele se vira para o homem e o dispensa com formalidades — Obrigado por me trazer aqui. Direi sobre seus cuidados para o seu gerente.

O homem sai alegre. Cochichando a si mesmo.

— Senhor das Bestas Celestiais foi uma boa!

A mulher se apressa até um cômodo onde seis homens com auras do segundo reino e segundo estágio nível médio estão. Sua pressa alerta os guerreiros de meia-idade. O mais velho deles diz com tom risonho:

— O Lorde Anfitrião está aí fora?

— Quase isso!

— Você tá louca!?

— O Sr Mythro Zumb’la, rápido, atendam-no.

Os seis saltam dos bancos de descanso.

— O jovem herói?

Eles saem rapidamente do pequeno cômodo e encontram Mythro já montado em Suife fazendo sinal para se apressarem.

— Senhor! 

Eles respondem como se estivessem sob direta ordem de um general. Eles sobem nos próprios cavalos e trotam se entreolhando. Todos sabiam sobre a pergunta muda no ar.

“Por que respondemos daquele jeito?”



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