A Voz da Névoa Brasileira

Autor(a): Saber Hero

Revisão: Tiago Costa


Volume 1 – Arco 1

Capítulo 9: Com amor, Redneon.

Andou pelos cortiços de baixo, até o viaduto da rodovia 4, passando pelos puteiros clandestinos. Heichi, por algum motivo, havia morrido em seus olhos. E com fome, passando pela passarela, viu a luz e a movimentação intensa da Light Avenue, parando próximo do parapeito enferrujado, se apoiando e respirando o fresco ar da noite.

Um grupo que passava, gritou aos ventos, derramando bebida, empurrando uns aos outros. Dois Meia não prestou atenção — eles simplesmente passaram e não o importava. Depois deu uma olhada e viu que era Oito Nove com um pessoal da escola, tendo também aquela menina que ele dedicava poesia, apertada nos braços alheios dele — sorrindo, olhando com aquele amor bêbado, vivendo e andando sem se importar com mais nada.

É a vida, Dois Meia desceu a passarela com passos lentos — ele nunca teve chance pra começar.

— Ei, ei... espera aí... espera... — Uma mulher o parou na calçada da estação. — Você já teve interesse em biônica? Muitas pessoas hoje em dia...

— Eu não me interesso, desculpa... — Respondeu seco.

— Ei, ei... pera aí. Que tal uma análise no chip biológico? Eim? De graça, você sabe... custa nada.

Dois Meia não estava interessado, mas, pela persistência da mulher, a seguiu. Ficou observando-a, também. Fazia um tempo desde que alguém o parava assim. Dá última, fez uma avaliação dentária.

— Mas você tem certeza que não se interessa. Muitas peças hoje em dia nem precisa de descarte orgânico, sabe. E, aliás, o mercado de trabalho valoriza bastante aqueles que negam a carne.

— Nem idade eu tenho pra isso, quem dirá dinheiro.

Ela o conduziu para um beco comercial, onde homens de terno entravam e saiam dos restaurantes e edifícios de serviço comercial.

— Toma esse cartão. Só dá pra recepcionista que ela te atende.

Era um pequeno cartão escrito “welcome”. Ele deu uma última olhada no rosto da mulher: cabelos negros, rosto redondo — bonita, mas nada a detalhar — e subiu os lances de escada, se perguntando do porquê não foi capaz de pedir seu nome.

Na recepção, ao ver o homem que atendia, descobriu o porquê — eles não te importavam, pois fugiria hoje ou amanhã.

Saiu do consultório biotécnico sem ser atendido. Não era como uma daquelas pessoas de terno também. Dois Meia sequer entendeu do porquê ela havia o parado.

E quando virou para a rua da estação, a viu num lance de escada, com cartões na mão e um olhar que até se dirigiu para ele, acenando com um sorriso, mesmo que depois se virasse e falasse com outra pessoa.

Ficou feliz de não ter perguntado o nome dela, pois assim simplesmente poderia seguir sua noite.

— Essa é sua história?

Dois Meia comia churrasco de frango C-3[1] apimentado, acompanhado de cachaça de mel numa barraca qualquer.

— Decepcionante não é? — Estava conversando com o dono da barraca. Sujeito legal, chamado Rossi.

— Eu não diria isso. É uma história sensível. Não tô bem habituado com elas.

A barraca era uma pequena carroça trabalhada com vigas de metal e placas de polímero, com uma bancada imitando madeira. Era aconchegante e os odores pareciam se acomodar bem no interior.

— Que tipo de história você tá habituado? — Dois Meia perguntou.

— Muitas, mas eu não posso contar. E as que posso, são violentas; sobre homens destruindo as mulheres que eles amam.

— Foi o que meu pai fez com minha mãe. — Disse, tomando um gole da cachaça. — Mas não foi por violência e sim burrice.

— Esse é o tipo mais violento de história.

Um outro cliente chegou na barraca, vestido de terno e de óculos. Dois Meia reparou que ele usava luvas, tendo certeza que aqueles braços eram biônicos.

— Rossi, o de sempre.

— Na pedida, chefe.

Dois Meia viu uma garrafa de uísque sair da dispensa do fundo.

— O que você tá bebendo, garoto?

— Cachaça de mel. — Respondeu.

— Ei, prepara um pra ele também!

Dois copos cheios de gelo e com um líquido marrom escuro escorregou pela bancada. Era uísque com refrigerante.

— Te conheço de algum lugar, não conheço?

— Acho difícil. — Dois Meia tomou um gole.

— Não, conheço sim. Só que você era menor. — Ele parecia amigável. — Você trabalhava com Mathieu.

Dois Meia acenou que sim com a cabeça.

— É, ele gostava de você. Uma pena não ter entrado na Plastic Tree eim, Três Meia?

— Dois... Dois Meia.

— Sou Ricardo. Primo dele. — Dois Meia apertou a mão biônica dele. Parecia com o de uma estátua. — Mas bem, é engraçado... você parece que está de saída.

— Como você sabe?

— Não sei... — Ricardo tirou seus óculos. Seus olhos pareciam uma tampa de garrafa embranquecida e brilhante. — Você parece calmo.

Dois Meia não o respondeu. Ficaram quietos, por um instante, aproveitando da bebida e comida.

— Você deveria ver Mathieu. Dizer um olá. Ele era muito amigo da sua mãe, sabe.

— Eu sei.

— Bem, se quiser, ele tá no Shining Diamond. — Ele deixou uma nota de 100 Rps na bancada. — Vou me indo. Foi um prazer, Dois Meia.

Rossi pegou a nota, colocou dentro de uma gaveta e trancou.

— Esses bandidos tão cada vez mais sentimentais. — Disse. — Na minha época eles eram menos emocionados.

— É.

Dois Meia terminou de comer e colocou na mesa uma nota de 20 Rps. Disse adeus também, mas Rossi não respondeu.

Saiu da barraca. A Light Avenue estava ainda mais lotada, havendo em todo seu quilômetro, pessoas e mais pessoas, onde veículo nenhum conseguia transitar. Era sábado, no fim das contas. Um sábado, de noite.

Putas saíam de suas tocas, mostrando seus sorrisos, e homens perfumados desciam a rua, com seus olhares.

Dois Meia foi seguindo até o calçadão da luz, onde, em frente de uma fonte feita de cubos, a fachada do hotel Shining Diamond se via.

Ele se sentou num banco, de costas pra fachada. Uma ansiedade bateu, percebendo que talvez não tivesse nada pra falar com Mathieu.

Desistiu e seguiu pela noite. Não tinha nada para falar com Mathieu, além de adeus.

E parando numa banca de jornal, comprou dois maços de cigarro, lendo uma notícia, de repente, de um acidente que aconteceu no corredor da geleira 3, que matou 300 trabalhadores de uma vez. Ele comprou o jornal e leu o resto da notícia. Os distritos ficariam dois dias de luto e a Megatorre 5 já se preparava pra comentar o acidente. Não como se alguém que ele conhecesse estivesse lá, era apenas uma coisa. Depois lembrou que não tinha comprado isqueiro e retornou para a banca.

Lá, Dois Meia o viu vestido com aquele terno branco, um chapéu fedora vermelho, com dois óculos escuros. Mathieu havia o visto também, segurando seus cigarros.

— Olha só quem eu encontrei. — Ele parecia o mesmo de sempre. — Acabei de me encontrar com Ricardo. Não pensei que ia te ver logo depois. Mas e aí, como você vai?

— Vou indo.

— Que bom.

— E você?

— Uns dias são melhores que os outros. — Ele pagou ao vendedor da banca. — Já tem idade pra encher a cara?

— Talvez. Se for uma oferta, quem sabe.

Mathieu sorriu, andando para dentro da multidão.

— Você não vem?

— Só um minuto.

Ele ainda não tinha nada para dizer a ele. Mas a noite estava bonita demais para se despedir de Redneon daquela forma, sem pelo menos dizer adeus para alguém. Dois Meia o seguiu e ele te dizia cada coisa, aquelas velhas piadas, como se tivesse parado no tempo.

— Nunca pensei que ia te ver por aqui, de novo. — No hall, eles se sentaram no sofá bege com detalhes vermelhos.

— Também não pensei que ia voltar.

A recepção estava vazia. O movimento, praticamente nulo. Nos velhos tempos, não era assim. Não como se o hotel estivesse acabado, também. As mesas e estátuas de madeira estavam lustradas, assim como os jardins suspensos estavam verdes e a fonte de barro limpa sem musgo e com peixes saltitantes.

— Sua mãe me pediu pra cuidar de você. Eu acho que não fui capaz. — Mathieu tinha apenas 22 anos e já era gerente de um dos principais hotéis da Plastic Tree.

— Você fez um trabalho melhor que ela. — Estava com um cigarro aceso. — Aliás, você era só um cliente dela.

— Justo. — Mathieu tirou um cantil prateado do bolso do casaco. — Mas é uma merda você pensar que está sozinho no mundo.

— Eu sei.

Das paredes beges, todas as câmeras apontavam para ti, para seu rosto iluminado pelo lustre de cristais de vidro.

— Ei, como é ter isso nos olhos. — Dois Meia perguntou.

— Que olhos? — Riu. — Isso daqui são meus olhos faz tempo já. — Apontou para os dois dispositivos que pareciam uma tampa de garrafa branca. — É um AVM de segunda geração. Eles tem dois cabos que se conectam ao meu lobo occipital, um cabo óptico e outro de dados massivos. Tá vendo esse dispositivo na minha garganta? Parece um besouro né, mas é o processador de dados infravermelhos. Eu tenho visão externa e interna. É uma coisa estranha, mas engraçada. No começo, por exemplo, eu ficava enjoado trocando as perspectivas. Agora, eu consigo usar tanto a câmera interna como as câmeras ao meu redor, ao mesmo tempo.

— Eles te pagam mais por isso?

— Claro. Foi por isso que herdei esse hotel. Se não fosse, eu estaria lá fora.

— E não sente falta?

— Só no começo que senti. — Ele tomou outro gole do cantil. — Parecia que eu era um deficiente. Depois, me senti um pouco incrível. Sabe, parece que você tem um superpoder. Hoje, é apenas uma coisa cotidiana.

— Uma mulher me parou hoje. Ela estava dando panfletos sobre biônica. Quase fui atendido, mas desisti de última hora.

— Você tem dinheiro pra isso?

— Claro que não. Eu fui porque ela era bonita. Sou um cara que me ilude fácil. Só que quando dei por mim, saí. Nem a consulta grátis no chip biológico eu fiz. Depois, eu a vi. E tenho certeza que ela também me viu, e sorriu.

— Foi simplesmente embora, não foi?

— Não tinha o que eu fazer ali. — Bebeu um gole oferecido, Dois Meia.

As pessoas são tão estranhas. Ele não tinha nada para dizer para Mathieu. E agora estava ali, com vergonha, com medo. Não devia ter contado essa história de merda. Não devia também está aqui, com ele.

— Você tá de saída, não tá?

Mathieu tinha um isqueiro personalizado. Um revólver de bronze escrito Plastic Gun no cano. Dois Meia olhou de longe, sem demonstrar interesse.

— Eu planejo ir pra Hellen Point amanhã. — Mathieu olhou para o cigarro com seus olhos falsos.

— Heh, lá não é muito diferente daqui.

— Eu não sei, por isso vou para lá.

— E quando você ver com seus olhos que é tudo igual, o que vai fazer?

Dois Meia não tinha uma resposta. Olhou pra frente, fumou seu cigarro. Não havia ninguém além de Mathieu e ele ali.

— Se eu ficar, nunca vou fazer nada. — Respondeu.

Mathieu olhou para ele, deu um sorriso. Não o respondeu. Em vez disso, foi para a escadaria branca, pedindo que Dois Meia o acompanhasse.

E indo, Dois Meia viu os quadros nas paredes brancas do emaranhado que era aqueles corredores, sendo Glitch Art pura — de grandes lagos se tornando uma miragem no deserto e o céu num bug gráfico de computador. Não devia combinar com as paredes vermelhas, com as colunas brancas, ou as janelas douradas.

E chegando no salão de jantar, também sentiu que algo estava estranho. Pelo menos na aparência das coisas. Lá estava vazio, com mesas rústicas de plástico imitando madeira, com panos losângicos xadrez e cestas com guardanapos, sal e condimentos por cima.

Dois Meia se sentou na mesa mais próxima do bar, enquanto Mathieu desaparecia na cozinha. Estava pensando demais, ele supôs.

— Encontrei! — Mathieu gritou. — Eu estava guardando essa coisinha por muito tempo. Ia acabar morrendo e não ia beber essa merda.

Mathieu saiu da cozinha com passos largos, carregando duas taças e uma garrafa.

— É um Phillipe Tolouise. Safra de 763. Vinho estava na moda nessa década, antes da guerra. Os eclesiásticos amavam. Tomavam que nem água.

— Guardou por que? Não tá estragado?

— Deixa de ser ignorante. É vinho, não estraga.

Com esforço, Mathieu tirou a rolha da garrafa. Dois Meia, não impressionado, teve um toque do odor e sentiu como se uma brisa passasse pelo seu rosto.

— Isso parece ser bom mesmo. — Ele pegou uma taça.

— Melhor que merda. — Mathieu sorriu. — Hm, espera aí. Tá com fome?

— Não.

— Nem eu!

Mathieu encheu as taças.

— Você tem certeza? — Ele disse depois de um gole. — Você tem certeza de que não faria nada, se continuasse aqui?

Dois Meia não respondeu, outra vez. Olhou para ele, para aqueles olhos falsos.

— Quanto tempo estou aqui e nada aconteceu? — Disse. — Como posso não ter certeza.

— Você vai mendigar de novo. Vai ir pra outro orfanato. Talvez até encontrar um emprego merda.

— E aqui?

— Entra pra Plastic Tree. Eu posso te dar um emprego no hotel. Você sabe que ia ser alguém. Isso daqui, essa instituição, é a única coisa de verdade para pessoas como nós.

Quando sua mãe morreu, Mathieu ofereceu a mesma coisa. Dois Meia recusou, por mais que fizesse um dinheiro como entregador, vez ou outra. Ele não queria que seu destino se atasse a nada.

— Isso pode até ser verdade. — Respondeu. — Mas eu não me importo...

— Pensa melhor. Isso não é verdade. Se você quisesse tanto ser um merda, não ficaria nessa de ir embora. Você quer sentir algo puramente seu, eu entendo.

Mathieu encheu as taças outra vez. Também acendeu um cigarro, parecendo exausto de algum modo.

— Você está desperdiçando sua vida.

Dois Meia não se importou. Bebeu o vinho numa golada, pegou sua mochila do chão e disse que ia embora.

— Você não tem lugar pra ir. — Mathieu disse. — Eu tenho um quarto. Fica com ele por essa noite.

— Eu já dormi na rua. Posso dormi de novo.

— Não precisa disso. Eu estou te oferecendo um quarto. Por favor, aceita.

Ele desistiu. Aceitou o quarto, aceitou a janta requentada. Era isso ou escutar dele a mesma ladainha de sempre. E se dirigindo até lá, ele não disse nada. Mathieu era um cara que Dois Meia não admirava. Claro, ele também não odiava. Mas nunca na sua vida ia dedicar um dia para ele. Quem dirá escutar o que ele tinha pra dizer.

— Eu não vou poder continuar falando com você. — Ele disse. — Tenho uma reunião, preciso sair por agora. — Dois Meia não se importava. — Se quiser, o frigobar está livre. Quando eu voltar, nós conversamos.

Dois Meia deitou na cama, fechou seus olhos. Também roubou uma garrafa de vodca do frigobar. Não estava com sono, de verdade, ligando a televisão holográfica. No jornal, viu que um Homem chamado Fraz Meri havia morrido.

— Fundador importante dos distritos unificados humanos não faz backup da consciência e aceita a morte real. — Dois Meia não estava interessado. — No seu túmulo, em Human Behavior, ele escreveu: “a vida é um suspiro e vivê-lo é ter uma eternidade que se esquece. Sem o suspiro, a vida se perde e o que resta é a miséria.”

 Dois Meia não viveria por Mathieu. Ele desligou a televisão, pegou sua mochila, mais duas garrafas de vodca do frigobar e saiu do quarto. Ele não viveria por ninguém.

E, por mais ingrato que parecesse, ele sabia o que devia fazer. Todas as consequências seriam uma realização e sua vida seria algo puramente seu. Era a liberdade que nem Hide, nem Heichi e nem Mathieu tinham.

Dois Meia andou pelos corredores com aqueles quadros, cuja falha era o fator artístico, saindo daquele idílico hotel, vendo o real, vendo a vida que ansiava — vendo as luzes em flashes, vendo homens de terno desesperados, as máquinas bem armadas apontando suas lanternas e metralhadoras para a multidão que se aglomerava.

Olhou para o chão — as luzes apontavam para ele — vendo o corpo de Mathieu jazendo frio em frente aquela fonte. Ele não entendeu. O crânio estava aberto, os miolos espalhados e a arma em sua mão, impotente.

Não disse nada. Tomou a arma para si e olhou o corpo.

— Isso que é um adeus. — Disse, fazendo questão de colocar seu casaco no corpo. — Descanse bem. — Segurou lágrimas que nem sabia que existiam.

Andou até a cadeira que se sentou antes, de costas para o hotel e segurou sua cabeça e arma entre suas pernas. Parecia estranho, não sabia como reagir.

— Quem é você. — Um homem idoso, cheio de apetrechos negros em seu rosto perguntou, depois, parecendo estar lá desde sempre.

— Um amigo. — Respondeu. — O que houve?

— Ele morreu. — O velho se sentou ao lado dele. — Eu sei quem o matou.

Dois Meia olhou para ele.

— E você quer que eu o mate?

— Você era um amigo dele, não era?

Olhou para arma que segurava, sentindo algo muito amargo na boca. Não parecia justo. Mathieu era um cara legal, um cara que tentava ajudar os outros. E por mais que Dois Meia tenha decidido nunca se dedicar para ele, algo coisa ruim parecia bater no seu peito.

— Eu quero terminar com isso. — Ele respondeu. — Ele fez o mesmo quando minha mãe morreu. Eu tenho que fazer por ele.

O idoso passou para ele um computador de mão.

— Olho por olho, dente por dente. — Dois Meia concordou com a cabeça. — E do pó nós viemos e ao pó retornaremos. — Olhou para o cadáver coberto de Mathieu. — Faz o que você tem que fazer. Quando terminar, quebra o computador de mão e segue sua vida.

— Obrigado.

Pela Light Avenue, Dois Meia segurou firmemente aquela pistola, acendeu um cigarro, observando sobre como estava tarde e de como não havia mais nada, além de bêbados e putas. As barracas de comida foram desarmadas, os vendedores de rua desapareceram e as luzes dos hotéis e shoppings estavam desligados.

Dois Meia olhou para uma pichação num beco comercial — o mesmo onde foi fazer a consulta biônica — e leu de uma parede de tijolos cinzentos: “Com amor, Redneon.”

Ele não sabia mais o que estava fazendo.


[1] Todos os animais existentes em marte foram produzidos em laboratório pra compor o ecossistema das fábricas de gases. Mesmo com a ascensão dos latifúndios na zona subtropical marciana, a presença de animais é pequena. No entanto, a maioria das carnes são produzidas em impressoras 3D, que reproduzem o padrão fibrótico e organização dos aminoácidos. O código alfa numérico C-3 diz respeito ao corte padrão. C-1 é o corte de luxo, C-2 é o corte elevado e assim por diante. 



Comentários